De volta para casa

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Olá para todos os leitores de "Aquela Noite"! Gostaria de agradecê-los por lerem minha história. Quando comecei a escrever somente tinha a certeza que eu seria o primeiro leitor, jamais sonharia que tantas pessoas a leriam e gostariam dessa forma diferente e esquisita de escrita rápida, onde o mais importante é a história, deixando boa parte dos detalhes para a imaginação de quem lê. Como um quadro ou uma poesia que terá sua avaliação diferente dependendo da pessoa.

Quem quiser acompanhar a página do livro acessem o link: https://www.facebook.com/aquelanoite2016/

Eu manterei alguns capítulos aqui no Wattpad, pois a história acabou de entrar em pré-venda pela editora PenDragon. É possível adquirir o livro pelo site da editora

http://www.editorapendragon.com.br/ ou http://goo.gl/84eJub

Fábio Vera Cruz

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Oh! Que saudades que tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/que os anos não trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que flores,/naquelas tardes fagueiras,/ à sombra das bananeiras,/ debaixo dos laranjais! (Texto retirado do poema "Meus oito anos" do grande poeta Casimiro de Abreu, 1856).


Enfim, depois de horas de viagem chegava a minha cidade, Casimiro de Abreu, que tem esse nome devido ao famoso poeta nascido aqui. Uma cidade entre Campos e Rio de Janeiro, que divide o rural com o moderno, onde ainda temos pessoas vivendo com lamparinas e lampiões e ao mesmo tempo com internet e televisão a cabo. Adorava tudo nessa cidade, mesmo que me vendassem os olhos, pelo cheiro eu saberia que estava de volta, o cheiro de velho e novo, o cheiro de grama e asfalto, o cheiro de casa.

Eu morava em um apartamento que ficava acima de uma pequena loja no primeiro andar, que era o meu sustento. Vendia ali de tudo um pouco. Percebo que meu carro foi recuperado e já estava em frente ao prédio. Ao entrar em casa, me pareceu ter passado uma eternidade do momento que fui acampar até agora. Era como se estivesse lembrando de outra vida. Senti-me estranha em minha própria casa. Após tomar um banho e dar uma pequena arrumada no apartamento ao estilo tia Anne. Peguei meu livro de história favorito e joguei-me na cama, enquanto folheava as páginas respondia a milhares de mensagens que meus amigos e amigas tinham me deixado, Vitória e Ester correspondiam à metade delas. Na última, porém elas estavam me chamando para a "Rave da fazenda", uma festa que dura dias sem cessar, esta era aqui mesmo em Casimiro, próximo à estrada federal BR-101. Eu precisava me distrair, respondi pelo celular dizendo que iríamos juntas. Peguei as chaves do carro, abri a geladeira e bebi uns dois copos do famoso chá de ervas secas da minha mãe e saí.

- Olha aí quem apareceu! – Disse Ester ao me ver chegar em meu carro, ela e Vitória já estavam do lado de fora me aguardando.

- Olá meninas! Vamos nessa?

- Espere um pouco Sarah! Não vai nos contar o que aconteceu? – Vitória disse, chegando mais perto do carro. – Toda a cidade só comenta da sobrevivente.

- Como conseguiu chegar tão longe? Foi encontrada em Minas né? – Perguntou Ester, também se aproximando.

- Vamos falar sobre isso uma outra hora? Preciso tirar meu stress e não aumentá-lo.

- Tá bom! Mas ele ficou bastante preocupado com você. Sabia? – Ester disse enquanto olhava para suas unhas da mão.

- Problema é dele! Não quero mais saber desse verme! Vocês tem certeza que são minhas amigas mesmo?

– disse em tom de sarcasmo. Vocês sabem o que ele fez comigo né?

- Algumas pessoas perdoam uma traição.

- Mas eu não Ester! – Disse com veemência.

- Eu também não perdoaria. – Completou Vitória ao entrar no carro.

- Mas você, tipo, foi apaixonada por ele em todo o segundo grau. Tem certeza que quer desistir dele?

- Foi ele quem desistiu de mim Ester. Querem saber de uma coisa? O homem que me salvou na floresta era um gato! Nem lembro mais do Victor depois de conhecer ele – menti. Depois rimos bastante no caminho até a festa, além de perguntarem tudo sobre o Douglas, me deixaram a par do que tinha acontecido em minha ausência.

Ao chegar, notamos que a rave estava lotada! A coisa que mais gosto depois de estudar história é dançar e nesta noite iria abusar desse direito.

Depois de uma hora na festa e de já ter dispensado meia dúzia de caras que queriam ficar comigo, Vitória e Ester sumiram, estranhei, mas continuei seguindo o ritmo da música eletrônica. Quando dei por mim, estava frente a frente com meu ex-namorado.

- Victor! – Falei assustada! De todas as pessoas que eu poderia encontrar ali, por que justo ele?

- Olá Sarah! – Ele agora estava mais perto.

- Eu estava preocupado! - Ele me gritou ao ouvido. A música estava bem alta onde estávamos. – vamos sair um pouco daqui.

Eu, como uma tola, apenas segurei em sua mão e o acompanhei para uma distância em que pudéssemos conversar.

- Eu não quero falar nada com você Victor! Obrigada por ficar preocupado, mas agora que você está vendo que estou bem, pode ir embora.

Ele passou os dedos de sua mão em meu rosto, alisando, me olhava nos olhos, eu virei o olhar para outro lado. Olhei novamente para ele, não conseguia esconder que ainda tinha atração por ele, seus olhos castanhos claros, seu rosto perfeito, como o um galã de novelas.

- Não é o que seus olhos dizem! – Ao dizer isso ele me segurou pela cintura me puxando suavemente, eu podia sentir cada célula do meu corpo cedendo, mas eu não queria. Lutei mais um segundo, mas acabei me entregando ao seu beijo, beijei-o de volta. Tinha saudade desse sentimento, dessa sensação de seu corpo, de seus lábios. Era como se tudo ao redor tivesse sumido, depois de um tempo nos olhamos novamente, era como se eu tivesse acordado de um lindo sonho. Mas não estava mais feliz, estava furiosa! Dei um belo tapa em seu rosto, com mais força do que queria na verdade. Fazendo-o cair zonzo na grama. Joguei minha cerveja sobre ele e saí dali em sentido ao meu carro. No caminho ainda ouvi uma galera me aplaudindo, satisfeitos.

Liguei para as meninas comentando o ocorrido, elas me disseram que iriam pegar carona com alguém, então decidi voltar para casa. Meus livros de história nunca me traíam. Tinha muito para me preocupar, estava chegando o dia do vestibular, eu iria cursar história na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), esse era o meu sonho desde sempre.

Ao chegar no meu bairro, saí do carro, como sempre faço, mas me senti estranha. Era como se alguém em algum lugar estivesse me observando, das sombras. Todo mundo devia estar na Rave, pois as ruas estavam desertas não importava para onde eu olhasse. A única coisa que posso admitir com certeza era o fato que sentia um cheiro bastante familiar. Enfim, acabei entrando sem ver ninguém, deveria ser apenas impressão.

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