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𝐑𝐈𝐂𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐑𝐈́𝐎𝐒
– Balada, SP

A música pulsava forte no clube, e as luzes coloridas giravam ao meu redor como um redemoinho. Era uma noite típica em São Paulo, e eu estava no meu elemento. A adrenalina da balada sempre me deixou mais vivo, mais confiante. Ao meu lado, Maurício estava se divertindo, dançando e rindo, enquanto eu observava a pista cheia de corpos se movendo em uma sincronia frenética.

— Richard, você precisa se soltar mais! – ele gritou sobre a música, um copo de tequila na mão. — Olha como as coisas estão pegando fogo aqui!

— Eu estou me divertindo, relaxa.  respondi, dando um gole na minha própria bebida.

A tequila queimava, mas era uma sensação agradável. No fundo, eu sabia que estava ali não apenas para me divertir, mas também para encontrar Maya. O pensamento dela estava sempre presente, como uma sombra que não me deixava em paz. E então eu a vi. Sentada em uma mesa, sozinha, enquanto sua amiga foi buscar mais bebidas. Maya estava deslumbrante, com um vestido que destacava suas curvas e um olhar que poderia incendiar o lugar. O coração disparou, mas eu não deixaria isso transparecer. A última coisa que queria era mostrar que ela ainda tinha algum poder sobre mim.

— Olha quem está ali! – Maurício comentou, seguindo meu olhar. — Você vai falar com ela?

— Claro – respondi, com um sorriso desafiador. — Apenas para ver o que ela está aprontando. – Não queria me entregar a ela, mas a ideia de brincar com seus sentimentos de novo era tentadora.

Ela havia sido uma distração intensa na minha vida, e agora, sabendo que ela estava mais confiante e manipuladora, isso só tornava o jogo mais interessante. Levantei-me e fui em direção à mesa, a música e as luzes parecendo se intensificar a cada passo. Quando cheguei, Maya estava olhando para o celular, mas assim que percebeu minha presença, levantou os olhos e um sorriso se formou em seus lábios.

— Richard – ela disse, sua voz suave, mas com um toque de ironia. — Que surpresa te ver aqui.

— Surpresa mesmo – respondi, tentando manter um ar despreocupado. — Você sempre se destaca, mesmo em um lugar tão lotado.

Ela deu uma risada baixa, e eu pude ver que estava mais à vontade do que antes.

— E você não mudou nada, sempre o mesmo conquistador.

— Conquistador? Eu só sei como me divertir – respondi, com um toque de arrogância. O jogo estava começando, e eu estava pronto para cada movimento.

— Diversão é uma palavra interessante – Maya disse, inclinando-se para a frente, os olhos brilhando. — E o que você tem feito ultimamente? Além de jogar futebol e se envolver em apostas ilegais, claro.

Aquilo foi um golpe baixo. Eu sabia que ela estava ciente dos meus hábitos, mas não esperava que fosse tão direta.

— Apostar é apenas uma forma de emoção, assim como essa balada, – respondi, tentando desviar o assunto. — E você? O que está fazendo aqui sozinha? Esperando alguém?

— Na verdade, estou esperando um amigo – ela respondeu, seus olhos se desviando por um instante. — Mas isso não significa que não posso me divertir antes que ele chegue.

— Claro – eu disse, sem esconder meu desdém. Não gostava da amiga dela, e a ideia de Maya estar esperando por alguém me incomodava. — Aproveitar a vida é o que importa.

O clima entre nós estava carregado, uma tensão que eu não conseguia ignorar. Havia uma energia entre nós, e mesmo que eu quisesse brincar com seus sentimentos, sabia que ela também estava jogando um jogo. Maya não era mais a mesma; ela estava mais esperta, mais confiante, e isso só tornava tudo mais excitante.

— Você ainda está jogando com os sentimentos das pessoas? – ela perguntou, um sorriso desafiador nos lábios. — Ou isso é coisa do passado?

— Pode ser um pouco dos dois – respondi, piscando. — Ninguém é totalmente honesto em um lugar como este, não é?

Ela riu, mas havia um brilho em seus olhos que me disse que ela não estava disposta a se deixar levar facilmente.

— Richard, você e eu sabemos que o jogo não é tão simples. As apostas podem ser altas, e você pode acabar perdendo mais do que imagina.

— Às vezes, eu gosto de correr riscos – eu disse, aproximando-me um pouco mais. — E você? Está disposta a correr alguns riscos esta noite?

Maya sorriu, e eu vi como ela estava se divertindo com a conversa.

— Riscos? Eu conheço bem esse conceito, especialmente quando se trata de você.

Os olhares que trocamos eram uma mistura de desejo e desafio. A música ao fundo se intensificou, e a pista de dança parecia estar chamando por nós.

—Vamos dançar? – perguntei, estendendo a mão.

Ela hesitou por um momento, mas logo se levantou, aceitando meu convite. Enquanto dançávamos, a química entre nós era palpável. Cada movimento, cada toque, era como se estivéssemos dançando em um campo minado de emoções. Eu queria provocar, mas também queria ver até onde ela iria.

— Você ainda sabe como me fazer dançar. – Maya disse, inclinando-se para mais perto.

O cheiro dela era intoxicante, e eu estava me perdendo na proximidade.

— E você sabe como me manter interessado – respondi, com um sorriso. — Mas não se esqueça de que eu sou o jogador aqui.

— Quem disse que eu não sou uma jogadora também? – Maya rebateu, com um olhar desafiador. — Cuidado para não subestimar o que eu sou capaz de fazer.

O ritmo da música aumentava, e eu a puxei mais perto. Queria sentir a tensão entre nós, a eletricidade que me atraía. Mas havia algo de diferente agora; era como se ela estivesse mais no controle do que antes. E, por um lado, isso me excitava.

— Você realmente está esperando por alguém? – perguntei, a curiosidade me consumindo.

— Talvez – ela disse, um sorriso enigmático nos lábios. — Ou talvez eu esteja apenas aproveitando a noite. Você não é mais o único que sabe como jogar.

— Jogar é o que eu faço de melhor. – declarei, mas havia uma parte de mim que queria saber se ela estava realmente esperando por alguém ou se estava apenas me provocando.

A incerteza era como uma faca afiada na minha mente. Maya se afastou um pouco, olhando nos meus olhos.

— Então, Richard, o que você realmente quer esta noite? Um jogo ou algo mais?

As palavras dela me pegaram de surpresa. O que eu realmente queria? Brincar com seus sentimentos? Ou havia uma parte de mim que queria algo mais genuíno?

— Eu quero me divertir, Maya. Você sabe como isso funciona.

— Divertir-se pode significar muitas coisas. – ela respondeu, antes de se afastar um pouco, sua amiga retornando com as bebidas.

A presença dela mudou a dinâmica da conversa, e eu sentia que o momento que estava construindo com Maya estava se dissipando.

— Oi, Richard! – a amiga de Maya disse, sem perceber a tensão que havia entre nós. Eu não suportava a ideia de estar ali, mas mantive o sorriso no rosto.

— Oi. – respondi, tentando ser educado.

Mas a vontade de afastar aquela distração era forte. Maya me lançou um olhar que dizia que ela também queria que a amiga sumisse.

— Estamos apenas conversando sobre a vida. – Maya disse, sua voz doce, mas com uma pitada de ironia.

Olhei para ela, percebendo que a conversa estava longe de terminar. O jogo estava apenas começando, e eu estava decidido a seguir em frente. Mesmo que a competição estivesse mais acirrada do que nunca.

A música continuava a tocar, e eu sabia que a noite ainda tinha muito a oferecer. Maya poderia estar esperando por alguém, mas isso não significava que eu não poderia brincar com seus sentimentos mais uma vez. A tensão era palpável, e a atração entre nós só tornava tudo mais emocionante. A balada estava apenas começando, e eu estava pronto para jogar.

Fogo Do Karma. - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora