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𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑𝐈́𝐎𝐒
– Centro de treinamento Palmeiras, SP

O sol estava alto no céu, e o calor do dia se fazia presente no campo do Palmeiras. Eu sempre amei essa energia — a intensidade dos treinos, o cheiro da grama fresca e o som da bola quicando. Era meu lugar, meu reino. Enquanto me aquecia, podia ver os meus colegas de time se preparando para mais um dia de trabalho árduo.

— E aí, Richard! – Maurício gritou enquanto se aproximava, um sorriso no rosto. — Preparado para mostrar quem é o rei do campo hoje?

— Claro – respondi, com um sorriso confiante. — Alguém tem que manter o nível alto por aqui, não é? – a arrogância escorria das minhas palavras.

Eu sempre fui assim, o cara que não só queria ser o melhor, mas também gostava de lembrar a todos que era.

— O que você acha do jogo de sábado? – Maurício perguntou, começando a alongar os músculos. — Precisamos estar afiados.

— Precisamos mais do que isso, meu amigo. Precisamos mostrar a eles quem manda. – Eu sabia que minha confiança poderia ser interpretada como egocentrismo, mas era assim que eu funcionava.

E, sendo sincero, eu sempre fui o tipo que adorava estar no centro das atenções. Enquanto nos preparávamos, não consegui evitar que pensamentos de Maya invadissem minha mente. A forma como ela havia retornado à minha vida era como um eco do passado — provocativa e irresistível. Eu sempre brinquei com seus sentimentos, mas agora ela parecia determinada a me atormentar, e, de alguma forma, eu estava gostando disso.

— Você está pensando em alguém, né? – Maurício me cutucou. — Não é sobre futebol, com certeza.

— Ah, você sabe como é – respondi, tentando manter a compostura. — Só uma mulher que não sabe quando parar de jogar.

— É a Maya, não é? – Perguntou Maurício, com um sorriso travesso. Ele sempre foi um dos poucos que conhecia a história entre nós. — Ela voltou para te provocar, huh?

—Ela sempre foi boa em fazer isso – admiti, cruzando os braços. — Mas eu não vou deixar que ela me desvie do meu jogo. – Porém, a verdade era que não conseguia parar de pensar nela.

O jeito como ela me olhava, como me desafiava — era como um jogo que eu não sabia se queria ganhar ou perder.

— Cuidado, cara. Você sabe como ela é – Maurício avisou, com um olhar sério. — Ela pode ser uma distração e tanto.

— Distração? Ou um desafio? – respondi, com um sorriso. — Eu sempre gostei de desafios. – mas a verdade era que Maya não era apenas um desafio; ela era um labirinto complicado que eu não conseguia desvendar.

O treino começou, e mergulhei na rotina. Corridas, passes, finalizações — tudo isso era uma forma de me libertar das preocupações. Mas, mesmo assim, Maya estava sempre em minha mente, como uma sombra que não me deixava em paz. A forma como ela provocava, o olhar no fundo dos olhos dela. Eu não sabia se estava me apaixonando novamente ou apenas me deixando levar pela adrenalina.

— Richard, foco! – ouvi a voz do treinador cortando meus pensamentos.

Voltei ao presente e me concentrei no jogo. A bola vinha em minha direção, e eu a controlei com facilidade, mostrando a todos quem realmente era o melhor em campo. Cada passe perfeito, cada drible, era uma reafirmação do meu domínio. Maurício estava ao meu lado, e enquanto trocávamos passes, ele voltou a falar sobre Maya.

— Você deve chamar ela para o jogo de sábado. Mostre que vocês estão bem.

— Chamar? Para quê? Para ela ver como eu jogo? – ri, mas minha voz tinha um fundo de dúvida.

O que eu realmente queria? Mostrar a ela que eu era o melhor ou fazer as pazes de alguma forma?

— Ela não precisa das minhas exibições para saber quem eu sou.

— É, mas talvez você precise dela para entender que não é só um jogador – Maurício respondeu, e eu pude sentir a verdade nas palavras dele.

Ele estava certo sobre uma coisa: eu sempre brinquei com os sentimentos dela, mas agora a situação estava mudando. Ela não se deixava mais levar. Ela estava jogando o mesmo jogo, e eu não sabia se estava pronto para isso. O treino avançava, e a competição entre nós aumentava. Os passes se tornaram mais rápidos, as jogadas mais ousadas. Em um momento de pura adrenalina, consegui driblar dois jogadores e finalizei em direção ao gol. A bola entrou, e a torcida imaginária que só existia na minha mente explodiu em aplausos. Senti a energia do campo, e por um segundo, toda a confusão sobre Maya desapareceu.

— Isso é o que eu estou falando! – Maurício gritou, batendo nas minhas costas. — Você está em forma! Agora só falta a Maya para completar o quadro.

— Cala a boca, cara. – respondi, rindo.

Mas, por dentro, sabia que havia algo mais. A conexão que eu tinha com Maya era mais do que apenas física; havia uma história, uma tensão que não poderia ser ignorada. Depois do treino, enquanto nos dirigíamos para os vestiários, eu me peguei pensando em como era fácil manipular os sentimentos das mulheres. Era um jogo que eu jogava bem, mas com Maya, era diferente. Eu não sabia se estava jogando com ela ou se ela estava jogando comigo. E essa incerteza estava me consumindo.

— E se a gente ir tomar um drink hoje para você esquecê-la? – Maurício sugeriu.

— Talvez eu vá. – respondi, tentando soar indiferente.

Mas a verdade era que eu estava começando a considerar a ideia. A tensão entre nós só aumentava, e eu queria entender o que estava realmente acontecendo. Poderíamos ser apenas um jogo um para o outro, ou havia algo mais profundo por trás disso?

Quando saí do campo, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa. Era um espetáculo bonito, mas não conseguia me concentrar na beleza da cena. Em vez disso, minha mente estava presa em um emaranhado de sentimentos confusos. O que eu queria realmente de Maya? E, mais importante, o que ela queria de mim?

— Ei, Richard! – ouvi a voz de Maurício me chamar, quebrando meus pensamentos. — Não se esqueça de que você é o melhor. E o melhor deve sempre ter o que deseja. Vá atrás do que você quer!

Ele estava certo, e essa ideia ressoou em mim. Eu precisava de Maya, mas não apenas para brincar com seus sentimentos. Eu queria entender esse novo jogo que ela estava propondo. E, enquanto caminhava em direção ao meu carro, percebi que estava pronto para enfrentar esse desafio. A vida é um campo de jogo, e eu não estava prestes a me deixar ser derrotado.

Fogo Do Karma. - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora