11 - Elogios Não Elogiáveis

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Faltam quarenta e cinco minutos para Harry vir me pegar. Não estou nervosa, mas também não estou calma. Não faço ideia do que esperar para essa noite, no bilhete dizia para eu me vestir com algo confortável, e foi exatamente o que fiz, vesti uma skinny jeans preta junto com uma blusa básica branca, e como está um pouco frio, vesti uma camisa xadrez roxa por cima para completar o look, fiquei com um pouco de dúvidas sobre o que calçar, mas depois de ficar encarando meu all star e meu coturno, optei pelo coturno. Não faço a mínima ideia se estou com a roupa adequada para um encontro, já que Sophia - minha melhor amiga estilista particular - não esteve aqui para me ajudar, pois ela não pode nem desconfiar que eu irei sair com Harry, não porque tenho vergonha ou algo do tipo, mas porque por enquanto quero deixar as coisas em segredo, para ver até onde vai dar.

Eu já estava cinquenta por cento pronta, só faltava o cabelo e a maquiagem. Não me importo muito em sair com a cara limpa, por isso passei apenas um pouco de pó, fiz fino delineado gatinho e passei muita mascara de cílios. Por mais que eu tenha lavado e secado meu cabelo, ele não estava em seus melhores dias e único jeito de resolver isso é enrolando-o ou prende-lo, mas está muito frio para deixar minha nuca exposta, pronto, ligo o babyliss e começo a fazer os cachos, e em questão de pouco tempo, ele já está bem melhor, deixando o meu look mais descontraído.

Fiquei praticamente a tarde inteira pensando em minha briga com Niall, nunca havíamos brigado de tal maneira e por mais que possa não ter parecido fiquei magoada por ele ter me tratado daquele jeito. Sei que posso estar sendo uma idiota por dar tanta confiança à um rapaz que conheci ontem, mas sinto que pelo menos dessa vez tenho que fazer alguma loucura. Sempre andei com um pé atrás e o outro na frente, mas quero dar dois passos ao mesmo tempo pelo menos uma vez na vida. Se vai dar certo ou não, eu não sei, mas tenho que arriscar para saber.

Ele deveria estar de cabeça quente quando disse aquilo, mas com certeza amanhã ele estará bem melhor para termos uma conversa civilizada, isso é, se ele quiser olhar para minha cara. Niall é mais que meu melhor amigo, ele é meu irmão, sei que posso contar com ele para qualquer coisa e é por isso que tenho que contar a verdade para ele logo. E se for como Soph me disse, o loiro nutre algum tipo de sentimento por mim. Niall é bonito, simpático e inteligente, todo mundo parece gostar dele, inclusive meu pai, mas nada disso adianta se sentimento não for reciproco e mesmo que eu tente dar uma chance a ele, as coisas não dariam certo.

Tiro esse pensamentos da minha mente, daqui dez minutos Harry apertará a campainha e é melhor que eu esteja de cabeça fria. Não quero ter nenhuma discussão por causa de sua frieza ou teimosa, se bem que hoje ele estava bem agradável, mas é melhor me prevenir da Bipolaridade Styles.

Quando coloco o celular dentro da bolsa, o som da campainha alerta sua chegada.

Desço as escadas rapidamente e quando abro a porta, lá esta ele parado com o rosto sério, mas logo que me vê, suas tão adoráveis covinhas surgem, me fazendo sorrir também.

- Olá. - Ele me olha de cima a baixo, o que me deixa um pouco desconfortável, mas não posso deixar de fazer o mesmo, ele está com calças e camiseta pretas e um casaco também preto, definitivamente preto o deixa muito atraente e bonito.

- Olá. - Digo depois de um tempo.

Seus olhos verdes estão cravados em mim, se fosse ontem, minhas bochechas estariam vermelhas, mas agora não, me sinto muito mais à vontade perto dele.

- Você está bonita. - Ele me surpreende com seu elogio inesperado.

- Obrigado. - Fico sem palavras. - Você também está bonito. - Digo sem me dar conta.

- Valeu. Então, vamos? - Aponta para o carro e eu o agradeço mentalmente por não haver comentários desnecessários por sua parte.

Quando entro no carro, uma voz calma atinge meus ouvidos, ele está ouvindo Ed. Sorrio automaticamente, meu cantor favorito, ele está ouvindo o CD do meu cantor favorito, a noite não poderia estar melhor.

'And I see fire, hollowing souls' canto baixinho e fecho os olhos. Sua voz me acalma, e letra da música ocupa minha mente.

- Coloquei as músicas dele porque me fazem lembrar de você. - Suas palavras me surpreendem novamente.

Onde está o Harry Styles de ontem? Onde está aquele rapaz que nem se despediu direito de mim ontem? Ele foi embora? Se sim. Este novo Harry é muito melhor.

O que devo responder?

Obrigado, mas eu não preciso escutar nenhuma música para me lembrar de você. Você está na minha mente desde que entrou por aquela porta e não quer mais sair.

- Obrigado, eu acho. - Decido por responder.

- E esse elogio foi porque eu gosto de ter ver sem graça. - Ele ri. - E isso quer dizer que virão muitos outros elogios essa noite.

Jogo minha cabeça para trás, nunca fui muito boa em lidar com elogios, sendo eles falsos ou não.

- O resto da noite? - Olho para ele, que diz que sim a cabeça. - Droga. - Reclamo de brincadeira.

- Esqueci de te dizer, gostei das suas roupas. - E a tortura começa.

- Por que? São roupas simples. - Não sou o tipo de garota que gosta de usar vestidos, saias, saltos ou sapatilhas.

- É por isso mesmo, aposto que se eu convidasse aquela garota que senta do nosso lado para um encontro, ela estaria parecendo uma árvore de Natal. - Automaticamente solto uma gargalhada.

- Você não presta. - Digo no melhor sentido da palavra.

O resto do caminho foi baseado em ver quem conseguia ficar sem respirar por mais tempo, ou quem conseguia contar as piores piadas. Ele ganhou, pois eu começava a rir antes mesmo de dizer a primeira palavra.

Enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas e minha barriga começar a doer por eu dar tanta risada, notei que estávamos entrando na cidade, as luzes londrinas começaram a entrar no meu campo de visão, o Big Ben estava gigante mesmo que estivéssemos longe dele, alguns turistas tiravam algumas fotos encostados à famosa cabine telefônica vermelha e outros apenas observavam a paisagem. Fazia muito tempo que eu não vinha aqui, já tinha até me esquecido em como Londres era uma cidade maravilhosa.

Andamos por mais algum tempo, até que chegamos ao que parecia ser uma feirinha. Ambos saímos do carro, ele parou ao meu lado e se virou de frente para mim.

- Fecha os olhos. - ele manda e logo começo a ficar desconfiada. Suas mãos estão atrás de seus corpo, sinal de que ele está escondendo algo.

- Pra que? - pergunto colocando a cabeça um pouco para o lado e tentando ver o que ele está tramando.

- Só faça o que eu mandei.

Suspiro e realizo sua ordem.

Fico um pouco nervosa pelo que ele possa fazer, mas logo sinto algo quente em minha cabeça. Um gorro? Por que ele está me dando um gorro?

- Pra que isso? - olho meu reflexo na janela do carro. Ele é todo preto e tem uma bolinha em cima, fofo.

- Para te deixar aquecida. - Explica. - E tem isso também, me dê suas mãos. - Dessa vez luvas da mesma cor cobrem meus dedos.

- Obrigado pelos presentes, mas não está tão frio assim. - Esta noite está longe de ser uma das mais quentes, mas também não é uma das mais frias.

- Mas vai ficar. - Ele começa a vestir luvas também. Ainda bem que ele não colocou um gorro, caso contrário cobriria seu lindo cabelo.

- Por que?

- Porque vamos patinar no gelo.


I Miss You       H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora