12 - Cinderela de Patins

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- Patinar? Com assim vamos patinar? - pergunto um pouco mais alto do que deveria e algumas pessoas para de fazer o que estão e começo a olhar para mim, passar vergonha em publico já se tonou rotina. - Nós vamos patinar? - digo animada e enérgica ao mesmo tempo, nunca havia patinado antes, mas sempre tive vontade fazê-lo, só espero conseguir me manter em pé mais que cinco segundos.

Se eu me olhasse no espelho neste exato momento, com certeza veria meus olhos brilhando. Estava inquieta para saber onde ele iria me levar e agora que sei e estamos ai, não poderia estar mais feliz. Uma pista de patinação no gelo!

- Sim, agora vamos. - ele pega na minha mão e entrelaça nossos dedos.

Meu corpo se arrepia, não consigo sentir sua pele na minha, pois estamos de luvas, mas só de saber que ele tomou essa iniciativa de pegar na minha mão, uma certa euforia cresce dentro de mim. Nunca havia sentido isso com ninguém antes. Nunca namorei para falar a verdade, mas mesmo assim é um sentimento especial.

Andamos em passos moderados até a pista. Uma mulher pergunta nossos números de calçado e nos diz para sentarmos em um banco, enquanto ia buscar os patins. Harry já tinha soltado minha mão e se mantinha calado, talvez deixa-lo um pouco em seus próprios pensamentos, enquanto isso, observei o enorme campo à nossa frente. Várias pessoas se moviam levemente, como se estivessem flutuando no gelo, alguns casais patinavam de mãos dadas e alguns adultos ensinavam seus filhos a patinarem. Uma garotinha em particular me chamou a atenção, ela devia ter uns cinco anos de idade, suas perninhas se moviam desengonçadamente enquanto tentava se equilibrar nos seus pequenos pés, um homem que provavelmente era seu pai tentava ajuda-la, mas todas as vezes que ele esticava sua mão para ela, a menininha recusava e continuava tentando. O mais fofo disso era que toda vez que ela caía, uma gargalhada saía de sua boca e voltava a se levantar.

Sem me dar conta, um sorriso estava em meu rosto, não apenas por estar assistindo essa cena, mas pelo Harry ter me trazido até aqui, pois se não fosse ele não teria presenciado essa lição que muitas pessoas deveriam aprender também: Cair, se levantar e sorrir.

A mulher volta com dois pares de patins em suas mãos, um branco e o outro preto. Harry se dirige até o balcão e depois de pega-los, volta até mim. Estendo minha mão para que ele possa me dar o meu, mas ele ignora e se ajoelha no chão.

- Seu pé, por favor. - Ele pede. Não acredito que isso está realmente acontecendo. Quem diria, Harry Styles está de joelhos na minha frente, pronto para fazer a típica cena do sapatinho de cristal da Cinderela. Mas ao contrário do conto de fadas, eu não sou uma empregada, nem ele um príncipe, acho que teremos que começar a escrever nossa própria história.


[...]


- Harry, tenho uma péssima notícia para você. - Continuo segurando na barra fortemente, um passo em falso e eu posso me quebrar inteira.

- O que? - Ele entrega nossos tênis para a mesma mulher e se dirige até mim.

- Eu não sei patinar. - Não imaginava que a pista seria tão escorregadia. Pensei que seria o mesmo que patinar no piso normal, mas não, era muito mais difícil.

- Sério? - Ele me olha divertido e começa a se gabar deslizando como se fosse um profissional.

Bufo e começo andar em direção ao banco. Não vou me arriscar à quebrar alguma parte do meu corpo, ou escorregar e passar mais vergonha na frente das pessoas.

- Hey, espera! - Chama e eu paro. Seu cabelo está sendo jogado para trás por conta do vento e posso ter uma bela imagem de seu rosto, ele é tão lindo. - Vem, eu te ensino. - Estica sua mão na minha direção e hesitante eu aceito.

Fecho meu olhos e conto até três. É agora ou nunca.

Cravo meus patins no gelo e deixo que ele me puxe. Não é tão mau assim, o pior vai ser quando ele me soltar. Paramos em um lugar não tão cheio, a maioria das pessoas estão próximas a entrada e nós estamos em um lugar coberto por árvores, é um pouco escuro e assustador, mas prefiro desse jeito, pelo menos ninguém vai presenciar meus tombos.

- Posso te soltar? - Pergunta e eu aceno com a cabeça.

Lentamente deixo de sentir seu toque e quando me dou conta, estou paralisada sem saber o que fazer.

- É fácil, finge que você está andando, mas em vez de pisar diretamente no chão, você joga sua perna um pouco para trás. - Harry instruiu. - Assim. - Observo sua grandes pernas se moverem com facilidade, ele faz parecer tão simples.

- Ok, pisar no chão e jogar a perna para trás. - Repito suas palavras. Respiro fundo, mas quando vou dar o primeiro passo, me desequilibro e caio no chão, sinto uma dor invadir meu corpo, mas ai me lembro da menininha: Cair, se levantar e sorrir.

- Aqui. - Novamente ele oferece sua mão para mim e me ajuda a levantar. - Faz assim, olha para um ponto fixo e faz o que eu te disse. - Da outra dica.

Ele me deixa parada de novo e se afasta um pouco. Um ponto fixo, procuro por algo, mas a única coisa que encontro são seus olhos, a luz da lua está refletindo neles, o que faz com que o verde fique um pouco mais claro.

Faço o que ele disse e começo a patinar, meus pés se movem lentamente, mas a cada segundo a velocidade vai aumentando. Harry me disse como começar a andar, mas não me disse como parar. Instantaneamente paro de mexer minhas pernas e sou levada até ele.

- Harry, eu vou cair. - Mexo meus braços em busca de algum equilíbrio. Está escorregadio e meus pés não param quietos, é como se eu não mandasse mais neles.

Quando perco o equilíbrio de vez e sinto que vou cair, mas novamente os mesmos dois braços que me seguraram ontem voltam a me segurar, porém dessa vez estou mais acordada que nunca e posso ver seu rosto, já mencionei que ele é lindo?

- Parece que eu sempre vou estar aqui para te segurar quando você cair. - Sinto seus braços rodearem a minha cintura e apoio minhas mãos em seus ombros.

- Acho que eu não poderia ser mais sortuda por isso. - Respondo confiante. E me aproximo cada vez mais.

A quanto tempo eu queria isso mas não sabia?

A quanto tempo eu queria sentir seus lábios nos meus, mas preferi fingir que não?

Não importa, o importante é que estamos aqui.

Sua mão viaja para minha bochecha e me puxa para mais perto de seu rosto. Ninguém está aqui para nos atrapalhar e ambos desejamos que ninguém o faça.

- E eu também não escolheria nenhuma outra pessoa. - Sussurra e em questão de segundos nossas respirações são cortadas. Sua boca tem gosto de hortelã e seus lábios são macios como imaginei que seriam. Enrolo meus braços em seu pescoço e me deixo levar.

Posso estar cometendo um dos maiores erros da minha vida, mas quem se importa?

Cometeria esse erro todos os dias se fosse possível.


I Miss You       H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora