Sujeito a alterações
"Quando você está na meia luz não é você que eu vejo. (...) E você pode se livrar disso? Você pode se livrar disso por mim? Quando você está na meia luz eu não gosto da metade que vejo." - Half Light by BANNERS.
Por causa da rotina acordei às quatro da manhã sentindo meu corpo mole de cansaço; descobrir que tinha duas horas para dormir foi uma benção, porém ainda assim não estava descansada o suficiente. Evitei não pensar no que aconteceu na noite anterior, mas o fato de estar debaixo do mesmo teto de Thomas não me ajudou muito.
A razão dizia que existia aquela possibilidade de que o desejo de Hoyer nunca tenha sido dito e a cena que acontecera tenha sido fruto da minha fantasiosa mente.
Não havia certeza de nada, no entanto.
O nervosismo me contornava quando saí do meu quarto arrumada para mais um dia. Eu tinha que gravar um depoimento e mesmo assim a ansiedade não vinha da expectativa de expor os abusos de Adolf, mas sim de olhar para Thomas.
Abotoando o único casaco fuleiro que possuía desci as escadas com passos lentos. Eu saberia se o que foi dito era real ou não de acordo com o comportamento de Thomas.
— Faz 10 graus lá fora com a sensação térmica de 5. Não pensei que o inverno fosse chegar tão rigoroso.
Foi o comentário de Rose naquela manhã. A mesma usava um suéter verde e sorriu me cumprimentando assim que entrei na cozinha. Thomas e mais um par de seguranças — que eu não conhecia — responderam "bom dia" em uníssono. Meu destinado apenas me deu um aceno enquanto bebericava o seu café.
— Você parece nervosa. — Comentou ele segurando seu caneco entre as duas mãos.
— E estou. — repliquei — Isso tudo de depoimento me assusta.
Mentirosa.
Quer dizer, não é como se eu desse depoimentos em que denuncio empreiteiras toda semana, mas meu nervosismo não era por causa disso.
Me dê um sinal que aquilo aconteceu mesmo, por favor.
— Ah, vai dar tudo certo. Só seja firme no que falar e escute as instruções de Harvey. — Me tranquilizou. — Diga a verdade. Toda ela.
Assenti e me sentei ao seu lado para comer o café da manhã.
— Dormiu bem? — Indaguei tentando arrancar alguma informação que me desse ideia se nossa conversa tenha existido ou não.
— Não tanto quanto gostaria, mas você parece que sim. — Respondeu ele com um sorriso. — Antes de terminar de tocar a música já estava babando no sofá.
Mirei-o indignada.
— Calúnia!
— Foi sim! Na metade do refrão de All I Want In This Moment você já dormia.
— Espera, a gente não conversou depois da música?
Ele olhou para mim com o cenho franzido e negou com a cabeça.
Aquela frase que me perturbava era um sonho. Um sonho!
Com a conclusão do que aconteceu, beirando entre alívio e desapontamento, fui me alimentar.
Rose começou a falar algo sobre fazer compras e acabei pegando seu número para mandar coisas que precisaria que ela comprasse no mercado. A ideia de ter alguém para fazer isso para mim, no entanto, era um pouco desconfortável.
E ainda tinha a estranheza de que minha roupa ia para uma lavanderia chique em vez de ser lavada com sabão em pó de uma marca barata em casa mesmo.
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Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]
ChickLitNo mundo onde as garotas esperam pacientemente pelo seu destinado depois que recebem seu prazo ao 21 anos, Lydia Blackwell está ocupada demais tentando pôr a vida em ordem. Contas para pagar, uma mãe doente e um chefe que a enche de coisas para faze...