- Então depois de me fuder, você prefere deitar na cama e ficar nos beijos comigo? - Pergunto para meu namorado, que estava se deitando.
- Tem coisa melhor do que isso, gatona? - Me puxou de leve e eu deitei em seu peito.
Sentia seu coração batendo, e sua respiração devagar, mas trazendo calmaria para meus ouvidos.
- Como foi o dia? - Enquanto fazia carinho em minha cabeça, ele perguntou.
- Foi bom... Mas cansativo - Respondi.
- Sua mãe me disse que você não tá tomando os remédios. É verdade?
Respirei fundo.
- Aqueles remédios são fortes demais - Com o dedo indicador, eu traçava as linhas do abdômen dele.
- Tô ligado... Mas é importante pra você e pra mim também - Disse. - Se não tomar, não vai melhorar logo.
- Posso te dizer uma coisa?
- Pode, princesa - Ele se ajeita no travesseiro.
- Acho que me acostumei com essa zona de conforto que tô, sabe? - Desanimada, eu perguntei. - Eu quero conseguir me levantar todos os dias, mas uma parte de mim prefere ficar o dia inteiro no quarto, na minha cama...
- Por isso eu tô aqui com você, cuidando, fazendo o que eu posso... - Sua mão desceu de encontro com minha bunda, que estava sem nada para cobrir.
Por um momento, eu não ouvi mais nada.
O peito do meu namorado estava gelado, a respiração fria e não ouvia seu coração bater.
Levantei a cabeça e olhei para seu rosto. Era pálido, assim como a neve.
- Você tá bem? - Ele perguntou, e um vazio vindo do fundo daqueles olhos eram nítidos. Pareciam não ter uma alma ali.
Fiquei de joelhos na cama, pois achei que fosse uma crise pânico ou algo do tipo.
Encarei de novo o rosto do Hariel e dos seus lábios escorriam sangue. Seu corpo tinha vários hematomas, parecia que alguém tinha batido nele ou algo do tipo.
- Hariel? - Com um angústia tomando conta do meu peito, eu segurei seu rosto gelado.
Sua bochecha não era mais rosada, e agora uma cor cinza se espalhava.
Meu coração acelerou, e eu comecei a chorar feito criança enquanto segurava sua mão.
Senti ele colocar os fios do meu cabelo atrás da orelha.
- Não vai embora... - Dizia.
Ele, porém, não dizia nada, apenas pequenos gemidos ecoavam de sua boca, como se estivesse querendo falar algo.
"Enquanto você não deixar ele ir, vai continuar tendo memórias falsas com ele... Precisa viver o agora, S/n. Fazem dois anos já"
Essas palavras passavam pela minha cabeça.
- Se você for, eu vou ficar sozinha... - Apertava a mão fria dele, e as lágrimas caiam sem parar.
Fechei os olhos.
A dor que sentia no meu peito me fazia gritar, e com isso, acordando alguém.
Eu estou há dois anos nesse quarto, dois anos superando algo que não tive culpa e inventando o que não é real... E infelizmente, me perdendo nisso.
Era como se nessa madrugada, eu estivesse sido acordada de uma cima.
Com dificuldade, eu consegui soltar a mão dele, e caminhar pelo quarto.
O choro era de uma criança que parecia ter caído e ralado o joelho, pois doía como se fosse.
A maldade do tempo fez eu me afastar dele...
Escutava a maçaneta da porta abrindo, e o quarto parecia todo escuro para mim... E talvez estivesse.
- Abre a porta, S/n! - Uma voz de fora gritava.
Segurei firma na maçaneta e olhava para a cama.
Hariel ainda estava deitado lá, e do mesmo jeito...
- S/n, se acalma!
Quando abri a porta, já sem forças, cai nos braços da minha irmã.
Ficamos caídas ali no corredor.
- Por favor, não chora... - Ela dizia.
- Eu vi ele de novo... - Segurava com toda minha força a blusa da garota.
- Já passou...
- Eu sinto falta dele... - Continuei a dizer.
- Vai passar, eu prometo - Falou.
Minha terapeuta diz que é só mais um episódio que eu tenho de um estresse pós traumático, e por isso sempre tenho essas crises.
Mas nunca foi algo tão forte como hoje, algo que eu senti até nosso "último" sexo juntos, o último toque dele...
Eu acho que ele foi embora dessa vez. Eu tinha que libertar o que ainda estava preso, mas queria mais tempo.
Em dois anos eu continuei a mesma... A mesma de quando nos conhecemos e começamos a namorar.
E nunca mais fui a mesma depois que ele se foi.
Tentei mudar meu cabelo, meu jeito, e até reescrever as memórias, mas tinha medo de esquecer ele para sempre.
Eu não sei para onde ele foi, e nunca mais vou poder olhar para ele, sentir seu calor junto do meu corpo, nem sentir seus cabelos molhados quando tomávamos banhos juntos.
E o pior não é ficar sem o sexo maravilhoso que ele sabia fazer, mas sim do seu abraço, que me deixava mais confiante para tudo.
Do seu sorriso que era perfeito, e do meu que hoje que se desfaz...
-----🤍----- Hello! Eu voltei, pois não estava conseguindo entrar no wattpad e nem no insta, aff.
Enfim, do nada eu aprendi essas horas, com um imagine desses do Hari, né? Ainda não consegui dormir, e essa ideia veio na hora.
Vocês quase não amam temas assim KKKKKKKKKKKK, já peço perdóness.
