Capítulo 13

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"Você usa o seu coração em sua manga e eu uso o meu sangue em minha gravata. Mas é só o amor por baixo desse disfarce." - Collide, James Bay.

— Senhor Jesus Cristo!

Exclamou Annie, mãe de Jean, depois que chamei ela e sua filha para ver o que tinha acontecido.

Minha bolsa ainda estava pendurada no ombro, mas assim como o resto da minha vestimenta, estava repleta de tinta.

Ao ler a mensagem macabra para ficar quieta, ironicamente liguei para Thomas. Infelizmente não faço ideia o porquê daquele ser meu impulso, mas agora era tarde. Hoyer já estava à caminho.

— Como alguém pode ser tão baixo? O que ia ganhar com isso? — Annie verbalizou as palavras que vibravam na minha cabeça.

Nem mesmo a televisão sobreviveu para contar a história — ela havia sido massacrada por um taco de beisebol e tinha vidro espalhado por toda sala.

Os pertences da minha mãe já haviam sido revirados por mim: consegui salvar apenas a foto do meu primeiro ano de vida e uma selfie guardada no drive do celular.

Apenas isso.

Comecei a tremer quando a realidade pareceu mais clara aos meus olhos.

Minha casa. Minhas memórias. Meus pertences. Tudo que um dia os Blackwells tinham construído.

Tudo se foi.

Corri os dedos pelos cabelos e os puxei. As lágrimas escorregaram pela minha bochecha e uma queimação corroeu a garganta. Devagar fui até o banheiro, agradecendo aos céus pelo fato de Jean nem Annie me ver desabando, e fechei a porta. Sentei na bacia suja de tinta e deixei toda aquela tristeza sair de mim.

Abri a boca e tentei gritar, mas o som não saía. Os soluços seguiram-se quando desisti de me recompor.

O que eu iria fazer?

— Lydia, abre a porta. Sou eu, Thomas.

A voz aveludada de meu destinado me fez abraçar-me com frio. Não queria que ele me visse assim no fundo do poço. Não estava disposta a bancar a criança chorona na frente de Hoyer de novo.

O silêncio foi minha resposta para ele.

— Eu vim para ajudar, Lydia.

— Vá embora. — Falei com a voz rouca — Depois nós conversamos.

— Quero conversar com você agora. — Disse teimoso.

— Você não precisa ser meu super herói. — Repliquei olhando feio para a porta — Salve o dia de outra pessoa.

— Deixe-me ser seu coadjuvante hoje à noite. — Sussurrou.

Aquilo mexeu comigo o bastante para cair no choro mais uma vez.

— Oh, meu amor, abre a porta. — Implorou angustiado.

Estranhamente comecei a rir mostrando que já estava chegando a um estágio perigoso de insanidade.

— A porta não tá trancada. — Avisei.

Segundos depois o som da madeira sendo empurrada ecoou pelo cômodo e vi um Thomas completamente alinhado com um terno cinza escuro. Não havia nem mesmo um fio de cabelo fora do lugar, o que me fez me sentir mais miserável. Provavelmente eu estava com a maquiagem borrada e minhas roupas estavam manchadas de azul e vermelho.

Hoyer agachou-se na minha frente e quase bateu a cabeça na pia. O banheiro era minúsculo e parecia menor ainda com a presença dele.

— Olhe pra mim. — Pediu carinhosamente segurando meu rosto.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora