Capítulo 11

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N/a: Esse foi um dos capítulos que mais me deixaram ansiosa para escrever. Aqui é o que chamo de ponto de partida para tudo que quero fazer com OWC e a perspectiva me assombra, pois não sei se irão gostar. Seja o que for, peço paciência para as coisas que vou fazer. Há segredos e mistérios que a maioria dos leitores ignoram que irei trazer à tona. Se preparem, pois esse capítulo é longo e bem arrasador.

Não diga que eu não avisei.

"Se você vai me decepcionar, me decepcione com cuidado. Não finja que você não me quer. Nosso amor não são águas passadas." - Water Under the Bridge, Adele.

Estava fazendo um copo de leite na cozinha quando o barulho da porta atiçou minha curiosidade. Eram quase cinco horas da manhã quando encarei Jack, com duas mochilas cheias, sentado nos degraus da minha casa.

— Errou de casa? — Perguntei a ele chamando sua atenção.

Jack coçou os olhos e bocejou.

— Bonnie tá acordada?

Balancei a cabeça negando.

— Provavelmente somos os únicos seres humanos acordados a essa hora na cidade.

Olhei no final da rua e pude ver o carro do mais velho dos Steel's dobrando a esquina pontualmente.

— E, claro, a Hope também está acordada. Quer entrar? — Acrescentei.

Ele se levantou e limpou a poeira das calças jeans. Olhei para cima, admirada com sua altura. Eu não era baixinha — tinha meus bons um metro e setenta, entretanto ainda sentia a famigerada impressão que vivia em uma terra de gigantes.

— Menino, quando foi que você cresceu tanto, hein?

Ele riu e entrou limpando o sapato no tapete escrito "welcome" na porta. Assim que Hope chegou na frente de casa e nos cumprimentou, Jack explicou sua visita: ele estava levando sua irmã para ficar com um tio em outra cidade. Não pude deixar de ficar triste com a notícia, mas eu sabia que não tinha condições de cuidar de uma criança que necessita da minha atenção cem por cento, apesar de me prontificar para ajudar Jack.

Fomos juntos ao ponto de ônibus e tentei não pensar que estava atrasada. Abracei-os e me segurei para não chorar. Odeio despedidas.

— A gente vai se ver logo, Ly. Não se preocupe. — Garantiu Jack com um ar risonho.

— É, tia Ly, a gente vai se ver logo. — Repetiu Bonnie enquanto eu beijava sua testa.

— Cuidado, mocinha. Obedeça seu tio e qualquer coisa deixei meu número anotado dentro da sua bolsa. Você sabe o que fazer.

Bonnie assendiu. A menina parecia animada com a perspectiva de encontrar o tio e eu não pude deixar de sofrer por antecipação quando entrei no primeiro ônibus e acenei para eles. Na primeira metade do caminho eu estava pensando em como os dois iam se virar e como  Charli iria reagir ao ter ao chegar e ter sua casa vazia — se ela voltasse. Ainda não entendia como seu senso de responsabilidade não foi suficiente para fazê-la ficar ou simplesmente não deixar sua filha de sete anos sozinha.

Na outra metade do caminho, entretanto, me vi preocupada com o horário que chegaria na empresa. Por algum milagre celestial cheguei a tempo. Olhei a fachada colorida da Coral torcendo pra que Carter não tivesse tido um surto e acordado cedo naquela segunda-feira. Ao me aproximar da recepção, a primeira coisa que Daisy perguntou foi como eu estava.

— Estou bem sim. — Respondi com um sorriso fraco — Obrigada por perguntar.

— O que aconteceu? — Indagou Mary alheia a nossa conversa.

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