A Namorada Do Rival - Richard Rios

066. | Chuva

Richard Rios
[dois dias depois]

Era sete horas da noite quando recebi uma ligação do Veiga, falando que queria falar comigo urgente e não podia passar de hoje.

Olhei pra Clara, que tava deitada na minha perna, e a tirei com cuidado antes de me levantar.

— Vai aonde nessa chuva? — ela fala, levantando a cabeça e me olhando com cara de preocupação.

— Veiga me mandou ir pra casa dele — eu falo, levantando e colocando um casaco pesado.

— Nessa chuva? — ela insiste, se sentando e cruzando os braços. — Claro que não, Richard! Amanhã você vê o que ele quer.

— Mas ele falou que é urgente! Vai saber do jeito que ele. — eu respondo, tentando convencê-la. — Prometo que volto cedo, tá?

— Não sei — ela diz, ainda relutante.

— Te amo, tá? — falo, pegando o guarda-chuva e as chaves do carro, saindo do apartamento.

Lá fora, a chuva caía um pouco forte, e a cidade de São Paulo parecia um caos. O trânsito estava um horror, e a água escorria pelas calçadas. Os treinos estavam sendo até cancelados por causa desse período chuvoso. Não era só a minha preocupação com o Veiga, mas também a certeza de que algo importante estava prestes a acontecer.

Enquanto dirigia, as gotas de chuva batiam forte no vidro, e o som era quase hipnótico. Tentei pensar no que poderia ser tão urgente. O Veiga costumava ser dramático, mas hoje parecia sério. A estrada estava escorregadia, e eu tive que redobrar a atenção, desviando de poças d'água que se formavam rapidamente.

Chegando à casa dele, vi as luzes acesas, e o lugar parecia bem tranquilo, apesar da tempestade lá fora. Bati na porta, e ele abriu rapidamente, com uma expressão que misturava ansiedade e alívio.

— Finalmente você chegou! — ele disse, puxando-me para dentro e fechando a porta rapidamente. — Pensei que você não viria por causa da chuva.

— Não ia deixar você na mão, né? — respondi, tirando o casaco e sacudindo a água que tinha acumulado nele.

— Senta aí, preciso te contar uma parada — ele disse, gesticulando para o sofá, enquanto eu tentava decifrar a urgência em seu olhar.

— O que que você queria, Veiga? Tá chovendo pra porra e eu tive que vir pra cá e larguei a Clara lá sozinha com minha prima — falo.

— Tô pensando em pedir a Bella em namoro — ele fala, parecendo nervoso, batendo o pé.

— Sério mesmo? — fico surpreso, arregalando os olhos. — Às vezes eu esqueço que vocês têm alguma coisa.

— A gente namora, Ríos, sempre te falei isso! — ele revira os olhos e eu dou risada, achando graça.

— Já pensou como em pedir ela?