"Você olha para mim como se o amanhã pudesse esperar, perdido em uma névoa. (...) Gostaria que pudéssemos permanecer nisto." Way Too Good, Lauren Aquilina.
Mesmo desempregada, mal parei em casa nos dias que se seguiram. Resolvi participar mais ativamente dos eventos da Clínica como voluntária, contudo, não parava de pensar no que iria fazer assim que aquelas semanas se seguissem. Já havia preparado meu currículo, porém ainda pensava muito na proposta de Daisy. Começar um negócio do zero não era fácil; teríamos que ter um bom planejamento, ter em mente que no começo os lucros são escassos e a sorte, assim como o mercado, deveria estar ao nosso favor. Embora fosse apenas uma complementação da renda da minha amiga, para mim seria um trabalho integral. Sem contar que, sendo ela a única fabricante, não sei se ela daria conta da demanda da forma com que ela acreditava e, ao mesmo tempo, teria seu emprego na Coral.
Apesar de tudo isso, eu havia encontrado boas ideias desde que comecei a cogitar entrar no barco da Saboaria Bardot. Thomas já tinha ouvido quase todas elas e, como recompensa, lhe dei atenção enquanto ele falava dos processos jurídicos do caso de Daniel Fuller, dos depoimentos que o vereador fez e como tudo apontava para sua condenação. Não entendia muita coisa, mas havia percebido que falar sobre era a forma que Hoyer encontrava para organizar seus pensamentos. Eu me sentia extremamente privilegiada em receber aquelas informações facilmente, enquanto os jornalistas estavam loucos à procura de qualquer furo para alavancar suas carreiras.
ㅡ Terra para Lydia. Terra para Lydia.
Sorri amarelo para Ivanna quando ouvi-a chamar-me. Em seu colo, minha amiga levava uma caixa de papelão cheia de pisca-piscas.
ㅡ Seu último trabalho do dia é decorar a fachada do lado de fora do salão com essas belezinhas aqui ㅡ explicou ela entregando-os em minhas mãos ㅡ aliás, tem que desenrolar eles.
Fiz uma careta de sofrimento e ela riu maliciosa.
ㅡ Se voluntariou porque quis. Nem abra a boca para reclamar.
Levantei as mãos como em rendição e fitei-a ir mexendo com destreza o controle de sua cadeira de rodas, cantarolando feliz.
Depois de desenrolar o que parecia cinco metros de pisca-piscas, fui até o lado de fora, subi as escadas com ajuda de uma adolescente que cumpria horário de voluntariado para a escola, e logo a fachada do salão principal estava iluminado.
Já estava anoitecendo e o pátio começou a ficar mais movimentado. Fazia frio, era óbvio, no entanto, com aproximação do Natal cada vez mais pessoas saiam de sua toca para socializar.
Demorei um tempo observando a fachada para ter certeza que estava simetricamente posicionado quando sentir um par de mãos segurar minha cintura. Dei um pequeno salto de surpresa, porém a risada familiar a mim me fez relaxar os ombros.
ㅡ Está pronta? ㅡ indagou Thomas beijando meu cabelo. ㅡ Se sairmos agora talvez dê para evitar o engarrafamento.
Hoyer ainda usava camisa e calça social, no entanto, havia tirado a gravata e usava um casaco mais simples. Daisy e Mark havia nos chamado para um jantar, um encontro entre casais, e achei que era uma boa ideia. Thomas não se animara muito no ínicio e pude ver que parte da sua relutância vinha de uma timidez velada que ele conseguia disfarçar muito bem às vezes. Além de sentir falta de Mark e suas provocações, eu queria Thomas se soltando um pouco mais e abrindo-se para novas amizades. Ele sempre fora muito sozinho e não queria monopolizar sua atenção.
Ficamos em silêncio por um bom tempo dentro do carro, observando as ruas passarem como flash. Carlos dirigia naquele momento e apenas o som baixinho do rádio era ouvido dentro do automóvel. A música que tocava era do grupo A-ha, mas não conhecia o título da canção. Observei a perna de Hoyer balançar pelos lados fora do ritmo, mostrando que estava nervoso a ponto de nem mesmo prestar atenção na música.
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Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]
ChickLitNo mundo onde as garotas esperam pacientemente pelo seu destinado depois que recebem seu prazo ao 21 anos, Lydia Blackwell está ocupada demais tentando pôr a vida em ordem. Contas para pagar, uma mãe doente e um chefe que a enche de coisas para faze...