Capítulo 5

1.9K 192 135
                                    

"Eu disse a ela que eu a amava, só não tenho certeza se ela ouviu. Estava ventando bastante no telhado e ela não disse uma palavra." – End of the day, One Direction.

Um sorriso congelado pairava em meus lábios enquanto todos os convidados cantavam parabéns. Tenho certeza que eles imaginavam que as lágrimas que saiam de meus olhos eram de alegria. Olhei para Jean segurando um bolo cheio de chantilly com os dizeres "Parabéns, Lydia!" e a raiva que eu sentia abaixou um pouco.

— Lydia! Lydia! Lydia! — Eles gritavam batendo palmas.

— Faça um pedido! — A voz de Caio me tirou do transe em que me encontrava.

Fitei as quatro velinhas coloridas e fechei os olhos.

Desejo que Jack tenha uma morte lenta e dolorosa.

E assoprei as apagando.

Dediquei, então, meu primeiro pedaço de bolo para minha mãe que estava sentada sonolenta perto da pequena janela (que, aliás, não servia para nada e dava de cara para a parede da casa de meu vizinho), contudo ela não comeria, pois poderia lhe fazer mal e o guardei para eu mesma comer mais tarde.

Os minutos seguintes foram confusos; sorrisos, congratulações e alguns pacotes de presentes. Recebi o abraço caloroso do Japa, um velho conhecido meu, quando avistei Jack sentado no meu sofá e Bonnie em seu colo brincando com uma bexiga vermelha nas mãos.

Em um momento estou cumprimentando meus convidados e outro estou dando socos em Jack.

Ele se defendeu com os braços cruzados ao redor da cabeça e eu estava tão raivosa que cuspi palavrões e xingamentos que nem tinha consciência que os conhecia. Jack, entretanto, parecia estar rindo do meu PT; então, fui puxada com força para longe dele pelas mãos de meu destinado.

Quando percebi que estava fazendo minhas bochechas ficam vermelhas de vergonha. Olhei para os lados, certa de que verei todo mundo me olhando como uma louca, e me deparei com todos gargalhando da situação.

— Você mereceu, criança. — disse Ivanna no meio da multidão.

O Woodreck aparentava está mais pálido e o cabelo ruivo tinha começado a crescer novamente. Era estranho perceber que essa é a cor real de seu cabelo quando se está acostumado com a quase calvice que ele sempre usara como penteado.

Bonnie e Jack apenas tinham os olhos parecidos, castanhos claros como duas bolas de gude. Enquanto o garoto era pálido e tinha feições gélidas, Bonnie era negra e esbanjava animação em seus traços grossos. Talvez aquela característica fosse produto de sua infância, mas algo me diz que era algo propriamente de Bombom.

— O que Jack fez, tia Ly? — Bonnie cruzou seus bracinhos. — Ele vai ficar de castigo!

Sorri da sua postura.

— Isso mesmo, Bombom! — Respondi a colocando em meus braços — Ele precisa ser castigado.

Ivanna saiu do meio daquele amontoado de gente gritando algo como "sai da frente, aleijada passando" e se aproximou de mim.

— Venha cá dar um abraço na sua amiga.

Baixei-me e a envolvi em seus braços.

— Esse ano vai ser repleto de surpresas, Lydia. 26 é um número especial. — Ela sussurrou em meu ouvido.

Fitei-a sem entender sua sentença, mas assenti.

Pela primeira vez percebi o tanto de gente que estava em casa e comecei a sentir pena de Jean que é claustrofóbica. Minha casa era pequena e tinha quase 50 pessoas pelos cantos falando e rindo alto — certeza que ela não esperava tanta gente na festa. Espremida pela multidão, fui em direção a cozinha — esbarrando em cachos de bexigas vermelhas — e encontrei Annie arrumando os pratinhos e Jean quase arrancando os cabelos.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora