Capítulo 15

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Sujeito a alterações

"Quando você está na meia luz não é você que eu vejo. (...) E você pode se livrar disso? Você pode se livrar disso por mim? Quando você está na meia luz eu não gosto da metade que vejo." - Half Light by BANNERS.

Por causa da rotina acordei às quatro da manhã sentindo meu corpo mole de cansaço; descobrir que tinha duas horas para dormir foi uma benção, porém ainda assim não estava descansada o suficiente. Evitei não pensar no que aconteceu na noite anterior, mas o fato de estar debaixo do mesmo teto de Thomas não me ajudou muito.

A razão dizia que existia aquela possibilidade de que o desejo de Hoyer nunca tenha sido dito e a cena que acontecera tenha sido fruto da minha fantasiosa mente.

Não havia certeza de nada, no entanto.

O nervosismo me contornava quando saí do meu quarto arrumada para mais um dia. Eu tinha que gravar um depoimento e mesmo assim a ansiedade não vinha da expectativa de expor os abusos de Adolf, mas sim de olhar para Thomas.

Abotoando o único casaco fuleiro que possuía desci as escadas com passos lentos. Eu saberia se o que foi dito era real ou não de acordo com o comportamento de Thomas.

— Faz 10 graus lá fora com a sensação térmica de 5. Não pensei que o inverno fosse chegar tão rigoroso.

Foi o comentário de Rose naquela manhã. A mesma usava um suéter verde e sorriu me cumprimentando assim que entrei na cozinha. Thomas e mais um par de seguranças — que eu não conhecia — responderam "bom dia" em uníssono. Meu destinado apenas me deu um aceno enquanto bebericava o seu café.

— Você parece nervosa. — Comentou ele segurando seu caneco entre as duas mãos.

— E estou. — repliquei — Isso tudo de depoimento me assusta.

Mentirosa.

Quer dizer, não é como se eu desse depoimentos em que denuncio empreiteiras toda semana, mas meu nervosismo não era por causa disso.

Me dê um sinal que aquilo aconteceu mesmo, por favor.

— Ah, vai dar tudo certo. Só seja firme no que falar e escute as instruções de Harvey. — Me tranquilizou. — Diga a verdade. Toda ela.

Assenti e me sentei ao seu lado para comer o café da manhã.

— Dormiu bem? — Indaguei tentando arrancar alguma informação que me desse ideia se nossa conversa tenha existido ou não.

— Não tanto quanto gostaria, mas você parece que sim. — Respondeu ele com um sorriso. — Antes de terminar de tocar a música já estava babando no sofá.

Mirei-o indignada.

— Calúnia!

— Foi sim! Na metade do refrão de All I Want In This Moment você já dormia.

— Espera, a gente não conversou depois da música?

Ele olhou para mim com o cenho franzido e negou com a cabeça.

Aquela frase que me perturbava era um sonho. Um sonho!

Com a conclusão do que aconteceu, beirando entre alívio e desapontamento, fui me alimentar.

Rose começou a falar algo sobre fazer compras e acabei pegando seu número para mandar coisas que precisaria que ela comprasse no mercado. A ideia de ter alguém para fazer isso para mim, no entanto, era um pouco desconfortável.

E ainda tinha a estranheza de que minha roupa ia para uma lavanderia chique em vez de ser lavada com sabão em pó de uma marca barata em casa mesmo.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora