Epílogo

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Eu caminhava para a saída do campus, me arrastando. Fazia muito calor ali, naquela época, mas finalmente eu tinha conseguido terminar o meu quarto período da faculdade de Literatura Inglesa. O caminho rumo às férias me fazia leve, enquanto brotava um sorriso bobo em meu rosto. Minha vida tinha finalmente se acertado. Eu encontrara um lugar para chamar de meu, estava em uma faculdade maravilhosa e tinha os melhores amigos do mundo.

As meninas não perderam tempo em marcar uma viagem para cá assim que se viram livres dos trabalhos finais. Não tinha dúvidas de que elas, uma hora ou outra, iam acabar arranjando uma desculpa para viverem mais aqui do que em suas casas. Estávamos mais unidas do que nunca, Jô tinha criado ainda mais laços com as meninas e com a facilidade que elas tinham de vir para cá, ainda mais depois de tantas férias passadas na Europa, eu gostava de imaginar que ficaríamos juntas, depois de tudo.

Minha mãe havia conversado comigo e resolvemos vender a casa. Estávamos instaladas na casa de Tia Bea, e ela não tinha a mínima pretensão de que nós fôssemos embora. Ela sempre argumentava que o apartamento era grande demais só para ela, que não tinha necessidade nenhuma de morarmos separados, e minha mãe acabou cedendo. Embora minha relação com Matt não tenha mudado, estávamos em família e era muito reconfortante. Uma tranquilidade gostosa de sentir pairava sobre nós.

Não demorei muito para me resolver quanto aos estudos. Eu tranquei a faculdade de Administração Empresarial sem nem ao menos pestanejar, enquanto me candidatava ao curso que eu realmente queria fazer, mas dessa vez, em Londres. Não preciso dizer o quão satisfeito Matt ficou com isso tudo. Ele não só me apoiou totalmente como foi em todas as universidades comigo para uma visita. Eu não podia estar mais feliz.

Eu estava perdida em pensamentos, já saindo dos limites do campus quando senti dois braços por trás me segurando num abraço que eu sabia exatamente de quem era. Sorri, girando o corpo em tempo o suficiente para surpreendê–lo com o movimento. O sorriso agora estampado em nossas faces.

– Oi, meu amor! – disse, enquanto encurtava o espaço entre nós e selava meus lábios aos dele.

– Que saudade que eu tava de você, anjo! – ele me apertou em um abraço.

– Matt, você me viu pela última vez não faz nem quatro horas direito...

– Mas antes disso, minha cara, eu passei exatas seis semanas sem por os olhos, muito menos as minhas mãos, em você. E eu não admito que você assuma que toda minha saudade foi saciada em algumas horas de sono ao seu lado.

– Eu sei que não. – o encarei nos olhos – Eu senti muito sua falta também. Sei que ontem nós mal pudemos conversar, mas agora que estou finalmente livre pelos próximos dois meses, você não me escapa! Pode ir contando tudinho da turnê na Europa e os próximos shows.

– Infelizmente, esse papo vai ficar para mais tarde. Nós temos um compromisso agora, anjo.

– Compromisso?

– Exatamente.

Matt me guiou até mais a frente, onde a moto customizada que ele tinha comprado estava estacionada. Era linda, eu não podia negar. Embora eu preferisse muito mais que ele tivesse comprado algo que me causasse menos frio na barriga quando se movesse. Mas Matt era apaixonado por motos desde sempre, então eu não tinha como convencê–lo.

Subimos na moto e ele logo deu partida. Pegamos um caminho diferente daquele que eu normalmente pegava para ir para casa, mas eu não perguntei. Os capacetes tornavam a comunicação entre nós bem mais difícil, embora estar com os braços apertados em volta de Matt me fizesse ficar mais tranquila.

Nós estacionamos em uma rua tranquila e pouco movimentada. Não era algum lugar que eu conhecesse, então eu apenas olhei em volta. Era uma parte graciosa e antiga de Londres. A rua era toda cheia de prédios geminados, alguns em cores e detalhes diferentes, mas era basicamente uma rua residencial. Os prédios tinham cerca de cinco andares, e as janelas de madeira davam um charme ao local.

Entre nós e paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora