#31

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Ouvir aquela voz tão de perto me fez ter calafrios. Eu queria acreditar que aquilo que estava acontecendo diante dos meus olhos não era real, mas eu estava falhando miseravelmente. Henrique estava na porta e eu podia vê–lo por trás de Matt. Ele não se moveu nem um milímetro, mesmo com as palavras agressivas do homem a sua frente.

– Saia já da minha frente, moleque!

– Você não chega nem mais um centímetro perto dela, seu filho da p... – Matt fora interrompido

– Você sai agora ou as coisas não vão terminar bem.

Matt começou vagarosamente a andar para trás, vindo em minha direção. Com a proximidade, pude ver o que causava o movimento e um grito escapou da minha boca.

– O que diabos você está fazendo na minha casa?! – Tia Bea aparecera acompanhada logo atrás por minha mãe.

– Henrique! – minha mãe falou, assustada– largue essa arma!

– Eu sou bem grandinho para fazer o que eu bem entender, Margareth. E esse bastardo já me tirou a paciência. Não tenho um único motivo para não apertar esse gatilho. – ele disse, sem desgrudar os olhos do tórax de Matt. – Colabore, Lívia. Você vem comigo.

– Não ouse se aproximar dela. Você não vai gostar do que vai acontecer se você fizer isso. – Matt continuava o encarando, como se a arma colada a seu peito fosse uma mera brincadeira de mal gosto.

– VOCÊ CALE A BOCA, MOLEQUE! – ele avançou, fazendo Matt recuar um passo, cada vez mais próximo de mim. – Agora me diz! Onde infernos você conseguiu a documentação da empresa? Como você conseguiu colocar as suas mãos podres em cima dos meus papéis!?!

– Eu não faço a mínima ideia do que você tá falando. – Matt respondeu, seu tom de voz baixo.

– Mas é claro que você sabe, não se faça de idiota. Não te eduquei para isso. Agora me responda! – Henrique ficava cada vez mais irritado, sua face se avermelhando.

– Sinto muito. Você veio a toa para cá, se é isso que quer de resposta. Eu não sei do que você está falando.

– Você acha mesmo que eu vim para cá para isso, Matheus? Achei que fosse mais esperto. Eu estou na cidade a pelo menos uma semana. Nunca deixaria Lívia tão perto de você.

– Eu sei o verme que você é, não cansa de destilar tantas mentiras? – ouvi a voz da minha mãe tomar espaço.

– O que disse? – Henrique parecia incrédulo.

– Você só pode ser muito tolo para achar que foi um garoto de vinte e poucos anos que te encurralou. – ela tomou a frente e se aproximou dele. – Fui eu quem entregou a papelada para justiça, Henrique. Matheus não está mentindo.

– Você o QUÊ? – ele berrou, acertando a mão com a arma no rosto de minha mãe. Tive apenas tempo de gritar.

Minha mãe caiu com a maçã do rosto sangrando. Tia Bea correu para ampará–la, mas foi impedida pela mira da arma que Henrique segurava. Matt aproveitou a distração de Henrique para se aproximar de mim protetoramente. Eu segurei as costas de sua blusa, com os nervos a flor da pele.

– Não se meta nisso, Beatrice! Margareth mexeu com o que não devia e quem cuida do meu casamento sou eu!

– Você só pode estar maluco! Roubar da empresa em que trabalha durante tantos anos e achar que está tudo bem? Você acha mesmo que vou deixar minha única irmã nas mãos de um babaca como você? Pode esquecer isso!

Pude ver quando Bea e Matt trocaram um olhar furtivo, ambos indo em direção à Henrique. Eu tentava me mexer, mas minhas pernas pareciam presas ao chão. Matt agarrou–o por trás, enquanto tia Bea desviava a mão da arma para o alto. Um tiro ressoou pelo cômodo, furando o teto e fazendo cair poeira em cima dos três. Tia Bea teve os olhos atingidos pela poeira, o que a fez recuar. Henrique se soltou de Matt e o acertou um soco no rosto. Apenas consegui ver Matt se recuperando do cambaleio, antes que Henrique avançasse sobre mim, me puxando pelo cabelo em direção a porta. Me debati, forcei contra, mas ele era muito mais forte do que eu.

Entre nós e paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora