O baile de formatura estava cada vez mais próximo e, como era de se esperar, tudo na escola girava em torno disso. Vitor e Yasmim já haviam passado pela semana de provas e esperavam pelos resultados para finalmente dizer oi às férias. Yasmim estava superanimada. Agora, com um namorado, já tinha inúmeras ideias de o que fazer durante os meses do verão. Ela não parava de falar de como será bom fazer maratonas de animes com Drake e blábláblá. Uma mistura inadequada de romance e "nerdices".
Vitor, por outro lado, estava cabisbaixo já havia alguns dias. A ficha finalmente havia caído para ele de que, depois da formatura, nunca mais veria Peggy. A menina de seus sonhos, que dançara com ele no baile de inverno, partiria para uma faculdade em outro estado do país, o que destruiria todos seus planos amorosos. E para piorar, ele não tinha conseguido se quer um beijinho de Peggy. Nem mesmo se declarou de forma adequada.
—Então é a sua última chance. Convida ela para o baile de formatura, oras!— Disse Yasmim, encorajando o amigo. Os dois estavam sentados no refeitório do colégio, faltando pouco menos de uma semana para o baile.
—Está louca, Mym? É um baile de for-ma-tu-ra. Sabe o que significa? Quem convida é quem está se formando. —O garoto soltou um suspiro desanimado. —E tem mais. Eu nem sei se ela aceitaria o convite. Já deve até ter par...
O menino cruzou os braços e fitou sua bandeja do almoço. A gelatina de morango, que era sua sobremesa preferida servida na escola, não parecia tão apetitosa quanto costumava ser.
—Ué, então dá uma de desentendido. Pergunta pra ela se tem um par e, se ela disser que não, faz uma piadinha meio indireta, tipo: "Você não tem par? Ah, eu também não tenho, haha. Então, vamos fechar?" — A menina gesticulava com a colher em uma mão e o copo de gelatina na outra. — Vai que dá certo.
Vitor não conseguiu rir, apesar da cena ser engraçada. Estava preocupado com o arruinamento do seu futuro perfeito ao lado de uma linda oriental. Já havia até pensado nos nomes de seus filhos e em como faria para que eles formassem uma banda de k-pop mundialmente famosa e amada com um nome fácil e formado por letras e números.
—Essa sua ideia é... horrível.
—Tem alguma melhor? —Questionou a garota, impaciente. Ela apoiava completamente o romance entre Vitor e Peggy, porém já estava ficando de saco cheio da vergonha do amigo. Até pensou em ir ela mesma falar com Peggy a respeito dos sentimentos reprimidos do rapaz, mas ficou com medo de ele a odiar caso as coisas não acontecessem da maneira esperada. Vitor era um menino doce e gentil, porém Peggy estava no último ano, indo para a faculdade. Por mais que não quisesse admitir em voz alta, achava o namoro de Vítor com a menino muito improvável.
O menino não respondeu. De fato, ele não possuía uma ideia melhor. Para falar a verdade, o menino não tinha nenhuma ideia.
De repente, Peggy desviou o olhar para o lado e seus olhos cresceram. Ela endireitou-se na cadeira e puxou a manga do casaco do menino, sussurrando logo em seguida:
—É a sua chance! Peggy está aqui.
Vitor então olhou para o lado, já esperando ver a menina ao longe, entrando pela porta do refeitório com seus cabelos voando ao vento, como em um filme colegial. Porém, para a sua surpresa, a menina estava a poucas mesas dele, caminhando em sua direção. De repente, apavorou-se. Por algum motivo irracional, quando ele estava perto daquela menina sua barriga começava a doer e tudo o que estava em sua mente parece embaralhar-se.
Subitamente ele voltou-se para a amiga, a expressão congelada.
—Ela está vindo para cá! —Sussurrou tão alto que alguém de outra mesa poderia muito bem tê-lo ouvido.
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As vicissitudes da vida
RomanceÉ curioso o que um acidente de carro pode fazer na vida de suas vítimas. É algo com um poder tão destrutivo e impactante, embora tão normal de se ver nos noticiários da televisão. Alguma vez já imaginou o que acontece com as pessoas após o acidente...