Eu caminhava tranquilamente pela favela, as crianças brincavam por ali, e a tarde era ensolarada.
Passou muito tempo desde o que aconteceu e como reneguei meu posto, passei a "morar por aqui".
Geizon me recebeu bem na sua casa, e foi daora passar um tempo com ele.
Alguns me olham torto, e entendo. Ex Bope andar por aqui? Até eu desconfiaria.
Desci algumas escadas até chegar na beira da porta de uma casa.
Assim que me viram, vieram falar comigo.
- E aí - Falou o irmão da Ágatha, a garota que acabou levando um tiro na última operação.
- Como que ela tá? - Encostei no batente da porta.
- Melhorando - Respondeu, enquanto enrolava nos dedos um baseado.
- Da um salve qualquer coisa.
- Valeu - Ele acenou para mim.
Voltei a caminhar.
Me sentei em um dos muros e podia ter a visão do pátio da favela. Estava tudo calmo, nada fora dos eixos hoje.
Tirei meu celular do bolso de trás do meu shorts e abri o app de venda de casas.
Anuncie minha casa no começo da semana, e apareceu bastante interessados. Eu decidi sair de lá, mas não pretendo ficar por aqui. Eu vou ralar e começar do zero.
No meio da bagunça toda, eu troquei meu chip, desativei as redes sociais e vivo como se não fosse mais ninguém.
Só mantenho contato com meu amigo, o Mathias.
📳 𝐂𝐚𝐥𝐥 𝐨𝐧
- Alô? - Atendi o celular quando vi que meu amigo estava ligando.
- E aí, S/n. Como cê tá? - Perguntou.
- Eu tô bem. E você, as coisas aí?
- Tô sustentando uma puta mentira - Falou sobre eu ter obrigado ele a falar que eu tinha morrido na troca. - Mas tá indo.
- Ninguém desconfia?
- Perante a mim, não. Fizeram a homenagem pra você aqui no Bope, nem velório teve, seguiu direto pro cemitério - Respondeu, e escutei uma porta fechando. Provavelmente foi da VT.
