Dou um suspiro de alivio quando o último sinal toca. Hoje tenho que ir para empresa entregar um dos livros que acabei de revisar e acho que vou ter de ficar o resto do dia por lá, para pegar outro manuscrito. Mas primeiro vou para casa trocar de roupa e almoçar.
O portal de saída está cheio de gente e tenho que me espremer para poder sair. Não consigo entender o porquê de essas pessoas ficarem no portão, ao invés de irem embora para suas casas e aproveitarem a liberdade temporária.
Dou leves empurrões em algumas pessoas e finalmente consigo ver o céu azul. Respiro o ar fresco de Londres e sigo caminho em direção às escadas. Atravesso a rua para chegar ao ponto de ônibus. Estou começando a pensar que realmente tenho que perder o medo de dirigir, seria muito mais prático se eu não tivesse que ficar dependendo de transportes públicos nem de ninguém para me locomover. Já tenho carteira de motorista e um carro, sei dirigir, mas não tenho coragem de por a mão em um volante e correr o risco de machucar, não a mim mesma, mas sim outra pessoa.
Cruzo meus braços e olho para o final da rua, esperando o ônibus dar algum sinal de vida. Os fones trazem música ao meus ouvidos e eu mexo meus lábios, acompanhando cada verso que Pierre Bouvier canta.
[...]
Meu almoço de hoje é uma lasanha congelada que comprei à uma semana atrás. Pensei em fazer algo mais saudável do que massa, mas não tenho tempo e nem prática para faze-lo, quanto mais rápido eu ir para empresa, mais cedo poderei voltar.
Depois que o micro-ondas apita, tiro meu prato de lá de dentro e o pouso na mesa, o cheiro está ótimo e isso faz com que minha fome aumente. Pego um pouco de suco de laranja na geladeira e me sento para saborear a deliciosa comida à minha frente. Corto o primeiro pedaço e levo meu garfo em direção à minha boca, porém o som da campainha me faz parar no meio do caminho.
- Droga, não podia chegar dez minutos mais tarde? - Murmuro enquanto deixo o garfo no prato e empurro a cadeira para trás, com um pouco de força a mais do que o necessário.
Até posso imaginar quem seja.
Abro a porta e lá está ele, da mesma maneira em que esteve hoje de manhã.
- Harry, que surpresa você estar aqui. - Digo com o maior sarcasmo quem consigo expressar.
- É, eu to vendo. - Tira seus óculos e posso ver seus olhos verdes. - Por que você não me esperou para mim te dar carona? - Ele entra sem ao menos eu ter convidado. Ok, eu não iria convidar mesmo, apenas iria dar de costas e voltar para minha lasanha, e ele entraria de qualquer jeito.
Calma, ele está me dando uma bronca por eu não ter esperado por uma coisa que eu não sabia?
- E era para mim ter te esperado?
- Sim, fiquei te procurando durante quinze minutos e ai um cara que eu nem conheço me disse que você já tinha ido embora. - Ele está irritado e pelo incrível que pareça, dessa vez eu sou inocente.
- Harry, desculpa, mas eu não sabia que eu tinha que ter te esperado. - Falo com toda sinceridade. - E além do mais, quando o sinal tocou você sumiu e como não sabia onde você tinha ido, eu vim embora. - Explico e sua expressão amolece um pouco, mas só um pouco.
Ele continua parado com o corpo rígido, como se quisesse bater em alguma coisa. Poderia dar alguma coisa para ele socar, mas acredito que bater em almofadas não seja uma coisa que ele goste muito.
Tenho que fazer algo para o Harry calmo e brincalhão voltar.
- Harry. - Faço voz de criança e me aproximo dele lentamente, cutuco sua barriga com meu dedo. - Não fica bravo comigo. - Não sei de onde está vindo tanta confiança para fazer o que estou prestes a fazer, mas mesmo assim continuo.
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I Miss You H.S.
FanficCharlotte Carter nunca quis ser a princesa da Inglaterra, ser a única sobrevivente de um apocalipse zumbi ou ganhar um Oscar por atuar em algum filme muito famoso. Na verdade, nem popular na escola ela queria ser. Sua única vontade era de ter al...