CAPÍTULO 61 - A MALDIÇÃO

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OGYAN, DENTRE OUTROS NOMES, FICOU CONHECIDO COMO AJAGUNÂ, O GUERREIRO BRANCO, QUANDO MUITO JOVEM AINDA, POR CONTA DE SEU DESTEMPERO, SENDO EXTREMAMENTE VIOLENTO, ISSO O LEVOU PRÓXIMO A LOUCURA, AO PROCURAR AJUDA, DESCOBRIU QUE SEU ORI (CABEÇA INTERIOR) ERA DUPLO, POSSUÍA DENTRO DE SI O AXÉ BRANCO DOS FUNFUNS, QUE EM VEZ DE ESFRIÁ-LO, ESQUENTAVA-O E O PRETO, QUE ESFRIAVA-O, DOADO POR IKÚ. ESSAS NATUREZAS TÃO ESTRANHAS E DIFERENTES O LEVARAM A QUERER MORRER, POIS ERA INCOMPLETO, O QUE AFETAVA TODA SUA VIDA.

PROCURANDO POR SEU EQUILÍBRIO PASSOU A SER DEFENSOR DO AXÉ DOS FUNFUNS (BRANCOS), DENTRE ELES, O DE OBATALÁ, NO QUAL ERA INICIADO EM SEUS SEGREDOS, O QUE AMENIZOU UM POUCO SEU MAL ESTAR.

MAS O TEMPO TANTO CURA, COMO REABRE AS FERIDAS, TESTANDO NOSSOS LIMITES E POR TER SEMELHANTE DISFUNÇÃO EMOCIONAL, A SITUAÇÃO CHEGOU A TAL PONTO QUE NÃO AGUENTANDO MAIS, PROCUROU AJUDA PELA ÚLTIMA VEZ.

QUIZ O DESTINO QUE ELE SOMENTE EQUILIBRARIA-SE APÓS RECEBER O ATORI DE OYÁ, ENTÃO ESPOSA DE OGUM E DE SEU AMIGO, O ONIRÊ LHE PRESENTEAR COM UMA ESPADA, QUE ELE CONSEGUIU ESPANTAR A PRESENÇA DE IKÚ E SEU ORI MOLDOU-SE, TORNANDO-SE AZUL E PORTANTO EQUILIBRANDO-O.

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Os olhos do Ejigbô demoraram a focar-se depois do transe recente, mais abriram-se demasiadamente em susto ao perceber a bolsa sagrada do Iwá nas mãos da mulher poluída pela menstruação, havia uma comoção em torno dela, um som de êxtase exclamado e sussurrado, sorrisos e espanto como o que o seu rosto demonstrava. Nunca antes em sua vida, Ogyan havia visto semelhante sacrilégio. Seu grito ecoou pelo salão e todos retesaram-se, incluindo Oxum que ainda segurava a relíquia sagrada.

_ QUE LOUCURA É ESSA? Como essa mulher em estado de impureza consegue segurar o Iwá? Porque ninguém impediu essa loucura? – gritou e correu para arrancar com rispidez o objeto que Oxum segurava.

As pessoas ficaram sem reação, porém Orunmilá veio a frente de sua filha e segurou o braço do homem descontrolado que se erguia para bater em Oxum, que recuou para traz de seu pai.

_ A que loucura está se referindo alteza? Aqui diante de todos só conseguimos ver a sua!

Ogyan ficou ofendido diante da intervenção do Babalawô e quando ia replicar foi contido pelo Imperador Oranmyam que pedia calma a seu amigo, sem entender direito o que o levava a tomar aquela atitude.

_ Calma meu amigo! Explique-se, pois aqui ninguém está entendendo o que você está falando. Diga-nos o que o incomoda!

_ Como assim explicar? Como permitem que essa ... mulher segure o Iwá? Ainda mais de regras, um dos maiores tabus para um Funfun? Exijo que seja castigada exemplarmente! Só pode ser uma bruxa astuciosa para ter tamanha audácia!

_ Mas alteza, Obatalá veio em seu corpo e abençoou a jovem Oxum como guardiã do emblema enquanto o senhor estivesse em missão! – falou Oranmyan, no que muitos concordaram.

Ogyan parecia tomado por uma fúria sem fim, Oxum ao escutar aquilo sentiu arder em seu peito o vermelho da revolta e saiu detrás de seu pai ficando a poucos metros do Ejigbô, encarou-o altivamente e lhe disse:

_ Eu não pedi por semelhante honra, porém a recebi da mãos de Obatalá, depois dele dobrar-se perante a mim e chamar-me de Iyalodê! Se existe alguma loucura ela vem de vossa parte.

Ogyan levantou sua mão e esbofeteou-a, fazendo-a recuar silenciosamente, seus olhos encheram-se de lágrimas, quando sua mãe e a Imperatriz Moremi acudiram-na, ela as afastou, dizendo que estava bem. Os espectadores exclamaram diante da ação do homem.

Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora