#12

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Eu estava apaixonada por Matt.

Isso martelava minha cabeça nos últimos três dias, como se já não fosse suficiente ficar pensando nisso o dia inteiro. O fim de semana que passei com Matt parecia cada vez mais distante, mais surreal. Parecia que eu tinha vivido um sonho, e que tudo que eu tinha agora era minha pacata vidinha de volta. Que merda.

Meu pai tinha voltado naquela segunda, sem avisar. Quando ouvi o barulho da chave na porta, me despertei do transe em que estava, e saí correndo para o meu quarto. Antes que meu pai pudesse ver, eu já estava com o rosto enterrado no travesseiro.

Pude ouvir ao longe meu pai falando com Matt. Ele deveria estar com uma cara de poucos amigos depois da situação toda. Estávamos quase nos beijando. Nossos lábios chegaram a se tocar por um instante, mas o meu reflexo ao som da porta desfez todo o encanto. Percebi que meu pai não teve uma boa resposta quando a porta ao lado da minha bateu com força. Alguns minutos depois, meu pai bateu na minha porta.

– Como está minha filhota!? – ele parecia feliz em me ver trancada no quarto.

– Oi, pai. – disse, com um sorriso falso no rosto.

– Resolvi fazer uma surpresa. Consegui ser liberado mais cedo da conferência, vim correndo para casa. Não vou precisar ir para a empresa pelo resto da semana. – ele completou, orgulhoso.

Eu estava encostada na cabeceira da cama, com um dos fones do meu iPod ainda no ouvido. Eu estava escutando uma das poucas baladas que tinham ali. Se tinha uma coisa que eu raramente fazia era escutar baladas. Meu pai não fazia idéia do quão idiota eu me sentia por fugir dele quando estava com Matt.

– Lily, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Eu mais do que sabia que esse "Aconteceu alguma coisa?" na verdade era mais para "O que o Matheus fez?"

– Tá tudo bem. Só acordei um pouco indisposta hoje...

Mentira. Eu tinha acordado extremamente bem, com Matt me fazendo cafuné.

– Vai ficar tudo bem, agora. Eu estou aqui para cuidar de você. – sorriu, se aproximando mais um pouco. – Eu consegui falar com a sua mãe. Parece que ela deve voltar no fim de semana.

– Ah, que bom! Ela saiu realmente preocupada naquele dia.

Meu pai sentou na minha cama.

– Lily, eu sei que não sou a melhor pessoa para falar isso, mas eu sou seu pai. Qualquer coisa que tenha acontecido nesses dias que esteve sozinha com Matheus... é de extrema importância que você me diga o que aconteceu. Qualquer coisa. Qualquer palavra diferente que ele tenha dirigido a você. Entende? – ele estava sério.

– Não teve nada de diferente, pai. A gente mal se falou esses dias. Ele passou boa parte do tempo fora. Acho que ele deve ter feito alguns amigos por aqui. – Mentira. Matt não tinha posto o pé para fora do portão em nenhum momento por todo o fim de semana.

– Tudo bem, filha. Mas me conte, qualquer coisa.

– Pode deixar, pai.

Ele não se demorou mais por ali. É claro que eu menti. Menti mais naqueles 15 minutos do que menti em toda a minha vida. Mas eu não podia simplesmente virar para ele, com todos aqueles problemas que tinha com Matt na primeira semana dele aqui, e dizer Claro, pai! Passei o melhor fim de semana da minha vida! E ah, adivinha só! Eu estou completamente apaixonada por ele! Não.

Entre nós e paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora