A Carta

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Levamos minha mãe para meu apartamento, apesar dele estar fechado há algumas semanas ainda era o melhor lugar para onde poderíamos ir nessa hora. Não queríamos chamar atenção de ninguém nesse momento.

- Douglas, como chegou aqui tão rápido? - Eu perguntei curiosa não agüentava mais esse mistério todo.

- Eu escutei uma voz. Essa voz me acordou e me explicou o que estava acontecendo.

- Uma voz? Como nossa comunicação mental?

- Bem parecida! No início eu fiquei confuso, mas logo que soube que você estava com problemas eu me acalmei e a ouvi atentamente. A voz me disse que poderia me trazer até aqui. Você me conhece, nem pensei. Senti-me mais leve, tudo ficou mais iluminado ao meu redor. Eu estava flutuando, não sentia mais meu corpo, era como se tivesse tudo dormente. Olhei para o lado e apenas pude ver uma sombra. Atravessamos as paredes como se fossem feitas de espuma. Eu podia sentir minhas moléculas ajeitando-se para passar nos espaços microscópicos da parede. Enfim, voávamos em uma velocidade inacreditável.

- Quem era essa sombra?

- Ele não me disse. Apenas me deixou perto de sua mãe e desapareceu. Eu voltei a ficar com meu corpo físico novamente.

- Porque a Nicoly não sentiu sua presença?

- Lembra como os caçadores ficaram invisíveis à presença daqueles milhares de vampiros na nossa primeira batalha? Eu usei aquilo.

- Sim! Estou louca para saber o que é.

- Desculpe-me, é um segredo de caçador. Eu teria que matá-la se contasse. – Rimos um bocado.

Enquanto o Douglas ficava cuidando de minha mãe, aproveitei para pegar minhas correspondências. Nossa! Minha caixa de correios estava lotada.

Separei dentre elas duas que fizeram meu coração bater num ritmo alucinado.

A primeira delas confirmava que eu tinha passado no vestibular. Iria realizar meu sonho, cursar história! Quando eu pensava que nada poderia me deixar feliz nesse momento eu percebia o quanto eu poderia estar errada. Eu não tinha certeza se queria ler a outra carta. Somente tinha o nome do destinatário, mas eu podia sentir o cheiro do meu pai impregnado nela.

Subi as escadas olhando para a carta. Como se por mágica ela fosse abrir e me dizer o que estava escrito ali. Eu vi isso em um filme de bruxos uma vez. Entrei em casa, o Douglas usava o seu dom para saber o que eu estava sentindo.

- Sarah, é uma carta do seu pai?

- Sim! Não sei por que não consigo abri-la. Ainda tenho ódio desse cara. Não sei se sou grata a ele, não sei se ele está morto realmente.

Douglas pegou a carta das minhas mãos, abrindo-a e me entregou novamente.

- Se fosse uma carta do meu pai eu iria querer ler.

Olhei novamente para a carta, algumas lágrimas minhas caíam quando li as primeiras palavras.

Querida Filha

Desculpe por fazer você sofrer tanto. Era necessário! Eu precisava de sua ajuda para me livrar de todos os que me caçavam. Agora que estou "morto" para todos acredito que poderei finalmente ficar em paz.

Desculpe sua mãe. A única mentira que ela já falou em sua vida foi a respeito do estupro. Eu a obriguei a fazer isso. Sua raiva era a chave para o aumento rápido de poder lobisomem, em contrapartida o medo de perder tudo era a chave para a transformação de dragão. Eu não sabia que iria funcionar, mas eu vi de perto a transformação do dragão original, Lucas. Era uma aposta alta.

O testamento de Paulo Wilson já deve estar em andamento, você não terá problemas em estudar nas maiores universidades do Mundo se quiser. Proteja sua família e amigos. De uma forma ou de outra estarei sempre olhando por você.

Beijos

Lobisomem Supremo (Fabius Maximus)

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Aquela Noite...Onde histórias criam vida. Descubra agora