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  𝐌𝐀𝐘𝐀 𝐑𝐄𝐈𝐋𝐋𝐘
– Brás, SP

Magina você uma mulher de muito dinheiro, com mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais, tendo que trabalhar no Brás para ganhar uma grana extra.

Sério, isso é humilhação. É uma correria pra cá, uma correria pra lá, além de ter que tomar cuidado com os espertinhos para não roubarem nada. Pra ser honesta, eu ganho um belo dinheiro pelas redes sociais e engajamento, mas por uma burrada apostando todo meu dinheiro eu perdi tudo o que ganhei. Foi mais de 200 mil reais, e no máximo ganhei 20, isso mesmo, apenas R$20,00.

— Reilly, cadê os chinelos que deixei aqui?! – falou Juliana.

Juliana é minha colega de trabalho, não sou muito próxima dela, apenas da Aninha, mas ela faltou hoje. Juliana é muito rígida, parece até a dona da loja, mas quase foi demitida semana passada.

— Coloquei lá nos fundos, os espertinhos que passa aqui quase roubaram um dos chinelos. – respondi enquanto dobrava as camisetas.

— Esses contrabandistas são um saco, a gente devia denunciar os pais já que são de menores.

Quando ouvi ela falar de denunciar, eu não consegui conter um sorriso de canto. Não acho que é necessário se você ficar atento. Eu mesma já roubei alguns chocolates na Americanas quando menor.

— Não sei se é necessário, Ju. É só ficar atenta, são crianças, tão só se divertindo.

— Roubar é diversão agora, Reilly?

— Pra crianças, deve ser. Eu mesma nunca roubei. – menti.

— Talvez você tenha razão, mas ainda sim isso atrapalha nosso comércio, e se a dona descobre um dia?

A dona nunca descobriu, na verdade ela quase nunca vem na loja, só vem um dia antes do pagamento de acordo com a Aninha.

— Ela nem vem direito na loja, é só a gente ficar quieta e não contar.

Juliana ficou quieta. Ela sempre queria estar no comando e se achava a espertona. Quando a dona quase demitiu ela foi porque a 'querida' estava dormindo na cadeira, e não era a primeira vez. Eu não considero ela uma inimiga, mas também nunca consideraria uma amiga de acordo com todos boatos que soltam dela.

— Você tem razão, só ficar quieta. – ela respondeu depois de alguns segundos em silêncio.

Terminei de dobrar as camisetas e coloquei nas prateleiras, peguei a caneta e risquei o preço normal de R$50,00 colocando a promoção de 10%. O Brás tinha dias que era bem calmo, esses dias quase não existem. Eu só estava aqui por um mês, tinha feito um acordo com a Dona e ela aceitou, contanto que eu fizesse tudo certo. E também com uma ajudinha da Aninha que é parceira da dona. Eu não trabalhava todos os dias, era um dia sim e um dia não. Então nos dias que eu não vinha, eu nem sabia quem ficava no meu lugar.

Eu e Aninha tinha marcado de sair hoje a noite para uma balada noturna. Ela sabia que eu precisava distrair, principalmente depois do ocorrido com o Richard, ele me encheu de traumas, mas eu ia fazer ele pagar o dobro. Fazia 7 meses que a gente não se via, do jeito orgulhoso e egocêntrico dele é capaz de nem mais lembrar de mim. Tinha pegado um ódio profundo dele, desejando tudo de pior pra um babaca desse.

Me sentei no banco mas logo levantei ouvindo chamar meu nome, eu não tinha sossego.

— Reilly, pega as sandálias lá no fundo pra mim?

Assenti com a cabeça e fui para o fundo, era uma bagunça, procurei pelas sandálias, no fundo era onde também ficava os banheiros, no caso, o banheiro, que era fedido e devia ter um monte de verme. Enquanto procurava eu esbarrei no lixo, todos os papéis caiu tudo, coloquei tudo de volta mesmo com nojinho e vi um teste de gravidez no meio. Tava positivo. Fiquei confusa sem saber de quem era já que no total era 5 mulheres e 2 homens vagabundos que enchia de atestado. Pensei imediatamente na Juliana, já que ela veio hoje e eu só vi o teste hoje, as contas até batia. Mas depois pensei na Aninha. Não fazia sentido ser a Aninha, até porque a gente ia encher a cara hoje, e ela até onde conheço se realmente estivesse grávida ia ser responsável.

Ouvi Juliana gritar meu nome, recolhi todo o lixo e peguei as sandálias indo pro lado de fora, entreguei a ela.

— Desculpa a demora, Juliana. Eu tropecei no lixo e caiu tudo. – falei, não contando a parte do teste.

— Sem explicações agora. – ela respondeu de forma grossa.

Me afastei e enquanto ela tava de costas eu mostrei o dedo do meio.

— Vadia prostituta.

Um dos boatos era que ela é prostituta de esquina. Eu não duvidava, pelo jeito que ela age perto dos homens, se ela realmente tiver grávida, vai nem saber quem é o pai, tenha dó dessa criança.

Fogo Do Karma. - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora