Capítulo 6

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"Mas há um lado seu que eu nunca conheci. Tudo o que você dizia nunca era verdade." - Set Fire To the Rain, Adele.

O silêncio que havia na lanchonete fez com que me lembrasse de que não estava em um lugar deserto e decidi dá uma olhada no que acontecia o meu redor.

Merda.

As pessoas olhavam pra mim e meu destinado com um interesse indiscreto, esperando por uma reação romântica nossa. Quando vi o porta-guardanapos em cima da mesa próxima, puxei um bocado rápido e fingi que aqueles segundos passados não ocorreram a partir da sujeira que fiz na camisa do engomadinho.

— Mil perdões, senhor, não foi minha intenção. – supliquei tentando limpar a sujeira que eu tinha feito; sem sucesso, claramente, pois a mancha vermelha parecia não querer sair de jeito nenhum.

— Tudo bem — ele disse e pude jurar que estava sorrindo, mas mantive o olhar sobre meu desastre. — Sério, está tudo bem.

Disse se afastando um pouco para indicar que eu não precisaria mais esfregar sua camisa.

— Eu apenas não esperava encontrar minha destinada de um jeito tão... – hesitou – Peculiar.

Levantei o rosto para mirá-lo e senti meu estômago revira ao vê-lo sorrir tão sem graça. Como eu poderia dizê-lo que eu não acreditava naquele sistema? Como explicá-lo que eu tinha um namorado?

Cocei a garganta, incerta. Quanto mais rápido eu dissesse melhor, não é?

— Eu tenho namorado.

Primeiro sua expressão foi de surpresa e momentos depois seu sorriso ia diminuindo. Senti um pouco de culpa por fazê-lo passar por aquilo, mas não mentiria para alguém que seria meu carma pelo resto da vida.

— Preciso ir. – eu disse rapidamente e abri a porta deixando-o para trás.

Só percebi que estava com o coração acelerado demais quando comecei a andar pela calçada. Eu estava agitada ao ver que as coisas estavam começando a sair do controle quando uma voz alta e barítona preencheu meus ouvidos.

— Mas eu nem sei seu nome.

Virei para trás, assustada. Fitei seus olhos negros e ponderei em responde-lhe. Ele mantinha um sorriso discreto nos lábios e não parecia disposto a me perseguir.

— Lydia. – Respondei antes de sair correndo para cruzar a avenida.

Enquanto andei em direção ao ponto de ônibus me perguntei o que fazer agora. Todas as pessoas que rejeitaram seus destinados tiveram a péssima sorte de encontrar os mesmos nos lugares mais impertinentes do universo, então, não seria a última vez que eu viria o engomadinho.

Quando chegasse em casa, Caio seria o primeiro saber sobre o ocorrido e nós vamos resolver esse impasse.

Será que terei que me mudar para as fazendas ao redor da cidade por causa da aquilo?

Com certeza seria melhor, principalmente para mim e minha mãe – talvez ela tivesse até uma melhora. Se esse for o meu destino com Caio, é pra lá que eu vou!

Desviei o meu caminho para casa e vou em direção ao hospital que minha mãe tinha uma consulta naquela tarde. Enquanto caminhava pelas ruas da minha cidade, me perdi pensando quem era aquele homem que o destino escolheu para mim, sem a minha autorização.

Chutei uma pedrinha, frustrada. Eu pensava que estava começando a entender aquele sistema louco e que ele estava sobre meu controle, entretanto, mais uma vez estou no escuro com minha vida.

Deveria ser minhas escolhas, meus projetos, minha vida amorosa.

Qual o problema daquele relógio idiota?

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora