"Deus sabe o que está se escondendo naqueles olhos fracos e fundos. (...) Pessoas ajudam pessoas. Nada vai colocar você para baixo." - People help the people, by Birdy.
Há dias em que tudo que você quer é ficar deitada esperando que a morte venha e resolva todas os seus problemas, entretanto, temos consciência que os problemas só aumentariam se a vida acabasse.
Se eu morresse naquele momento, por exemplo, minha mãe ficaria sem ter quem cuidar dela. Talvez Jean se disponibilizar-se para fazê-lo, mas para isso iria ter que desistir da faculdade; justamente a última coisa que eu desejaria.
Se algo acontecesse comigo não sei o que seria de Bonnie ou de Jack. Odeio pensar que a mãe deles não dá o suporte e apoio suficiente, simplesmente por achar que a culpa são deles de não conseguir segurar um casamento. Como Ivanna agiria ao saber que não tinha mais os nossos encontros nos sábados? Ou como as meninas da Coral seguiriam em frente sem que eu faça meus discursos "anti destino"?
Penso em Caio e estremeço com a ideia dele sofrendo pela minha morte. Por mais que nosso final tenha sido trágico e cheio de mágoas, nos conhecermos desde sempre. Como seria saber que você nunca teve a oportunidade de pedir perdão para alguém que antes fazia parte da sua vida?
Balanço a cabeça, cética. É de se admirar que eu ainda acredite que Grey me considera.
E enfim penso em Thomas. Será que ele se sentiria aliviado por não ter mais uma destinada e poder escolher com quem ficar? Ele, de alguma forma, sentiria minha falta?
Foi com esses pensamentos que me levantei de manhã na segunda-feira.
Como todos os dias, cumprimentei as meninas com um sorriso e desejei bom dia as pessoas que estavam no elevador quando subi para meu andar. Sentia-me diferente, ansiosa e com medo do que me aconteceria.
A manhã passou devagar e tudo que eu queria era bolar um plano que fizesse sentido. Pelas contas que fiz eu precisaria de muito dinheiro emprestado e para convencer o banco que era um bom investimento seria complicado — e ainda tinha o fato de que eu teria que pedir demissão e isso prejudicaria diretamente no negócio. Se eu estivesse com o objetivo abrir uma empresa, facilitaria tudo, contudo, emprestar dinheiro a uma futura desempregada da Ala O é pedi para jogar dinheiro no lixo.
E com isso minha paz de espírito caí em 20%.
Tento pensar nos números e organizo algumas coisas para o stand da Coral. A próxima conferência estava perto e certos detalhes para festa da empresa, que aconteceria a um mês, deveriam ser organizados. Um pouco antes do horário de Carter sair para almoçar, bato em sua porta. Me sinto mais nervosa do que gostaria e meu olhar tenta captar tudo que pude como se fosse a última vez que eu pisaria naquele cômodo.
Albert tem aquela cara de cansado de sempre, mas ele se esforça para sorrir para mim e me sinto mal por deixá-lo na mão.
— Senhor Carter, precisamos conversar.
Ele soltou uma risadinha.
— Do jeito que fala parece que vamos terminar um relacionamento, Blackwell.
Fico vermelha ao perceber que ele está certo.
— Bem... — coço a garganta — É quase isso. — solto um suspiro — Estou pedindo demissão.
Ele arregala os olhos e aproxima a cadeira na mesa.
— Como?
— Vou passar a cuidar da minha mãe em tempo integral e não vou poder trabalhar mais. Pensei em fazer home office, mas não acredito que isso vá muito longe. — explico com o coração na mão. — Queria muito poder continuar a fazer parte da empresa, mas as coisas estão cada vez piores para minha mãe...
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Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]
أدب نسائيNo mundo onde as garotas esperam pacientemente pelo seu destinado depois que recebem seu prazo ao 21 anos, Lydia Blackwell está ocupada demais tentando pôr a vida em ordem. Contas para pagar, uma mãe doente e um chefe que a enche de coisas para faze...