Regra 27 - Existências e ocorrências, supõe e acredite

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     ───── Quase te fodi em sonho Ágata, o que precisa mais para acreditar?

            Estava assustada, abalada, espantada, alarmada. Queria poder disfarçar meu estado aturdido mas por mais que tentasse meus olhos haviam entregado tudo.

     ─────  Sei que você sabia que era eu, só não queria aceitar isso.  ──  Alexandra me disse fitando meus olhos.

     ─────  Nunca te permite.  ──  Foi tudo o que consegui falar, sentia-me arrepiar por dentro, não gosto de nada que não pode ser comprovado, todo esse besteirol místico, não gosto nada disso.

     ─────  Nesse caso a permissão não precisa ser direta, deixar as janelas abertas já é o suficiente.

            Eu estava a olhando mas não conseguia falar, eu sentia um misto de medo, excitação e chacota. Costin por sua vez também me olhava em silêncio. Minha mente forçava a relembrar cada sonho que tive desde que cheguei e seus detalhes e também me forçava a lembrar do alerta de Bento para não deixar as janelas abertas por causa das "criaturas noturnas".

     ─────  É normal que fique sem fala,  ──  Ao dizer, Alexandra tomou outro gole de seu vinho e continuou em tom calmo.  ── , posso te responder perguntas que talvez esteja pensando mas não consiga falar agora. A psicocinese é a capacidade de exercer força em todos os sentidos no campo mental. Apesar da minha experiência é muito muito difícil ter toda essa concentração. Caso esteja cogitando a ideia que leio mentes ou influencio algo do seu subconsciente enquanto esta acordada está errada, só consigo exercer esse controle enquanto dorme. Jamais faria mal a você, o que Elizabeth fez com Bento é cruel e bárbaro, pode ter certeza que ela irá sofrer o triplo do que ele.

            Não conseguia respondê-la. Queria debocha-la, zombar, rir, fazer chacota ou até mesmo sair dali mas não conseguia, tudo que ainda realizava era beber vinho e comer os chocolates.

     ─────  Não quero que sinto medo de mim.

     ─────  Você não é o problema agora, Elizabeth que é.  ──  Disse finalmente. Se tudo o que ela está dizendo for verdade, temo o que a loira faria em mim se ela havia conseguido deixar Bento naquele estado.

     ─────  Elizabeth não pode chegar até você só porque ela quer, não é assim que funciona.  ──  Costin disse se levantando da cadeira mas ainda com seus olhos fixos em mim.  ── , ela não tem influencia nem em Bento, não mais. Está segura comigo.

     ─────  Para ser bem sincera Alexandra, nada dessa conversa me deixa tranquila ou com sensação de segurança.

     ─────  As vezes a verdade não é confortável, Você sempre terá minha sinceridade mesmo que não te agrade muito.

     ─────  Como pode ter tanta certeza que Elizabeth não vai aparecer aqui sendo que ela já fez uma vez?

     ─────  Por causa das permissões.  ──  Antes de continuar sua explicação, Alexandra puxou um pequeno banco de madeira revestido com fio espaguete e o colocou na minha frente. Sentando-o nele ainda com sua taça da mão, a mulher ficou numa posição abaixa da minha, sua cabeça ficava na altura do meu tronco.  ──  , tudo é preciso de consentimento, tudo mesmo! Só que essas autorizações são exigidas de diferentes maneira para diferentes ocasiões, tem concordância explicita, implícito, falada, em gestos, em ações que seja, mas tudo precisa de concordância. Antes Elizabeth podia entrar na minha casa porque eu havia dado a ela o meu consentimento só que agora, depois de tudo o que ela fez, ela não tem mais, sendo assim ela não pode entrar aqui.

O Beijo da Noite | Lesbico +18Onde histórias criam vida. Descubra agora