66. Caindo do paraiso

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No fim da manhã, Jimin acordou. O quarto estava mergulhado em uma penumbra tranquila. Taehyung dormia ao seu lado, o braço firmemente envolto em sua cintura, como se temesse que ele escapasse. Seu rosto estava relaxado, os cabelos bagunçados caindo na testa e havia algo quase infantil em sua expressão.

Jimin ficou ali por alguns minutos, apenas o observando. Ele não conseguia evitar o sorriso que surgiu em seus lábios ao notar como o rosto de Taehyung estava todo amassado pelo travesseiro. Seus olhos deslizaram para os ombros expostos, onde pequenas marcas roxas começavam a surgir, contrastando com o tom bronzeado de sua pele. "Fui eu quem deixou isso?", pensou, sentindo um misto de orgulho e timidez. Ele riu para si mesmo ao lembrar da noite anterior e do quanto tinha sido ousado.

Decidido a não o acordar, Jimin tentou se mover devagar, deslizando do abraço apertado. Mas, assim que ele sentou na beira da cama, Taehyung soltou um resmungo rouco e o puxou de volta, envolvendo-o novamente com os braços. Antes que Jimin pudesse protestar, sentiu o rosto de Taehyung se esconder em seu pescoço, inalando profundamente como se estivesse memorizando seu cheiro.

— Ia me deixar acordar sozinho depois de ontem? — murmurou Taehyung, usando a sua voz, pois suas mãos estavam ocupadas. Ele apertou Jimin contra si, mantendo-o preso como se não tivesse intenção de soltá-lo tão cedo. — Depois de me desonrar como um libertino?

A acusação brincalhona fez o rosto de Jimin queimar. Ele abriu a boca para responder, mas a proximidade e a voz de Taehyung o deixaram sem palavras por um instante. Ele odiava como se afetava nas raras vezes Taehyung usava sua voz, principalmente agora mais baixa e rouca, o que o deixava completamente desarmado.

— Eu não sou um libertino! — protestou, a voz saindo mais alta do que pretendia. Ele olhou Taehyung, tentando manter uma expressão séria, mas o sorriso travesso do outro não ajudava. — Eu só ia buscar algo para você comer... queria te tratar bem depois de ontem.

Taehyung ergueu uma sobrancelha, claramente se divertindo. Ele soltou uma risada baixa, inclinando-se para roçar o nariz no pescoço de Jimin, provocando-o ainda mais.

— Me tratar bem? — murmurou ele, a voz carregada de ironia suave. — Depois de me deixar todo marcado assim? Parece que você já fez bastante.

— Está reclamando? — Jimin retrucou, olhando para ele com um sorriso desafiador, embora suas bochechas ainda estivessem quentes.

Taehyung soltou um suspiro exagerado, como se estivesse considerando a questão.

— Não, quero faça mais, me ensine tudo. — Ele sorriu com malícia, apertando Jimin contra si novamente. — Mas não se atreva a fugir antes que eu tenha a chance de praticar tudo que aprendi.

— Eu não vou fugir. Tenho o direito de ir e vir, sabia? — respondeu Jimin, provocando ao repetir uma frase de um passado recente.

— Não tem, não. — Taehyung o apertou ainda mais e depois o encarou nos olhos, a seriedade de sua expressão contrastando com o tom brincalhão. — Você é meu. Não pode simplesmente ir e vir.

— Seu? Seu o quê? Namorado? — provocou Jimin.

— Sem complemento. Você é meu e ponto. Todo meu, meu Jimin, só meu.

O tom possessivo fez o coração de Jimin disparar, mas ele não deixou isso transparecer.

— Então me deixa cuidar de você. — Sua voz suavizou, os dedos roçando o braço que ainda o segurava. — Não vou sumir, só vou pegar algo para você comer. Você é todo meu também, sabia? E eu preciso zelar pelo que é meu.

A declaração fez Taehyung relaxar o abraço, soltando-o com relutância. Jimin sentou-se na cama, mas, assim que tentou se levantar, sentiu uma tontura súbita. Tudo ficou turvo e antes que pudesse se estabilizar, seu corpo cedeu.

Taehyung se levanta em um salto, apavorado. Ele não conseguiu segurá-lo antes que caísse completamente no chão e apavorado, colocou-o de volta na cama. Com mãos trêmulas, vestiu-se às pressas.

Sem perder tempo, saiu do quarto com passos rápidos e a respiração pesada. O coração martelava em seu peito enquanto procurava por Miguel ou Pablo. Ele encontrou Pablo no corredor e sem pensar duas vezes, puxou-o pelo braço. Sua expressão era tão desesperada que Pablo o seguiu sem perguntas.

E ao entrar no quarto Pablo parou ao ver Jimin deitado na cama, coberto apenas por um lençol. Ele então olhou para Taehyung: o cabelo bagunçado, as marcas nos ombros e no pescoço, o semblante cansado. Soltando um suspiro exasperado, Pablo deu um tapa na nuca de Taehyung.

— Ele ainda tá fraco! — repreendeu, a voz misturando irritação e preocupação. — Eu te disse ontem que o veneno não saiu completamente do corpo dele e que fez um estrago. Ele não pode se esforçar e pelo visto ele teve muito esforço ontem à noite!

Pablo depois resmungou algo inaudível enquanto movia as mãos no ar. Ele retirou a umidade do quarto, fazendo a água flutuar em sua mão. Murmurando palavras mágicas, fez a água brilhar antes de levá-la até a boca de Jimin. Movendo as mãos com precisão, ele administrou a cura.

— Mikha te ensinou a usar magia para cura? — perguntou Pablo, sem desviar o olhar de Jimin.

Taehyung balançou a cabeça, sentindo o peso da culpa.

— Não? — Pablo suspirou novamente, agora mais irritado. — Ele vai acordar em algumas horas, mas enquanto isso, a gente vai sair daqui. Em um lugar seguro vou te ensinar. Você precisa aprender a usar a sua magia para curar e precisa ser agora. Quanto mais você se importa com ele, mais eficaz a sua magia será.

Taehyung olhou para Jimin, agora com a expressão serena, como se estivesse apenas dormindo.

— Sei que tá todo apaixonado e não quer se separar dele por um segundo sequer — continuou Pablo, num tom meio debochado. — Mas aprender isso vai ajudar. Então, anda logo!

Com relutância, Taehyung seguiu Pablo para fora do quarto, lançando um último olhar para Jimin antes de sair.

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⏰ Última atualização: 17 hours ago ⏰

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