Narrado por Thomas Hoyer.
"Se você quer amor, você vai ter que passar pela dor." If You Want Love, NF.
O barulho do alarme de meu celular me fez submergir do texto jurídico que eu tentava ler por quase uma hora e meia. Desliguei o som assim que li a mensagem "comprar flores para Lydia" que eu havia colocado para que evitar ser traído pela minha péssima memória. Na tela, mostrava-se a foto que eu havia tirado quando estávamos no Natal e ela brincava com os meus primos menores. Vestida com um suéter vermelho e branco, o sorriso que ela carregava no rosto era tão grande que era quase palpável a genuína felicidade que Lydia sentia.
Eu amava Lydia. Gostaria de fazer diversas comparações em relação às estações do ano ou como a natureza se comportava para esclarecer o que eu sentia, mas a verdade é que eu não tinha alma de poeta.
Queria muito ter a coragem de pedi-lhe em casamento de vez e construir nossas vidas juntas, mas eu não tinha mais 20 anos e o sonho ingênuo de constituir uma família de uma hora para outra, sem uma base forte. Não tinha mais aquela certeza de que iria ter filhos e envelhecer ao lado da mesma mulher, no entanto, isso não significava que eu achasse impossível. E por haver a remota possibilidade de que aqueles sonhos pudessem se tornar realidade, eu seria o mais cuidadoso possível.
Lydia poderia dizer que não sentia-se insegura com nosso relacionamento, mas há muito havia aprendido que ela escondia muita coisa em seus grandes olhos castanhos. Ela era namorada de um completo babaca antes que nos conhecemos e era natural não querer apressar as coisas. Seja o que for, embora minha preferência era de tê-la perto, não iria sufocá-la. Antes de mais nada, Lydia era uma mulher independente que sentia a necessidade de ter coisas para si. Eu não iria ser quem tiraria sua individualidade quando fora um dos motivos que me fez apaixonar-me perdidamente por ela.
Depois de ligar para a floricultura e pedir que enviassem o buquê para casa, voltei ao trabalho tentando não pensar nos planos que havia feito para aquela noite.
Já estava escurecendo quando saí do meu escritório. Cumprimentei os funcionários que encontrava no meio do caminho e entrei no carro para ir direto para Ala A.
Após liberar minha entrada, fui para dentro da cozinha. Como de costume, Rose estava já arrumando-se para sair. Às vezes eu conseguia chegar antes que ela fosse embora, às vezes não. Quando eu tinha a oportunidade de encontrá-la, perguntava sobre como ia a manutenção da casa. Uma mansão como aquela não era fácil de cuidar e muitas vezes pensei em me mudar para um apartamento, algo mais prático.
- Como andam as coisas?
- Bem, Thomas. Só tivemos um problema com a encarnação do banheiro da área de lazer em cima, mas vamos resolver em breve.
Assenti e inspecionei a cozinha com o olhar até ele cair sobre o buquê intacto em cima da mesa.
- Onde está Lydia?
- Não chegou ainda - disse Rose.
Mandei mensagem para minha destinada, mas ela não respondeu. Tentei ligar para Lydia, porém seu celular estava fora de área ou desligado. O telefone dela provavelmente estava sem bateria, então.
Murmurei uma despedida para Rose e fui para a garagem procurar por Balmër. Ele estava rodando a chave da minha BMW com distração, por isso endireitou as costas com rapidez ao me ver.
- Senhor Hoyer - disse assim que cheguei mais perto.
- Você não acompanhou Lydia hoje? - inquiri colocando a mão no bolso da calça cinza claro que eu usava.
- Estou esperando ela ligar para que eu vá buscá-la, senhor - respondeu.
- Pensei que fosse seu guarda-costas - falei com frieza.
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Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]
ChickLitNo mundo onde as garotas esperam pacientemente pelo seu destinado depois que recebem seu prazo ao 21 anos, Lydia Blackwell está ocupada demais tentando pôr a vida em ordem. Contas para pagar, uma mãe doente e um chefe que a enche de coisas para faze...