57 - Tortura Desaparecida

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A semana que se passa é uma tortura. Meu pai e Mary me ligam todos os dias, perguntando se estou bem e emendam uma conversa prologada com Eleanor. Louis veio umas três vezes aqui em casa, fazer algumas 'visitinhas' para mim, mas desconfio que, na verdade, ele veio aqui apenas por conta de Eleanor. Liam e Sophia vem apenas uma vez para verem como estou e para avisarem que vão para Wolverhampton por alguns dias. Niall e Zayn também fazem uma visitinha e acabam por ficar aqui até tarde enquanto dividíamos o tempo entre fazer o jantar e assistir a algum filme na televisão.

Eu conseguia ocupar minha mente durante este tempo, manter Harry longe de mim, mas quando os créditos do filme começavam e eles iam embora, o botãozinho que me trazia memórias sobre a essência e a voz dele voltavam como um baque.

E agora, em plena três horas da manhã, me remexo na cama pela vigésima vez em uma tentativa fracassada de pegar no sono. Me mexo mais algumas vezes, tentando encontrar uma posição confortável, porém a cama que antes era tão acolhedora, de repente se transformou em um lugar feito apenas de espuma.

Sei exatamente o que está faltando e não tenho dúvida alguma sobre isso, mas me recuso a acreditar que somente uma pessoa pode fazer com que uma simples missão de pegar no sono possa se tornar em algo tão complicado.

É óbvio que eu preferiria estar com a cabeça pousada no seu peito do que em um travesseiro, mas já cedi muito mais as aos seus caprichos do que deveria e isso fez com que entrássemos em um labirinto sem fim. Descobrimos um caminho para a tal da esperança, mas uma parede se ergueu e dessa vez, conseguiu nos parar.

O seu perfume batalha com a dor amaciante que Mary usa para lavar os lençóis e isso me dirige à loucura. Não consigo parar de pensar nele um minuto sequer e parece que tudo esta contra mim, desde sua essência impregnada no meu travesseiro, até sua foto brilhando na tela do meu celular enquanto chego que horas são.

Saio da cama em um pulo e calço minha pantufa.

Se não consigo dormir, pelo menos devo fazer algo mais produtivo.

Pego o notebook de cima da escrivaninha e em um cobertor de dentro do armário. Abro a porta do quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível e com passos de pena, desço degrau por degrau para não acordar Eleanor.

Sento-me no meio do sofá e enrolo o cobertor em meu corpo.

Ainda estamos no verão, mas por conta da chuva, a temperatura abaixou significativamente e o resultado agora é ficar enroscada em algo quente.

Por um momento, chego a desejr que fosse o corpo de Harry a me esquentar, mas depois de relembrar toda aquela cena, jogo a imagem de seu corpo musculoso e tatuado para longe e me concentro no texto à minha frente.

Li uns cinco capítulos daquela história que estava lendo antes e me apeguei ainda mais à garota australiana. A forma com que a escritora usou todas as exclamações, os diálogos e os cenários me fizeram perceber que essa tal viagem não tenha vindo somente de uma imaginação fértil, mas sim de um experiência própria.

Me pego imaginando se ela talvez tenha realmente conhecido um rapaz francês em uma estação na França. Se sim, será que eles realmente continuam juntos?

Leio a curta biografia da mulher e acabo descobrindo que ela tem quase trinta anos, é casada à quase oito e tem um casal de gêmeos. Não contém nenhuma informação sobre seu passado amoro, entretanto, consigo concluir que de certa forma, isso pode não ter acontecido propriamente com ela, mas pode ter acontecido com várias outras pessoas.

Quais são as chances de se achar o amor da sua vida em uma estação de trem? Será que são as mesmas do que esbarrar com sua alma gêmea na fila do supermercado ou em um bar?

I Miss You       H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora