CAPÍTULO 31 - O MAIOR REI DE TODOS OS TEMPOS

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NÃO EXISTE RIQUEZA E PROSPERIDADE MAIOR PARA O AFRICANO DO QUE A FERTILIDADE E UMA FAMÍLIA NUMEROSA. É através da descendência humana que nos tornamos imortais e escrevemos nosso nome na história de um povo e do planeta. O "bom caráter" é preconizado por todos os sacerdotes de Ifá, os depositários da religião tradicional Iorubá. Um Rei é o escolhido divino e faz parte do gene dos Irunmolés no Aiyê, como Oduduwá, o Deus vivo ficou conhecido e posteriormente a sua descendência.

Depois da morte de Oduduwá e da subida ao poder de Oramyam, o semideus de cores distintas verticalmente, devido a seu nascimento mítico e único, onde foi concebido de dois pais: Oduduwá e Ogum. Do lado direito a cor negra de Ogum e do lado esquerdo a cor albina de Oduduwá. Desde que nasceu, todos ficaram assustados por causa de sua pele duplamente colorida, considerado uma sinal de auspiciosidade ou talvez maldição, os pais aquietaram-se e a vida seguiu um rumo diferente do que esperava-se. Oramyan era especial e seria no futuro o maior e mais poderoso rei africano de todos os tempos.

Nos dias seguintes ao falecimento do Oni de Ilê-Ifé chegaram notícias desencontradas, o que atiçou a curiosidade de todos no reino, do povo à sua família, o disse me disse chegou a um nível alto, com o acompanhamento ansioso de todos pelos acontecimentos da família real: Tão logo fora empossado, Oramyam, o filho mais novo de Oduduwá, que já era considerado pelo falecido rei como seu braço direito, devido as grandes vitórias que tinha conseguido ao anexar importantes reinos, cidades e aldeias vizinhas pela força, conquista e por sua sabedoria, pois muitas vezes dividiu o governo quando solicitado por seu pai, sendo respeitado por suas decisões e julgamentos por todos, já que seus outros irmãos seguiram seus desígnios e foram povoar regiões distantes, distribuindo assim o poder, formando o império geográfico pertencente a seu pai, que comandava a todos, pagando tributos, menos seu irmão, o também príncipe Obàlùfan Ògbógbódirin, que permaneceu com eles, pois tinha decidido levar sua vida ao serviço de seu pai.

Décadas antes dele morrer, Oduduwá o chama para uma conversa em particular. Quando Oramyan chega e se apresenta para ele, seu pai lhe conta de seu desejo de expansão do seu Império e ordena então que Òrànmíyàn conquiste as terras mais ao norte de Ifé, pertencentes aos orgulhosos povos da etnia Tapas, seu filho escuta atentamente aos argumentos de seu pai e acrescenta sua opinião de que devem realizar a maior expedição já vista no Aiyê. Oduduwá lhe confidencia que já tinha tudo planejado e que inclusive já tinha requisitado que mais dois de seus filhos e seus exércitos se pusessem sob suas ordens. Quando ele conquistasse tudo após sua vitória, deveria seguir mais ao Oriente, nas lendárias cidades de onde Oduduwá teria vindo fugido, como uma forma de desagravo e vingança, por ter sido expulso e aos seus de lá por seu pai, o Rei Lamurudu, que foi vítima de uma conspiração, onde o principal prejudicado foi Oduduwá.

Ele então reúne uma grande expedição militar, com o exército de seus irmãos, perfazendo um total de dois mil homens armados e suas montarias e parte para cumprir a vontade de seu pai.

A viagem é demorada e ele enfrenta muitos percalços durante o caminho, mas não consegue cumprir a tarefa e é fragorosamente derrotado depois de uma guerra longa e muito difícil, onde perde muitos de seus homens, inclusive muitos importantes membros de casas tradicionais da nobreza e altas patentes do exército, num verdadeiro massacre, escapando da morte certa que o rei Tapa Elempê e seu exército lhe impôs, pois não conhecia tanto o terreno quanto a estratégia militar dos mesmos. O impacto dessa derrota reverberaria durante muito tempo em sua mente.

Uma séria discussão irrompe depois de empreenderem fuga entre Oramyan e seus irmãos, sobre a responsabilidade dessa derrota, pois o acusaram dentre outras coisas de ser o mentor da expedição, sem pensar numa estratégia de combate frente ao poderio do inimigo. Não havendo como apaziguar os ânimos, eles acabam por separar-se durante a volta.

Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora