Esperança: Fisioterapia

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Já dentro da clínica, Noah rolou a cadeira até a recepção e parou em frente ao balcão, do seu lado, seu pai.

—Boa tarde. — George iniciou a conversa com uma das recepcionistas. Aquele homem sempre foi bom de papo. Na verdade, bom até demais... O que ele tinha de bom, tinha de excessivo. E, levando em consideração a comparação, aquele homem era excessivo até demais.

Uma conversa que poderia levar dois minutos, levou dez. Noah até colocou, com as mãos, uma perna sobre a outra e ficou encarando seu pai, que não se tocara que o filho queria dar-lhe um chute na bunda. Nem que, para isso, precisasse da ajuda de alguns médicos.

Quando a conversa finalmente terminou, Noah e seu pai foram conduzidos por um corredor até uma sala à esquerda, onde encontrava-se um senhor de meia idade.

—Doutor Harry. —Falou a mulher ao bater na porta, que estava aberta. —O paciente chegou.

Ela abriu um espaço para que Noah pudesse passar e seu pai o empurrou para dentro.

O médico, que estava sentado quando Noah entrou, levantou-se e caminhou até o garoto, estendendo a mão para ele apertar.

—Olá, garotão. Noah, certo? — O menino assentiu, apertando a mão do homem. — Muito bem. Está dois minutos atrasado, mas vou relevar. — Continuou o homem, num tom de brincadeira.

George bateu no ombro do filho e deu alguns passos para fora da sala.

—Vou estar na recepção te esperando. — Disse o homem e Noah acenou para ele. A porta foi fechada pela recepcionista, que também saiu, e o fisioterapeuta empurrou a cadeira de Noah até uma maca encostada na parede.

—Então — Falou o homem e ajeitou a maca, arrumando o travesseiro para Noah. —, acidente de carro, né?

O garoto novamente assentiu.

Doutor Harry segurou o menino por debaixo dos braços e o colocou sentado sobre a maca com certa dificuldade.

—Uhr, não sou tão novo como antigamente. —Reclamou, passando a mão nas costas.

Enquanto Noah deitava-se na maca, a porta se abriu. Um garoto de aproximadamente um metro e noventa adentrou apressado. Ele vestia uma camisa polo branca, calça jeans e sapato social. De seu ombro, uma mochila se pendia e um boné cobria seus cabelos cacheados.

—Desculpe a demora, Doutor. A faculdade fica um pouco longe daqui, ainda tive que passar em casa para tomar banho, trocar de roupas e tal. —O garoto explicou-se, andando na direção do médico. Noah ficou o observando.

—O paciente acabou de chegar, também. Você é o...? — respondeu Doutor Harry.

—Matheus. Matheus Thompson. — O garoto abriu um sorriso de lado. — Sou o novo estagiário... cheguei no começo do ano.

—Ah, sim! O da faculdade de Ohio. Certo, Matheus. Coloque sua roupa e pode começar com o paciente. Já te expliquei como é o procedimento, não já?

—Sim senhor, semana passada e retrasada, eu acho.

Matheus desviou seu olhar para Noah, que ainda o observava e abriu um sorriso de lado.

—E o que está esperando? — Perguntou o homem, depois de constatar que seu estagiário ainda estava parado no mesmo lugar. — Vá se trocar.

—Imediatamente, senhor. —Ele respondeu e desviou seu olhar, seguindo em passos apressados para uma portinha no final da sala.

...

Alguns minutos depois, Matheus saiu vestindo um jaleco branco, um pouco menor do que o de Doutor Harry. Ele ajeitava a blusa por baixo, quando levantou o olhar para Noah.

As vicissitudes da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora