NA IMENSIDÃO PROFUNDA, ODUÁ E AS IYÁ MI VIAJAM NA CONFLUÊNCIA DAS DIMENSÕES COMO UMA PLUMA, PASSANDO POR SEUS CORREDORES E VIAS. O QUE SE PERCEBE A FRENTE DELAS, SÃO AS MEMBRANAS SEREM TOCADAS E ESTICADAS, DEPOIS SEREM PENETRADAS E ELAS SEGUIREM LIVRES POR ELAS. AS MÃES SAGRADAS USAM SUAS FORMAS HÍBRIDOS ENTRE PÁSSAROS E HUMANA, POIS ASSIM PODEM PERCORRER OS LONGOS CAMINHOS COMO UM PISCAR DE OLHOS HUMANO.
NUM INSTANTE O ÒPÓ-ORUN-OÚN-AIYE, O PILAR QUE LIGAVA TUDO FOI DEIXADO PARA TRÁS E A FRENTE DELAS APARECERAM AS TREVAS CAUDALOSAS E ABISMAIS. TODO SER VIVENTE E DIVINO SENTIA SUA FOME E FRIO, SE OLHASSEM BEM VERIAM SEUS DESFILADEIROS ESCUROS, QUE MUDAVAM DE COR FREQUENTEMENTE. RELUZIAM COMO GEMAS VERMELHAS, BRANCAS E NEGRAS. AO LONGE, DESCORTINAVAM-SE AS ESTRELAS, PLANETAS, GALÁXIAS E BURACOS NEGROS DISTANTES, NA SUA MÚSICA CRISTALINA, O TEMPO MOVIA-SE NESSA MISCELÂNEA PÁLIDA, JUNTO A LUZ, AO SOM E AO TEMPO COMO UMA AMPULHETA QUE UNIAM-SE NAS RAÍZES INVERTIDAS DA TRANSCENDENTE ÁRVORE IRUNMOLÉ, IROKO.
A PARTIR DALI QUEM OUSASSE OLHAR PARA TRAZ VERIA DAN, A COBRA OXUMARÊ, O COLOSSAL FILHO DE NANÃ BURUKU COM O IRUNMOLÉ OXALÁ QUE PERCORRIA COM SUAS ONDULAÇÕES E SEU CORPO REPTILIANO TODAS AS ESFERAS ESPIRITUAIS, SUSTENTANDO A TUDO, ENQUANTO SUAS ESCAMAS IRRADIAVAM ARCO-ÍRIS.
OS DOBLES ELEMENTAIS CONFLUÍAM E TRAFEGAVAM LIVRES: A ÁGUA DO RIO SAGRADO NIGER, O VENTO, A NÉVOA, A ÁRVORE E OS ESPÍRITOS.
QUEM AS VÊ SEM SER PERCEBIDO É EXU. ELE AS SEGUE ATRAVÉS DE CADA PARADA QUE ELAS DÃO EM CADA UMA DAS DIMENSÕES DOS ORUNS. ELE ESTREMECE, TREMELUZINDO, COEXISTINDO EM TODOS OS TEMPOS E LOCAIS, AS GRANDES MÃES AINDA NÃO O PERCEBERAM, NEM MESMO A QUASE ONIPRESENTE, ODUÁ QUE SEGUE A FRENTE DAS SUAS FILHAS, AS IYÁ MI. TEEM UMA META ESTABELECIDA E O TEMPO MUITAS VEZES DOBRA-SE CRIANDO POSSIBILIDADES QUE AS ENRAIVECEM, HÁ URGÊNCIA, COMO O DIA QUE PERSEGUE A LUA, SEGURANDO O SOL.
Por fim chegaram ao seu primeiro destino: Oruun Ìsòlù ou Àsàlù, o verdadeiro nome do popular Local de Julgamento, onde Olodumarè, a Consciência Criadora emitia seu parecer depois de escutar o sábio Onibodê, Guardião daquela passagem, que retira do corpo e da mente de cada ser senciente tudo o que foi acordado antes da reencarnação, através do toque de suas mãos ásperas, num processo extremamente doloroso, pois faz o espírito reviver cada parte de sua vida sem interrupções, em outro sentido é como morrer novamente, cônscio de que já está morto. Depois dessa etapa, vem o enfrentamento com Elenini, a Grande Guardiã da Câmara Interior de Olodumaré e Mãe dos Obstáculos, que com seus milhões de olhos do qual nada escapa e relata a ele todos os obstáculos pelos quais a pessoa passou e suas consequências, seus defeitos e perdas, depois desse julgamento era que O Primevo, decidia para qual dos respectivos Orùns o julgado será conduzido.
O Orun Àsàlù era um local relativamente pequeno, espraiado, horizontal, em seu centro via-se a construção rústica, feita de pedras, seu caminho sinuoso que levava a sua entrada e a sua saída, onde os mortos eram encaminhados em uma fila infinita e perpetua. Não viam-se ornamentos, era tudo muito austero, reto e limpo. As pessoas não captavam o seu tamanho real, pensavam uma coisa e era muito maior do que percebia-se.
Quando pousaram, os mortos assustaram-se e saíram de seu caminho, contornando-as como formigas fazem com algo que as incomoda. Odúa carregava seu adô (cabaça sagrada) e dirigiu-se a um átrio meio escondido. As Iyá Mi continuavam como híbridos, mas Oduá voltara ao normal, mantiveram-se afastadas. No centro do local, numa pedra sentada com um sorriso manso estava Elenini. Esperava-as.
_ Mojubá Senhora!
_ Mojubaxé irmã! Esperava-nos? – Perguntou Oduá sorrindo e estreitando a mulher em seus braços.
_ A muito tempo irmã! Mas antes tarde do que sempre. – Respondeu sarcástica a Mãe dos Obstáculos. Oduá crispou seu rosto.
_ Ainda és muito impaciente Grande Mãe. O que queres de mim?
_ Se sabes tanto, já tens a resposta!
_ As respostas nem sempre nos agradam.
_ Sim ou não? – Perguntou incisiva Oduá.
Percebia-se o farfalhar de cílios quando a mulher fechou todos os seus milhões de olhos espalhados pelo corpo e suspirou. Sorriu e abriu-os todos de uma vez.
_ Podes pegar o que quiseres. O que há de vir haverá de ser imensamente agradável de se ver.
Dizendo isso Oduá acariciou o rosto da mulher, sentindo sob sua pele os globos oculares se fechando ao seu toque doce e materno. Então uma de suas unhas afundou na pele negra da Mãe dos Obstáculos, que fechou instintivamente seus olhos e quando olhou novamente, na mão esquerda de Oduá pulsava dois olhos que movimentavam-se vivos. Curiosos.
Oduá então a beijou na testa inesperadamente e os depositou em sua imensa cabaça, que contraiu-se por instantes como se tivesse sido fecundada. Uma luz terna rodeou-a e então foi tapada.
_ Finalmente! Minha criação está recomeçando.
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Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)
Fantasia#Trailblazers #Wattys2016 Na África Mítica, uma conspiração ancestral, faz com que uma guerra fratricida sem precedentes irrompa entre os Brancos, os criadores do Universo e os Eborá, seus descendentes mantenedores e continuadores da cria...