Nutri e jogador [ Lorran ]

cap10

Jaíne Silqueira

Tenho que terminar de organizar umas coisas aqui antes que os jogadores venham almoçar. Gosto de organizar tudo com antecedência, assim posso ter mais calma. Assim que terminei, os jogadores já entraram, se servindo e conversando alto. Eu observei de longe, vendo eles se distraírem com as piadas e zoeiras de sempre.

Enquanto colocavam a comida nos pratos, o Gerson fala alto e todos ouvem:

— Que cheiro de coco é esse, mano?

— Deve ser o sabonete da Jaíne.
O Lorran respondeu rápido.

Eu não consegui evitar e olhei para ele, meio incrédula.

💭: Como assim ele lembra do meu sabonete?

Antes que eu pudesse dizer algo, os outros jogadores já estavam rindo e zoando.

— Tá de brincadeira, Lorran!
ouvi o Gerson comentar, rindo.
— Que intimidade é essa pra saber do sabonete da nutricionista, hein?

_Não é nada demais! Fui com ela pra farmácia essa semana porque ela não estava se sentindo muito segura de ir sozinha e aí ela comprou.

— Aí, Jaíne, desse jeito você vai acabar atraindo todos os jogadores com esse perfume aí
provocou o Wesley, e a sala explodiu em risadas. Eu me peguei rindo também, meio sem jeito, tentando disfarçar a vergonha.

No meio da brincadeira, olhei para o Lorran, que parecia tranquilo, e ele sorriu de volta.

— Já tá atraindo um, pelo menos
ele disse, piscando pra mim.

💭:Aí meu Deus Lorran, o que foi isso?

Fiquei sem reação; suas palavras me pegaram de surpresa, e meu rosto esquentou. Enquanto eu tentava processar o que ele tinha acabado de dizer, Lorran se juntou ao Matheus, que estava na mesa ao lado.

— Vai, gente, comam rápido! Faltam só alguns minutos para vocês voltarem
eu disse, tentando desviar a atenção do meu rosto vermelho.

Ainda meio sem graça, me afastei um pouco e comecei a arrumar algumas coisas na bancada, fingindo que estava concentrada nos talheres. Eu só queria sumir dali por um segundo e respirar fundo. Mas, como sempre, os jogadores não iam perder a chance de me zoar um pouco.

— Ô, Jaíne, não vai contar pra gente que história é essa de farmácia?
perguntou o Matheus, com aquele sorriso no rosto.

— Ah, Matheus, só fui comprar meu sabonete. Nada demais, tá tranquilo falei, dando uma piscadinha pra ver se mudava o assunto.

Mas, quando olhei pro Lorran, ele tava me encarando, como se quisesse ver minha reação. Ele parecia estar se divertindo com a situação.

💭:Quer saber, vou entrar na brincadeira também!

— Agora, se vocês tão se sentindo atraídos pelo cheiro, aí já é problema de vocês 
brinquei, rindo junto.

Lorran sorriu e, meio baixo, respondeu:

— Então, no meu caso, o problema tá grande
ele disse, piscando.

Só que, claro, os outros ouviram. O Gerson soltou um
"Ih, tá apaixonado!"
e, em segundos, todos estavam fazendo aquele
"Uiii!"
batendo nas mesas e rindo alto.

💭: Ah, não acredito...

Fiquei sem graça na hora, o rosto pegando fogo. Olhei pro Lorran e dei um sorrisinho sem graça.

— Ô, cala a boca, Lorran!
falei, tentando não rir e voltando pra minha bancada, meio irritada, mas rindo por dentro.

Ainda rindo, Gerson olhou pra mim e soltou:

— Opa, quem diria que a Jaíne sabe mandar um "cala a boca" assim, hein? Achei que era mais calma!

Os outros começaram a rir mais ainda, fazendo piadinhas.

— Ah, não se engane, Gerson
brinquei, cruzando os braços e fingindo ser séria.
— Eu só não uso isso no dia a dia porque sou profissional.

O Lorran riu junto, mas logo respondeu:

— Tá vendo? Até a nutricionista tá mandando a gente calar a boca. Acho que o problema sou eu mesmo

— Ih, Lorran, parece que você tá levando bronca hoje, hein?
provocou o Wesley, rindo.

Revirei os olhos, tentando não rir.

— Agora, chega de papo e vão logo pro treino antes que eu comece a dar cartão vermelho também

Eles riram e, um a um, começaram a se levantar, se preparando para sair.

— Aí, Jaíne, pega leve com a gente, hein?
o Matheus brincou, acenando enquanto ia embora.

— Só se vocês não me derem mais trabalho  respondi, ainda sorrindo.
— Agora, andem logo.

Depois que todos saíram, dei uma rápida conferida na minha sala pra ver se estava tudo certo antes de começar a preparar as bebidas pós-treino. Enquanto eu organizava algumas coisas, ouvi uma batida na porta.

— Oi, Jaíne, tudo bem?
Era o Braz, com aquele sorriso tranquilo de sempre.

— Oi, Braz! Tudo sim, e você?
respondi, parando o que tava fazendo.

— Tudo ótimo! Vim te pedir um favorzinho
— Amanhã é jogo importante, e a gente queria que você estivesse lá. É decisivo, e o pessoal tá precisando desse apoio extra, sabe?

Pensei por um segundo e sorri, meio animada.

— Claro, Braz! Vou estar lá com certeza. Pode contar comigo.

— Ah, que ótimo! Sabia que podia contar com você!
— E já aproveito pra agradecer por tudo que você tá fazendo aqui. O pessoal tá gostando.

— Fico feliz em saber
falei, genuinamente contente.

— Pode deixar que amanhã vou estar lá torcendo e ajudando no que precisar.

Ele sorriu e se despediu, deixando a sala.

Na cozinha, comecei a preparar as bebidas pós-treino dos jogadores, organizando tudo com calma. Deixei os copos prontos e fui levando pro vestiário, onde eles costumam se reunir depois dos treinos. Quando cheguei lá, o pessoal já estava começando a entrar, ainda suados e brincando uns com os outros.

— E aí, Jaíne, a gente merece um pós-treino top hoje, né?

— Merecem sim, mas só se forem diretos pro jogo amanhã e darem o melhor 
respondi, com um sorriso, entregando os copos pra eles.

Enquanto eles pegavam as bebidas, fui falando:

— Aliás, só pra avisar, vou estar no jogo de amanhã. O Braz pediu, e eu vou dar uma força, e tenho que garantir que não comam nenhuma besteira antes ou depois do jogo!

Alguns jogadores sorriram, outros acenaram, e o Lorran, que tava encostado na parede, me olhou com aquele jeito meio sério, mas com um sorriso de canto.

— É bom saber que a gente vai ter torcida extra, então
ele disse, olhando pra mim.

Dei uma risadinha e respondi:

— É claro! Vocês vão precisar, viu? Agora, eu vou indo. Até amanhã, pessoal!

— Até amanhã, Jaíne! responderam em coro, com um aceno, enquanto eu me preparava pra sair do vestiário.