Capítulo 08

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Na hora do recreio, me sentei na mesma mesa de sempre, aquela perto da janela. Chloe veio comigo assim que a aula de física terminou. Três minutos depois, Madison chegou com o Cole e, em seguida, apareceram Zack e Evan.

— Oi, meninas! — cumprimentou Cole com um sorriso.

— Oi... — respondemos em coro.

— E então, Alisson? Já teve muitos interrogatórios hoje?

— Na verdade, não, Madison. Você foi a única até agora!

— Nossa, até me surpreendi! Você foi o assunto do fim de semana, né, pessoal?

— Mais ou menos — disse Cole. — Não leva a mal, Alisson. É que todos nós ficamos bem preocupados. Ninguém sabia como você estava depois do que aconteceu... Mas também não queríamos ficar ligando o tempo todo pra não te incomodar.

— Tá tudo bem, Cole. Eu não me importo tanto assim.

— Sério? Você odeia ser o centro das atenções!

— Sério. Tem momentos em que isso é inevitável, Madison. Fazer o quê, né?

— Verdade! — concordou ela.

— Mudando de assunto... o que vamos fazer neste final de semana? — perguntou Zack, com um sorriso animado.

— Ficar em casa? — respondeu Chloe com ironia.

— Ah, qual é, gente! Vamos animar. Que tal um cinema?

— Eu ia adorar... — disse Madison, empolgada.

— Isso aí, Madison! Mais alguém topa?

— Por mim, beleza — respondeu Cole.

— Ah, se a Chloe for, eu vou — disse Evan, olhando para ela. — E aí, Chloe, vamos?

— Já que minha presença define o destino social de alguém, acho que vou! Não quero ser responsável pelo exílio de ninguém — disse ela com um sorriso presunçoso.

— Isso aí, Chloe! Bora, Alisson? Só falta você aceitar! — insistiu Zack, ansioso pela minha resposta.

— Ah, gente... não sei, viu...

— Vamos, Alisson! Fiquei sabendo que está em cartaz um filme ótimo — incentivou Cole.

— Tá bom... vou pensar. Até sexta-feira dou a resposta.

— Beleza! Vou te perturbar a semana toda! — brincou Zack, sorrindo.

O restante das aulas foi entediante. Tudo transcorreu normalmente, exceto pelos olhares e cochichos ao meu redor. Pelo menos, não me bombardearam com perguntas. Na verdade, passei o dia inteiro esperando ansiosamente para ver o Seth de novo. Só de pensar nisso, meu coração já batia mais rápido.

Assim que o sinal tocou, fui direto para o estacionamento esperar minha mãe. Logo ouvi uma buzina seguida de um grito familiar:

— Alisson, vamos logo, querida!

Me apressei — minha mãe detesta esperar.

— Oi, mãe.

— Oi, querida. Como você está?

— Bem...

— Bem mesmo? Nenhum desconforto hoje?

— Não... ninguém tocou no assunto, se é isso que você quer saber.

— Nem seus amigos?

— Nem eles. Relaxa, mãe, eu tô bem! Aliás, onde estão seus celulares? Nunca te vi sem eles... — olhei desconfiada.

— Na verdade, queria conversar com você no caminho para a reserva. Hoje você vai encontrar aquele rapaz, não é?

— Ah, não, mãe... sério?

— Claro, querida! Você está crescendo. Sei, por experiência, que é normal começar a se interessar por garotos na sua idade. Comigo não foi diferente.

— Para, mãe... Vamos logo. Vai ficar no estacionamento até quando?

— Tá, tá, já estou saindo...

No caminho até a reserva, tentei manter o silêncio para evitar que ela retomasse o assunto, mas nem cinco minutos durou.

— Então, querida... você gosta mesmo daquele menino? Ele parece gostar de você!

— Mãe, a gente mal se conhece. Ele é só um amigo. Você sabe que é difícil eu me interessar por alguém. Fica tranquila, quando isso acontecer, eu te conto. Agora, por favor, muda de assunto?

— Ok, ok... Só queria saber. Mas, já que você diz que não, eu acredito. Você sabe que eu me preocupo!

— Eu sei... Mas pode ficar tranquila.

Enquanto olhava pela janela, lembrei da conversa do dia em que me perdi na floresta — e das palavras da minha mãe sobre o esforço dela e do meu pai para me fazer socializar mais, me colocar em atividades e tentar me enturmar.

Pelas fotos antigas, meus pais pareciam ser superpopulares na adolescência. Minha mãe chegou a ser rainha do baile. E, de certo modo, continuam populares até hoje. Ela é uma advogada conhecida, sempre cercada de contatos. Meu pai é um dentista renomado por aqui. As pessoas realmente admiram os dois.

A verdade é que... eu sinto uma certa pressão em relação a isso. Acho que, no fundo, eles esperam que eu seja como eles.

ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora