"Não, eu não preciso chamá-la de 'querida' e eu não preciso chamá-la de 'minha' . Eu não tenho de tomar o seu coração, eu só quero tomar o seu tempo." Take your time, Sam Hunt.
O primeiro ônibus que eu costumava pegar para voltar para casa estava cheio naquela sexta-feira. Acabei por ficar em pé, pois cedi meu lugar para uma senhora grávida, entretanto, não reclamei em nenhum momento ou lamentei por não ter um carro e viver tão longe do centro. Sorri para um desconhecido que sentou perto de mim no metrô e cumprimentei o motorista do último transporte público que peguei. Mesmo quando cheguei em minha rua e a chuva de outono caía, não me importei com o molhar das roupas que vestia.
A esperança era uma felicidade insegura e cheia de expectativas que me dominava como nunca antes. Um sentimento novo e tão brando que chegava a me fazer temer suas consequências. Apenas percebi que estava rindo sozinha quando, ao chegar em casa, Jean me lançou um olhar avaliativo.
— O que diabos aconteceu com você? Parece que viu um passarinho verde.
— Acho que vi um sim, minha amiga.
Respondi me sentando deliberadamente no sofá e abrindo minha bolsa.
— Explica isso direito. — exigiu a menina.
Segurei o extrato que tirei no banco, um pouco antes de voltar para casa, com um número com mais zeros do que eu poderia ganhar em três anos trabalhando na Coral.
— Mamãe vai ter um quarto novo.
Grey pega o papel de minha mão sem delicadeza e arregala os olhos quando ver o que nele está escrito.
— De onde você tirou esse dinheiro todo?
— Bondade ainda existe, amiga. — soltei um suspiro — E meu destinado tem de sobra.
O rosto de Jean se iluminou como uma árvore de natal, mas ela suavizou rapidamente e cerrou os olhos cética.
— Não acredito que você, a pessoa mais orgulhosa que conheço, esteja aceitando dinheiro de alguém que nem gostava. — ela pôs as mãos na cintura — Até onde eu sei, né?
— Ele me convenceu. — balanço a mão em desdém — Coisa de advogado.
Minha amiga se aproximou como um gato.
— Ah, então ele é advogado, hm?
Sorri misteriosa.
— E isso é tudo que você vai arrancar de mim.
Mesmo sabendo que não havia motivo para não contar a Jean, adorava apenas dá informações evasivas que a deixavam mais curiosa.
Me julguem.
— Vou precisar sair amanhã de manhã cedo para resolver o que posso para reformar o cômodo. — olhei com ela com a melhor face de piedade — Pode quebrar esse galho pra mim?
Ela deu os ombros e assentiu.
— Não é melhor levá-la para alguma clínica? Você visita ela nos finais de semana e não precisa mais se preocupar com isso.
Sei que Jean fala aquilo querendo me ajudar, mas não consigo não me sentir ofendida com suas palavras, como se eu estivesse doida para livrar-me da mamãe e seguir com a minha vida. Não sei como há filhos ingratos que fazem isso sem arrependimentos e conseguem dormir à noite, conscientes que sua progenitora está esperando a morte sozinha.
Nego seu conselho e faço as perguntas corriqueiras sobre como foi seu dia com minha mãe. Ela fala que teve muito mais dificuldade para dar comida a mamãe assim como dá banho. Falou que ela estava acordada e que acabara de trocar suas fraldas.
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Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]
ChickLitNo mundo onde as garotas esperam pacientemente pelo seu destinado depois que recebem seu prazo ao 21 anos, Lydia Blackwell está ocupada demais tentando pôr a vida em ordem. Contas para pagar, uma mãe doente e um chefe que a enche de coisas para faze...