Capítulo 20

1.7K 202 195
                                    

"Eles dizem: Você é um pouco demais para mim. Você é um fardo (...) Então eles recuam, fazem outros planos. Eu entendo, sou um fardo." - Liability, Lorde.

Eu fitava Andrew, mas não entendia o que ele dizia. Observei-o clicar em uma janela no computador, fazer uma piada e rir na sequência. Dei-lhe um sorriso, mesmo sem entender o porquê da sua risada. Pela quarta vez olhei para o relógio no canto da tela e o tempo parecia estacionado no lugar. Maldição! Por que as horas não passavam?

一 ...não é, Lydia?

一 Sim, isso mesmo. 一 afirmei balançando a cabeça para reforçar a ideia que era desconhecida por mim.

Andrew mirou-me com o olhar cético.

一 Você acabou de concordar com o fim dos filhotes de panda.

Pus a mão no rosto envergonhada.

— Só estou meio distraída hoje, desculpa.

— Você não é de ficar distraída. — comentou ele com os olhos semicerrados. — O que aconteceu?

— Nada não. — respondi constrangida.

Não admitiria tão facilmente que a fonte da minha distração era a iminente chegada de Hoyer. Havia se passado dias, mas pareceram meses!

— Lydia, o que é? — indagou irritado.

Ignorei-o deliberadamente e me voltei para a apresentação que estávamos montando. Queria fazer algo simples no PowerPoint, mas Andrew disse que conhecia um aplicativo muito mais eficaz e que daria uma nova cara ao projeto. Topei fazê-lo no horário do almoço, então, apenas comi uma maçã para estar no setor quase vazio fazendo aquele trabalho. Apesar de adorar trabalhar na Coral, algo naquele projeto estava errado. Não sabia o que era, mas sentia lá no fundo que a pressão advinda do meu chefe e seus sócios continha algo muito estranho.

O dia foi marcado por várias ligações para o pessoal da organização da festa anual da Coral que ia acontecer na sexta-feira à noite. Carter, como sempre, desejava que tudo estivesse impecável e me perguntava constantemente sobre o bufê e à decoradora.

Voltei para casa após passar no hospital. Jack estava com a perna enfaixada e mais uma vez agradeci aos céus por vê-lo tão bem. A bala tinha dilacerado apenas parte dos músculos da batata da perna e a recuperação dele tinha uma chance gigantesca de dar certo.

Cheguei na mansão de Thomas com uma sensação de ansiedade dominando o estômago. Meu rosto deveria estar expressando isso já que assim que pus os pés na cozinha, Rose disse sem delongas:

— Hoyer está lá em cima no quarto de jogos desde que chegou. Mande ele descer, fiz uma sopa de legumes maravilhosa.   

Subi as escadas de dois em dois degraus e tropecei um par de vezes por causa da minha afobação. Encontrei-o sentado no sofá do quarto de jogos matando zumbis no videogame. Hoyer estava jogado desajeitadamente no móvel e apertava os botões do joystick como se sua vida dependesse disso. Ele usava um casaco moletom da Columbia University e uma touca que cobria toda sua cabeça.

Toquei em seu ombro e ele olhou para trás por puro reflexo, voltando rapidamente para a tela da TV. Como se apenas reconhecesse meu rosto depois, Thomas pausou o jogo e virou-se pra mim de súbito.

Mein Liebling. — disse ele sorrindo ternamente.

Ele veio até mim e abraçou-me como tanta vontade que pensei que ele me partiria ao meio; mesmo assim, sentir o calor tão perto do meu destinado era como estar finalmente em casa, protegida e cheia de conforto. Thomas cheirava a baunilha e aproveitei para afundar meu rosto em seu peito.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora