𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟕

440 42 12
                                    

⛓︎ RAPHAEL VEIGA
Naquela mesma tarde (continuação)...

ESTACIONO EM FRENTE AO PRÉDIO do Garro, desço do veículo após puxar o freio de mão, tirar o cinto de segurança e pegar o meu celular e as chaves. Perto o botão no controle travando todas as portas do carro e ligando o alarme de segurança.

Passar pelo porteiro foi fácil, ele já me conhecia e me viu junto de Isabella da última vez que vimos aqui. Segundo o porteiro, Garro tinha chego do treino fazia pouco tempo. O homem me contou que o argentino estava bastante cabisbaixo e aparentava estar preocupado com alguma coisa.

Disse também que Garro estava com aparência de cansado como se não tivesse dormido a noite toda. Ouvindo aquilo tudo, eu só imaginei como estaria a mente dele tendo sua namorada longe e internada.

Rapidamente me veio a lembrança de quando a Isabella estava na mesma situação e a beira da morte. A angústia que eu sentia todos os dias, o medo do que poderia acontecer. Eu viajava para os jogos com o pensamento no hospital, ficava o tempo todo com o celular nas mãos com esperança de receber uma boa notícia e com medo de receber uma notícia ruim. Passar por essa situação não é fácil, por mais que você confie na sua companheira, o seu medo nunca vai embora, ele vive ao seu lado todos os dias e você só fica tranquilo quando ela está perto de você. Nos seus braços e na sua proteção.

Você é capaz de parar o mundo quando ela está ao seu lado e se sente capaz de enfrentar o mundo quando ela está longe e em perigo.

Só Deus sabe como eu estou por dentro com a Isabella longe de mim, mas a maior parte de mim sabe que eu preciso confiar nela e na sua capacidade de se cuidar sozinha. Mesmo que eu queira pegar o primeiro voo e ir para onde ela está e cuidar dela.

Chego no andar de Garro e toco a campainha, o argentino demora um pouco mas logo abre a porta.

— Raphael? O que faz aqui? — perguntou confuso.

— Isabella pediu para eu verificar se você estava bem e te dar notícias da Luísa. Ela tentou entrar em contato, mas não conseguiu, então me enviou aqui. — explico e foi possível ver os olhos dele brilharem quando citei o nome da Luísa. Sua respiração ficou até mais agitada, parece que ele precisava disso.

— Foi mal, meu carregador quebrou e eu só consegui comprar outro hoje. Eu ia ligar pra ela depois, mas já que ela te mandou, entra aí, fica a vontade.

Garro abriu mais a porta me dando passagem. Adentro seu apartamento e aparentemente estava tudo do mesmo jeito que antes, não parece ter acontecido nada aqui nas últimas horas.

— Você parece cansado, por um acaso você dormiu essa noite? — pergunto, vendo ele encher dois copos com água e trazer um para mim.

Sentamos na mesa de jantar. Cada um em uma cadeira, estávamos frente a frente.

— Pra ser bem sincero não. Eu não dormi nada hoje e realmente estou muito cansado, mas não consigo relaxar e dormir. Minha mente não para. — explica e eu consigo compreender seus sentimentos.

— Sei bem como é isso. — digo e ele me olha engolindo seco. Logo ele respira fundo pensativo.

— Como você lidou com isso? Digo, como você não enlouqueceu de vez? Porque eu sinto que vou ficar maluco a qualquer momento, nem o futebol está me distraindo o suficiente e eu só consigo pensar nela. — sua voz embarga e seus olhos se enchem de lágrimas. Garro estava em uma luta interna com ele mesmo, e não sabia se iria vencer a luta.

𝐃𝐄𝐑𝐁𝐘 | Leo Mana & Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora