No dia seguinte, acordo mais cedo do que de costume e aproveito para ir tomar café. Eleanor está jogada no sofá assistindo algo na TV e me surpreendo ao ver Louis ao seu lado. Nenhum dos dois parece notar minha presença e me vejo obrigada a dar o primeiro passo para dar os cumprimentos a eles.
- Bom dia. - Digo, coçando meus olhos.
- Bom dia. - Eles me respondem em uníssono.
- Está acontecendo algo que eu não esteja sabendo? - Pergunto, apontando para os dois.
Eleanor cora um pouco e Louis apenas sorri, piscando para mim sem que ela perceba.
Balanço minha cabeça para os dois e desapareço indo para cozinha, deixando os dois sozinhos novamente, qualquer coisa que esteja acontecendo entre ambos, não é da minha conta, a menos que ele a machuque. Se isso acontecer, não respondo por mim mesma.
Corto algumas frutas e depois que o faço, vou para o jardim na parte de trás da casa e me sento embaixo da árvore, saboreando a suculenta manga que se mistura com o sabor cítrico da laranja.
Enquanto desfruto da mistura dos dois sabores, observo o céu e procuro pelo sol, ele está um pouco tímido, escondido entre as nuvens.
Estar debaixo dessa árvore me faz bem, mas também me faz mal. Quando fecho os olhos, sinto como se minha mãe estivesse aqui, fazendo tranças no meu cabelo, ou acariciando minha pele, enquanto brinco com a grama. Sinto falta da pele macia dela acariciando meu rosto. Quase não fico aqui, pois por mais que eu tente negar, minha ferida ainda está aberta, e estar no mesmo lugar em que a mulher que me deu a luz, me faz lembrar que jamais poderei te-la novamente.
Termino meu café da manhã e ao invés de entrar para ver o que Eleanor e Louis estão fazendo, contínuo sentada, esperando o sol me dar bom dia. Alguns pássaros passam por cima de mim e pousam em cima dos galhos da árvore, assobio para chamar atenção deles e recebo uma sinfonia em resposta. Sorrio para eles e estes vão embora, partindo para um novo lar.
Sou deixada sozinha novamente e os acontecimentos de ontem voltam para minha mente. Não tinha pensado nisso, mas agora que o fiz, sinto as palavras de Niall sobre mim. Sei que ele está certo quanto a postura de Harry e sei que este merece uma nova chance, mas não sei se eu sou capaz para erguer minha cabeça perante a ele depois do que se passou entre nós. Não vou negar que fiquei acordada até tarde, esperando uma ligação sua, mas também não vou negar que fiquei aliava por ele não o ter feito. Minha cabeça ainda estava confusa e tenho certeza de que se eu tivesse sequer ouvido sua voz, tudo teria ido por água abaixo.
Fecho os olhos e me encosto na madeira da árvore. Faltam somente duas semanas para que as aulas retornem e não tenho certeza se estou pronta para o fazer. Estas férias deveriam ter sido incríveis, elas ate foram de certa forma, mas sinto como se a semana que deveria ter sido a melhor, também fora pior, apenas por conta da falta de palavras de algumas pessoas, ou talvez tenha sido apenas a minha, por cobrar tanto de uma pessoa que não faz ideia do que é ser amado, ou se faz, apenas reprime o que sente apenas para não voltar ao passado e sofrer novamente.
Ouço a campainha tocar, mas não me dou o trabalho de ir atender, pois existem duas pessoas na sala que não estão fazendo nada além de se entreterem com algo que esta passando na televisão.
Continuo com os olhos fechados, até que sinto o som de passos esmagando o gramado. Sei exatamente quem é e confirmo minhas suspeitas quando esse alguém se senta ao meu lado. Seu cheiro invade meus sentidos e deixando minha parte racional de lado, pouso minha cabeça no seu ombro. De início sua postura fica rígida por conta da minha ação. Acho que ele não esperava que eu baixasse minha guarda tão rápido, nem eu esperava isso, mas se quero ajuda-lo tanto quanto digo, tenho que dar o primeiro passo, mesmo que isso vá ferir meu orgulho.
Depois que ele se acostuma com meu toque, seu corpo volta ao normal e ele passa o braço ao redor da minha cintura. Sinto seu aperto contra minha pele e me aninho no seu peito.
- Charlotte, sinto muito eu não queria ter dito aquilo é que ninguém nunca havia dito aquilo para mim antes ninguém nunca havia se importado comigo antes. - Ele diz sem parar nenhuma única vez e quando o faz, respira fundo para tomar fôlego. - Nunca foi e nem vai ser minha intenção te magoar sou um idiota sei disso mas. - Eu o impeço de continuar falando, colocando meu dedo nos seus lábios.
- Não precisa se desculpar, Harry. - Abro meus olhos e finalmente o encaro. Sua expressão ainda está cansada e as olheiras embaixo de seus olhos, estão muito mais visíveis do que estavam ontem, sinto-me culpada por eu ter sido a responsável por deixa-lo assim. - Eu te cobrei tanto, que de certa maneira, acabei esquecendo do que realmente importa. - Falo, aproximando meu rosto do seu.
- E o que realmente importa? - Ele pergunta, me encarando.
- Que você esteja aqui, exatamente ao meu lado.
Harry da um de seus maravilhosos sorrisos e me puxa para um beijo. No começo, seus lábios cobrem os meus com cuidado, como se eu fosse deitar de vidro e pudesse me quebrar a qualquer momento, mas depois que ele tem a certeza de que sou feita de carne e osso, seu toque em mim se torna mais firme e seus beijos se intensificam. Passo meus braços ao redor do seu pescoço e em seguida, pouso meus dedos em seu cabelo, puxando levemente alguns fios.
Quando penso que as coisas entre nós vão se esquentar, ele me afasta como se tivesse se esquecido de alguma coisa. Fico um pouco decepcionada por conta do seu corte na nossa troca de caricias, mas tento não demonstrar isso e arqueio minhas sobrancelhas em busca de alguma explicação.
- Esqueci de te dizer um coisa. - Diz, tirando uma mecha do meu rosto e a pousando atrás da minha orelha. Balanço minha cabeça, incentivando-o a falar. - Eu... Eu te amo. - Ele diz.
Me coração dispara e se enche de alegria ao ouvir isso. Depois de tudo aconteceu entre nós dois, pensei que ouviria somente daqui a muito tempo, mas agora que ouvi, quero escutar mais e mais vezes essas palavras saindo de seus lábios. Sua voz rouca contrasta muito bem com essa declaração e juro que eu poderia grava-lo dizendo isso e ficar escutando o dia inteiro.
Tenho certeza de que meus olhos devem estar brilhando. Olho para ele e não me contenho. Me jogo novamente nos seus braços e o beijo. Dessa vez enrolo meus braços no seu pescoço, mas ao invés de apenas pousa-lo lá, aperto-o, quase deixando-o sem ar.
Ele tosse algumas vezes, confirmando que eu realmente exagerei quanto minha demonstração de carinho. Desfaço meu abraço e volto a beija-lo.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo. - Digo vezes seguidas, sem me importar se estou exagerando. Não posso esconder meus sentimentos por ele, até porque agora sei que esse amor é reciproco.
- Eu te amo, Charlotte. - Ele repete mais uma vez, dessa vez com a testa colada na minha.
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I Miss You H.S.
FanfictionCharlotte Carter nunca quis ser a princesa da Inglaterra, ser a única sobrevivente de um apocalipse zumbi ou ganhar um Oscar por atuar em algum filme muito famoso. Na verdade, nem popular na escola ela queria ser. Sua única vontade era de ter al...