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Tudo aconteceu rápido demais. Em um momento, minha mãe jogava roupas dentro da mala. Em outro, Matt falava rápido ao telefone reservando as passagens. Eu mal conseguia acompanhar.

Colocamos tudo no porta–malas do sedã na garagem e entramos todos. Minha mãe dirigia, eu estava no banco de trás, enquanto Matt batia a porta do lado do passageiro. Nunca vi minha mãe cometer tantas infrações de trânsito na vida. Ela era cuidadosa demais, mas a notícia de sua irmã internada tinha mudado completamente suas prioridades de segurança.

A consciência me bateu quando o carro já estava estacionado, e todos saiam correndo pelas portas, em direção a grande entrada de vidro. Eu continuava parada, petrificada no mesmo lugar. Estávamos em um aeroporto.

Matt bateu na janela ao meu lado.

– Lily! Vamos, o que você ainda tá fazendo aí dentro?

– N...N–não posso. – disse, trêmula.

Ele abriu a porta e eu estremeci ainda mais.

– O que foi? – disse ele, assustado. – O que aconteceu?

– Eu não... Eu não posso. Não posso sair. – eu apertava o banco de couro com tanta força que os nós dos meus dedos estavam ficando brancos. O medo estava me paralizando e não tinha nada que eu pudesse fazer.

– Ela tem medo. Tem medo de aviões. Eu esqueci completamente disso... – ouvi minha mãe lamentando do lado de fora.

Nessa hora, um avião passava por cima do estacionamento. Um calafrio tomou conta do meu corpo e uma lágrima teimosa rolou pelo meu rosto. Eu queria sair dali. Eu precisava sair dali o mais rápido possível. Eu encarava o painel do carro como se pudesse fazê – lo ganhar vida só de olhar.

– Eu preciso sair daqui. Vão vocês. Eu dou um jeito de voltar para casa. Posso tentar dirigir. – disse, tentando manter a voz firme.

Matt olhava para mim, como se temesse algo. Minha mãe estava parada, tentando fazer alguma ligação no telefone, sem sucesso. Matt se afastou, e falou com ela.

– Deixa. Eu levo ela para casa. – o ouvi dizer.

– Mas você...

Ele interrompeu minha mãe e continuou falando.

– Vai. Eu fico com ela. Não se preocupe. Você precisa pegar aquele vôo. Por nós três.

Minha mãe encarou Matt por alguns segundos, e então puxou suas malas da parte traseira do carro. Veio até mim para se despedir.

– Me perdoa, filha. Como eu pude esquecer... – ela beijou minha testa – Me desculpa.

– T–ta tudo bem, m–mãe... – eu tremia. – Você p–precisa ir.

Ela deu um abraço em Matt, pegou suas malas e foi em direção ao portão de acesso. Quando as portas se fecharam atrás dela, Matt entrou no carro ao meu lado, bateu a porta e me pegou em um abraço inesperado.

– Ei, anjo. Não precisa chorar... – ele sussurrava – Eu não vou te deixar sozinha. Eu estou aqui, com você...

Eu estava com a cabeça encostada no ombro dele, e de alguma forma aquilo me fez bem. Me senti protegida naquele abraço. Matt estava cuidando de mim.

Quando ele sentiu minha respiração acalmar, ele afrouxou o aperto. Olhou para mim e secou minhas bochechas úmidas de medo. Sorriu, e me beijou na testa.

– Me tira daqui, por favor.... – eu disse, com a voz ainda abalada.

– Você quem manda!

Ele saiu pela porta, contornou o carro e entrou no lugar do motorista.

Entre nós e paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora