Parei diante da porta do meu quarto. Eu tinha esperado quase uma semana por aquele momento, e agora não fazia idéia se era realmente aquilo que eu queria. Ninguém além de Matt estaria batendo na minha porta aquela hora. Olhei para o relógio na minha escrivaninha. Quinze para as duas da manhã. Definitivamente não eram nenhum dos meus pais.
Abri a porta e dei de cara com um Matt cabisbaixo voltado para sua própria porta, como se tivesse desistido de esperar. Ele olhou para mim ao ouvir o ranger das dobradiças abrindo. Um rastro de sorriso permanecia em seus lábios.
– Eu jurava que você não iria abrir. – ele parecia assustado.
– Eu jurava que você não iria bater.
– Lily, eu... – ele começou a falar, mas eu interrompi.
– Entra.
Matt me olhou espantado. Ele aparentemente não esperava uma boa recepção. Eu fechei a porta e observei o garoto que estava no meio do meu quarto. Matt olhava minhas prateleiras entulhadas de livros, depois passou pela minha escrivaninha entulhada de coisas e olhou para minha cama. A jaqueta dele estava enrolada no meu cobertor. Ele sorriu no mesmo instante em que minhas bochechas ficaram da cor de tomates. Corri para a cama e tirei a jaqueta dali, colocando – a em cima da minha poltrona de leitura. Ele ainda me encarava com um meio sorriso no rosto.
– O que você quer? – perguntei, do mesmo jeito que ele havia feito da última vez em que eu estivera no quarto dele.
Matt me observou por um instante, tentando decidir a melhor maneira de começar a falar.
– Eles passaram todos os dias de plantão nesse corredor. Não consegui vir antes.
Eu continuei calada, esperando ele falar.
– A Margo praticamente não me deixou sair do meu quarto. Ela acredita que eu sou o motivo do seu resfriado, além de parecer que vocês não tem conversado desde o fim de semana. Ela tem me culpado por isso também. Parece que a sua melhora fez com que ela relaxasse um pouco. Acho que ela não contou ao Henrique que voltamos juntos no sábado.
Eu realmente não estava conversando direito com a minha mãe, mas eu tinha estado de cama durante toda semana. Não é como se eu pudesse contar todos os detalhes do sábado para ela, também. Eu estava medindo minhas palavras com a minha mãe, já que aquela noite não saía da minha cabeça.
– Eu estou melhor, obrigada por perguntar. – retruquei
Matt abriu um sorriso que eu jurava que tinha iluminado o quarto todo.
– Eu sei que você está melhor. Posso não ter vindo aqui todos esses dias, mas isso não quer dizer que não soube de você. Meus ouvidos ficaram atentos a cada vez que eles mencionavam seu nome.
Senti meu joelho amolecer. Eu não estava preparada para aquela conversa. Definitivamente, não estaria pronta tão cedo. Decidi naquele momento que iria ignorar o que havia acontecido naquele sábado e aproveitaria a súbita aproximação de Matt para fazer o clima melhorar naquela casa. Essa era eu fugindo, morrendo de medo do que Matt poderia dizer. Será que ele lembrava do que tinha acontecido?
– Você chegou a ir em algum show do Lost Kids of London? – perguntei de forma súbita.
– Perdão? – Matt não entendera absolutamente nada da minha troca de assunto.
– Lost Kids of London. Você foi a algum show deles quando estava na Inglaterra? – eu estava inquieta, torcia meus dedos e ele percebeu.
Matt demorou para responder, como sempre. Olhou para o chão, quando disse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre nós e paredes
RomanceLívia tem 17 anos e acabou de terminar o ensino médio. Filha de uma família muito tradicional, adora livros e música, e passa boa parte do seu tempo livre na sua cama, explorando lugares através das palavras. Essa é a única forma que conhece outros...