𝐋𝐀 𝐑𝐄𝐆𝐋𝐀 － 𝗃𝗃 𝗆𝖺𝗒𝖻𝖺𝗇𝗄

𝟢𝟤𝟧 － 𝖤𝖯𝖨𝖲𝖮́𝖣𝖨𝖮 𝖣𝖤𝖹 pt2

𝗏𝗈𝗍𝖾！

𝐀𝐖

— Me solta! — tento chutar as pernas de Rafe, mas ele consegue me manter quieta. Ele tranca a porta da cabine do capitão e me empurra em uma parede. Coloco minha mão na cabeça e percebo que ela sangra.

— Eu tentei não te machucar, Alyssa. — ele se aproxima. Ele percebe minha mão tremendo e tenta segurar ela, mas eu me afasto.

— O JJ 'tá machucado. — coloco minha mão na cabeça de novo — Me deixa sair daqui.

— Eu amo você, Alyssa. — ele segura meu braço e eu choro de desespero.

— Me deixa sair, Rafe. — tento abrir a porta, mas a chave não está mais lá — O JJ 'tá machucado, ele 'tá na água! — empurro Rafe e agarro a porta mais uma vez.

Ele agarra meu braço e me puxa pra perto dele. Sua mão firme encosta na minha nuca e ele tenta beijar meu rosto. Fecho meu olho e afasto minha boca do seu rosto.

— Eu sempre tentei fazer o melhor pra você. — ele tenta me segurar de todo jeito — Você é tão boa com a Wheezie, tão amiga da Sarah, tão educada...

— Me solta. — sussurro e sinto lágrimas quentes descendo pra minha bochecha — Rafe, você 'tá me machucando. — ele me solta e se afasta. Começa a andar pela cabine e passa a mão nos cabelos, como se estivesse desesperado.

— Você não precisa ficar do lado deles. — Rafe me encara e gesticula — A gente tem tudo aqui, Alyssa. Eu consegui a cruz, você não precisa mais lutar por ela. — deixo que mais lágrimas caiam do meu rosto e olho pro meu braço: ele está todo vermelho, com marcas das mãos de Rafe.

— Eu quero sair daqui. — caminho até Rafe e toco seu peito — Me deixa sair, por favor. — ele me encara.

Rafe dirige a mão pra minha nuca e me toca de novo, mas dessa vez eu deixo. Ele toca nossos lábios de maneira calma. Enfio uma mão no seu bolso com calma, de modo que ele ache que estou passeando pelo seu corpo, mas na verdade estou procurando a chave.

Mordo sua boca e sinto um gosto ruim de sangue. Rafe grita de dor e se afasta enquanto eu corro até a porta. Enfio uma chave lá com dificuldade e sinto Rafe se aproximar. Chuto seu joelho e ele quase caí.

— Alyssa!

Consigo abrir a porta e o tranco lá dentro. Ele tenta enfiar a mão pra abrir a porta, mas eu bato seus dedos. Corro pelos corredores do navio e dou de cara com alguns homens. Eles estão com algumas facas, mas sem armas de fogo.

— Ei! — um deles grita — Volta aqui!

Jogo a chave no mar e corro até as grades. Um deles consegue cortar minha perna e eu pulo na água no meio de gritos e muita dor.

— JJ! —bato na água esperando que JJ apareça, mas ele não aparece — JJ! — nado por algum tempo até escutar alguém gritar meu nome — JJ! Pope!

— Alyssa! — JJ me grita e eu sinto meu coração bater mais forte — Alyssa! — escuto JJ gritar mais alguma coisa, mas não entendo. Um bote se aproxima e eu vejo todos lá: JJ, Pope, Kiara, Cléo, Sarah e John B — Alyssa! — JJ me ajuda a subir e me abraça. Deito no bote com muita dor na perna. Subo minhas calças e JJ consegue ver o corte.

— O que aconteceu? — ele pergunta, mas não respondo.

— Cadê a cruz? — olho pros lados, mas não acho nada. Agarro o braço de Pope e ele me olha com um olhar baixo, decepcionado — O que aconteceu?

— A gente perdeu ela. — Cléo fala. É maluco como ela fala isso normalmente, sem deixar que abale ela. JJ enrola algum tecido na minha perna e se senta do meu lado.

— Você 'tá bem? — ele pergunta.

— O que foi com você? — John B pergunta. Vejo Sarah me encarar com medo.

— Eu fiquei presa com o Rafe. — explico — Que merda.

— Ele fez isso com você? — JJ pergunta e eu nego com a cabeça. Percebo o bote tomando velocidade.

— Eu me machuquei quando fui pular na água. — respondo — Pra onde a gente vai, John B?

— Eu não faço ideia. — ele responde. JJ se senta do meu lado e me puxa pra perto. Sinto uma coisa estranha no rosto de JJ: seu rosto está sangrando. Puxo sua cabeça para analisar ela e ele resmunga de dor.

— O que foi isso? — pergunto curiosa.

— Lado cego do facão. — ele responde normalmente.

— Lado cego?! — arregalo os olhos — De um facão?!

— Eu sou muito bom nessas coisas. — JJ me agarra e beija minha testa. Respiro aliviada por estar nos braços de JJ.

— Achei que você fosse morrer. — JJ me encara e sorri de leve.

— Fiquei com medo pra caralho — ele responde — Mas nunca vou te deixar sozinho.

[...]

Nós chegamos em uma ilha e os meninos pegam o bote. Me sento na areia e as outras se juntam.

— Você 'tá bem? — Cléo encara minha ferida.

— Tranquilo. — respondo.

— Alguém sabe onde a gente 'tá? — JJ pergunta e se senta do meu lado.

— Praia deserta? — Pope questiona — Ilha desconhecida? — ele se senta e balança a cabeça — Agora esse é o fundo do poço. A gente literalmente não tem mais nada a perder. A cruz?! Já era!

— O ouro?! Já era. — Sarah fala com raiva.

— Querem saber? É isso. Essa é a vida Pogue. — John B se levanta com determinação — Estamos no Caribe, nosso cantinho no paraíso com meus melhores amigos, minha família. Eu não ia querer isso com mais ninguém. — os outros ficam em silêncio.

— As ondas são grandes. — aponto pro mar como se não fosse nada — Surfar aqui deve ser legal.

— Elas são grandes. — JJ fala e John B me encara sorrindo.

— A gente não tem prancha. — Kiara fala.

— A gente arruma. — Pope se levanta — Esse cantinho agora é nosso.

— Poguelândia. — JJ fala — Eu gostei desse nome. Vou fazer uma bandeira. Vai ter uma galinha nela com biquíni de coco fumando um baseado de chinelo.

— Queria fumar. — encaro JJ — Tem maconha aqui?

— É por isso que eu te amo. — JJ me ajuda a levantar e me beija rapidamente. Caminhamos em silêncio e deixamos que os outros passem na nossa frente.

— JJ. — o chamo — Você não acha que pessoas estão atrás da gente?

— Ninguém vem atrás de mim, Alyssa. — ele responde.

— Minha avó iria. Os pais do Pope, os pais da Kiara...— ele vira pro outro lado como se não acreditasse nessa ideia — Eles devem estar procurando a gente. Talvez eles nunca achem.

— Alyssa. — ele me chama — A gente já superou muita coisa. Isso parece desesperador agora, mas vai acabar bem. — encaro o mar, mas JJ me força a olhar em seu olho — Isso vai passar.