📖| 𝐌𝐂 𝐓𝐮𝐭𝐨

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Hoje era dia de terapia do meu filho, Kauê, um menininho de 3 anos com autismo nível 3 de suporte. Apesar de eu e o Emerson estarmos separados, ele sempre se mostra um pai incrível para o nosso filho.

Não importa o quanto sua agenda esteja cheia, ele sempre dá um jeito de arranjar tempo para o Kauê, que é completamente apegado a ele.

No caminho até a clínica, o carro estava em silêncio. Nunca fomos muito de conversar, a não ser o essencial, só o básico mesmo, como "vai chover hoje?" ou "você tá bem?".

Porém, hoje algo parecia diferente. Fui interrompida pelos meus próprios pensamentos ao perceber que o Emerson tinha trocado de carro.

Agora, ele estava dirigindo uma BMW azul, algo que ele me contou uma vez, quando ainda éramos casados, dizendo que sonhava em ter um carro assim quando desse certo na música.

Eu não disse nada, mas a mudança de carro, em meio a tudo o que estava acontecendo, me fez pensar sobre como a vida dele agora era tão diferente da época em que estávamos juntos.

— Trocou de carro? — perguntei, tentando quebrar aquele clima tenso.

— Troquei ontem — ele respondeu, evitando olhar para os lados. — Tava louco por essa BMW.

— Eu imagino — disse, forçando um sorriso, enquanto desvio o olhar para a janela.

— Eu comentei com você sobre esse carro quando a gente ainda era casado.

— É verdade, você falou — respondi, minha voz saindo mais baixa. O pensamento me atingiu como uma onda: tudo mudou tão rápido, mas a verdade é que nada parecia ter ficado para trás, pelo menos para mim.

Kauê estava no banco de trás, segurando seu carrinho de brinquedo, que ele levava para todos os lugares. Deslizava o carrinho para frente e para trás sobre o assento ao lado, com uma concentração profunda. A rotina da terapia e o trajeto até lá eram familiares para ele, o que o deixava calmo.

De vez em quando, ele fazia um barulhinho com a boca, imitando o som do motor, e nem notava o silêncio entre mim e Emerson na frente. Enquanto eu e o pai dele trocávamos aquelas poucas palavras, ele permanecia no seu próprio mundinho.

Quando chegamos à clínica, Emerson carregava o Kauê no colo, enquanto eu segurava minha bolsa e a mochilinha dele, que sempre levo com os itens que ele gosta e precisa. Nos acomodamos no banco da recepção, esperando a chamada do Kauê para a terapia.

Essa clínica é bem sofisticada, com profissionais extremamente atenciosos e um suporte incrível para pais de crianças atípicas. Tudo ali é pensado para que as crianças se sintam confortáveis e acolhidas. Olhei em volta, vendo outros pais que, assim como eu e o Emerson, estavam ali tentando oferecer o melhor para seus filhos.

Enquanto esperávamos, o silêncio entre nós se tornava incômodo. Mesmo não conversando muito, tínhamos uma conexão inevitável: ainda nos seguíamos no Instagram e, de alguma forma, estávamos sempre cientes da vida um do outro.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀𝐎 𝐑𝐀𝐏𝐏𝐄𝐑𝐒/ 𝐓𝐑𝐀𝐏𝐏𝐄𝐑𝐒/ 𝐌𝐂'𝐒 🇧🇷 𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora