– Você sai da minha casa agora! – meu pai continuou gritando, ainda com os fragmentos do violão de Matt na mão.
Poucos segundos depois dele destruir o violão de Matt, minha tia e minha mãe apareceram na porta. Minha mãe parecia assustada, enquanto tia Bea estava olhando de uma forma nada tolerante para o meu pai.
– Henrique, porque diabos você fez isso?! – tia Bea avançou no quarto. – Você não tinha direito algum de fazer esse tipo de coisa!
– Não se meta na história, Beatrice! Não tenho cabeça para sua ladainha! Matheus ultrapassou todos os limites possíveis desde que chegou aqui.
– Você está cego demais, Henrique. Tão cego que mal enxerga seus próprios filhos...
– EU DISSE PARA NÃO SE METER, BEATRICE!
– Volte para o quarto, Bea... leve a Lily com você. Ninguém aqui está em condições de nada. – minha mãe interviu.
– Margareth, eu quero esse garoto fora da minha casa agora! – meu pai repetiu.
– Henrique, são quase duas da manhã. Controle – se. Tudo se resolverá.
– Você não está vendo o que está acontecendo aqui? Ele está corrompendo completamente a Lívia!
– Do que você está falando, Henrique?
– Ele tá falando isso porque fazem 3 semestres que não frequento mais a faculdade, Margo. Ele descobriu pouco tempo depois, mas impôs que eu não te contasse. – Matt interferiu.
– É muito bem feito para você. – tia Bea soltou para meu pai. – Tantos anos afastando os dois, e agora isso.
Eu observava a cena e tudo parecia bizarro demais para ser verdade. Tudo tinha desmoronado em uma velocidade incompreensível.
– Por que diabos eu não estava sabendo do que acontecia em Londres? Por que vocês esconderam tantas coisas de mim? Isso é inaceitável! – minha mãe estava num estado de irritação que eu nunca tinha visto antes.
– Eu esperava resolver esse impencilho antes de ser necessário que você soubesse, Margareth.
– Nada que você fizesse me afastaria do que eu quero para mim! – Matt respondeu, irritado. – Você não conseguiu me afastar da música, e não vai me afastar da Lily!
– Eu não vou admitir que fale assim, seu filho da put...
– EU AMO O MATT, PAI! – berrei, para que ele me escutasse de alguma forma.
Seguiu - se um silêncio que chegava a ser mórbido. Meu pai me encarava com incredulidade. Minha mãe tinha deixado o queixo cair e não retornara a posição normal. Tia Bea, porém, apenas sorria de leve.
Matt me segurou mais forte. Eu sabia que era algo revelador para ele também. Em momento algum eu me deixei falar qualquer coisa a respeito disso, mas era algo muito claro dentro de mim. Eu queria ter podido falar isso de outra forma, de um jeito que fosse especial para nós dois, mas a situação não estava melhorando e eu não queria me passar despercebida. Ninguém ia me tomar como inocente. Eu era tão culpada quanto ele por ter dado asas à esse amor proibido.
Matt beijou minha testa, e depois recostou sua cabeça na minha. Estávamos de olhos fechados, mas tudo foi interrompido de supetão quando meu pai avançou na gente e me puxou com força pela cintura. Tia Bea não se conteve e tentava me ajudar a me soltar, mas com seu estado debilitado, não foi de grande ajuda. Minha mãe interveio, tentando acalmar os ânimos, e eu só tentava alcançar os braços de Matt novamente, mas o esforço era em vão.
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Entre nós e paredes
RomanceLívia tem 17 anos e acabou de terminar o ensino médio. Filha de uma família muito tradicional, adora livros e música, e passa boa parte do seu tempo livre na sua cama, explorando lugares através das palavras. Essa é a única forma que conhece outros...