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𝐌𝐀𝐘𝐀 𝐑𝐄𝐈𝐋𝐋𝐘

Acordei naquela manhã com os raios de sol filtrando-se pelas cortinas da minha cobertura. O quarto estava envolto em uma luz suave que, de alguma forma, parecia refletir o meu estado de espírito. Eu me espreguicei, lembrando da noite anterior. Richard e eu havíamos passado um tempo incrível assistindo a filmes, e ele estava tão encantador. No entanto, enquanto eu relembrava os momentos, uma parte de mim se questionava sobre o que realmente estava acontecendo.

Levantei da cama e fui até a cozinha. O aroma do café fresco preenchia o ar, um convite irresistível para começar o dia. Enquanto a máquina de café trabalhava, peguei meu celular e olhei para as mensagens. Um sorriso automático se formou nos meus lábios ao ver que Richard havia me mandado uma mensagem.

— Bom dia, linda! ☀️ Espero que você tenha dormido bem e que esteja tão animada quanto eu! ❤️

Aquela mensagem era exatamente o que eu esperava. Richard estava tão envolvido e apaixonado, e eu estava aproveitando cada momento. Mas a verdade era que não havia amor da minha parte; era apenas um jogo. Um jogo que eu estava controlando com maestria.

— Bom dia, Richard! Dormi muito bem, obrigada! E você?

Respondi rapidamente. Enquanto digitava, não pude deixar de me perguntar até onde tudo aquilo iria. Richard estava tão cativado por mim, e eu precisava ter certeza de que continuaria assim. Depois de enviar a mensagem, preparei meu café da manhã. Enquanto torrava uma fatia de pão e preparava um abacate, meu celular vibrou novamente. Era uma mensagem da Aninha, minha melhor amiga.

— Maya, você não vai acreditar! Estou grávida!

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu esperava que o teste de gravidez positivo que havia encontrado no lixo fosse da Juliana, não da Aninha.

— Grávida? Como assim? – respondi, tentando entender a situação.

Aninha logo respondeu: — Sim! Fiz o teste e deu positivo! Estou em choque! Não sei o que fazer!

Eu me sentei à mesa, a torrada que estava prestes a comer esquecida. A cabeça girava com a novidade. Aninha sempre teve um relacionamento conturbado, e eu sabia que isso poderia ser um caos.

— Você tem certeza? Você fez mais de um teste?

Perguntei, tentando entender a gravidade da situação.

— Sim! Fiz dois, e ambos deram positivos. Estou tão assustada, Maya. Não sei se estou pronta para ser mãe.

Enquanto Aninha digitava, eu me perdi em pensamentos. A ideia de ser mãe, de ter uma responsabilidade tão grande, parecia distante, quase irreal. Olhei pela janela, observando a cidade acordar lentamente. O que isso significava para Aninha? E o que significava para mim?

— Vamos conversar, ok? Quero te ajudar com isso. Podemos nos encontrar mais tarde?

Eu sugeri, tentando ser uma amiga solidária, mesmo que a situação me deixasse inquieta.

— Sim, por favor! Preciso de você!

Aninha respondeu, e eu podia sentir a tensão em suas palavras.

Assim que terminei de comer, enviei uma mensagem para Richard, avisando que precisaria sair mais cedo.

— Oi, Richard! Espero que você tenha um ótimo treino hoje! Amanhã podemos nos encontrar novamente? Tenho algumas coisas para resolver hoje.

Enquanto isso, não conseguia parar de pensar em como a situação de Aninha poderia afetar a nossa amizade. Ela sempre foi uma pessoa que se jogava de cabeça em relacionamentos, mas essa era uma situação completamente diferente. Eu precisava estar lá para ela, mas ao mesmo tempo, não podia esquecer de Richard.

Depois de preparar minha bolsa, coloquei uma jaqueta e saí de casa. A brisa fresca da manhã era revigorante, mas minha mente estava agitada. O caminho até o café onde eu costumava encontrar Aninha parecia mais longo do que o normal.

Quando cheguei ao café, ela estava sentada em uma mesa, visipvelmente nervosa. Assim que me viu, levantou-se e me abraçou com força.

— Obrigada por vir, Maya – ela disse, os olhos cheios de lágrimas.

— Claro! O que aconteceu? Vamos conversar – eu disse, puxando-a para sentar.

Aninha começou a falar sobre como havia descoberto a gravidez, sua preocupação com o futuro e como o pai da criança poderia reagir. Enquanto ela falava, eu tentava ser uma boa ouvinte, mas minha mente vagava para Richard. Eu precisava que ele continuasse apaixonado por mim, e não queria que nada atrapalhasse isso.

— E se eu não estiver pronta para ser mãe? E se o pai não quiser ficar comigo? – Aninha perguntou, sua voz trêmula.

— Você precisa ser honesta com ele. E se você decidir ficar com a criança, eu estarei aqui para te apoiar em tudo – eu respondi, mas, em minha mente, uma voz sussurrava que eu não poderia deixar que a situação dela interferisse na minha própria vida.

Enquanto conversávamos, meu celular vibrou novamente. Era Richard, perguntando como estava meu dia e se eu queria fazer algo mais tarde. A mensagem era cheia de entusiasmo, mas eu sabia que precisava manter uma certa distância.

— Oi, tudo bem! Estou ocupada hoje, mas amanhã com certeza teremos tempo para nos ver.

Respondi, tentando ser gentil, mas mantendo um limite. Aninha, percebendo minha distração, perguntou:

— Está tudo bem? Você parece preocupada.

— Sim, só tenho algumas coisas na cabeça – eu disse, tentando desviar o foco. — Vamos nos concentrar em você por agora. O que você vai fazer a seguir?

E assim, a conversa se desenrolou, mas minha mente continuava a girar em torno de Richard e da situação de Aninha. Enquanto ouvia minha amiga, uma parte de mim se perguntava se estava sendo egoísta por me preocupar tanto com meus próprios interesses.

A manhã se transformou em tarde, e a conversa com Aninha foi intensa, mas produtiva. Ela parecia um pouco mais aliviada ao final, e eu sabia que tinha feito a coisa certa ao apoiá-la. Mas, à medida que me despedia dela, a ansiedade sobre Richard reapareceu.

Eu precisava manter a situação sob controle. Richard estava completamente encantado por mim, e era isso que eu queria. Mas, ao mesmo tempo, eu não podia deixar que ele se tornasse uma distração.

Ao voltar para casa, meu celular apitou novamente. Era uma mensagem de Richard.

— Espero que você tenha tido um bom dia! Estou pensando em você! ❤️

Sorri ao ler a mensagem, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de culpa começou a me consumir. Eu estava jogando com os sentimentos dele, manipulando sua devoção e paixão, enquanto eu própria não sentia nada profundo por ele.

— Obrigada! Estou um pouco cansada, mas estou pensando em você também – respondi, tentando manter a aparência de uma conversa leve.

Quando cheguei em casa, sentei-me no sofá e olhei pela janela. A vida na cidade continuava, e eu estava presa entre dois mundos: o da amizade e o do romance. Com Richard, tudo parecia perfeito, mas era apenas uma fachada. E, com Aninha, a realidade estava prestes a se tornar complicada.

Enquanto pensava em tudo isso, percebi que precisava ser cuidadosa. As emoções de Richard eram intensas, e eu estava navegando em águas perigosas. Mas, por enquanto, tudo estava sob controle. E assim, neste jogo de amor e manipulação, eu continuaria a dançar conforme a música.

Fogo Do Karma. - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora