Capítulo 21

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"Estrelas quando brilham, vocês sabem como eu me sinto. Aroma do pinheiro, você sabe como eu me sinto. Oh, a Liberdade é minha e eu sei como eu me sinto." - Feeling Good, Nina Simone.

Era cedo quando eu acordei naquele sábado na cama de Thomas, sem os sapatos e o cinto do meu vestido. Meu destinado me abraçava com tanta segurança e conforto que fora difícil levantar, mas eu precisava terminar os últimos detalhes do meu projeto.

Havia mais empregados do que o habitual na mansão e Rose estava lá cedinho fazendo um bolo bem elaborado para Hoyer. Sentei-me na ilha digitando enquanto ouvia os passos e murmúrios entre os funcionários.

Meu destinado apareceu coçando os olhos quando eram quase dez horas da manhã. Segurando o bolo cheio de glacê vermelho e branco, os empregados de Hoyer fizeram um coro em uníssono cantando parabéns para você. Talvez eu entrasse na cantoria se não estivesse tão compenetrada na resposta de uma pesquisa que havia feito na internet.

Com a cara inchada de sono, Thomas agradeceu a todos com um discurso clichê, mas honesto. Logo, sentou-se de frente a mim e eu me esforcei para parecer o mais desinteressada possível.

— Feliz aniversário, Thomas. — desejei dando um sorriso rápido e voltando ao notebook — Bem que havia suspeitado da fartura dessa mesa. Não poderia ser para mim com toda certeza.

— Obrigado. — disse ele meio tímido, meio decepcionado pelas felicitações sem graça que eu fiz.

— Vai sair hoje à noite para comemorar algo?

Ele balançou a cabeça em negação enquanto servia-se de café.

— Na verdade, eu estava...

— Tem como me levar lá na Clínica hoje às sete?  — o interrompi — Nelson vai estar de folga e preciso de companhia. — justifiquei segurando ao máximo não parecer entusiasmada com a ideia.

— Tudo bem. — murmurou.

Como ultimato, levantei-me segurando o notebook e fui para outro cômodo.

Eu sabia muito bem a rotina de Hoyer para aquele dia: ele iria ao terapeuta e voltava às duas, depois ficava o tempo todo ziguezagueando a casa. Enquanto isso eu confirmava nossa participação com Ivanna para a festa temática que ocorreria na Clínica naquela noite.

Ao contrário do que eu esperava, Thomas passou o dia fora e só voltou às seis da noite com cara de poucos amigos. A ideia inicial era não contar nada sobre a surpresa, mas seu rosto abatido fez meu coração diminuir no peito. Meu objetivo era surpreendê-lo, não fazê-lo se sentir um lixo.

Vestida com uma saia godê vermelha na altura do joelho e um casaco azul, encontrei-o deitado no sofá da sala mexendo no celular.

— Querido, acho que você deveria ir um pouco mais arrumado. — comentei ao vê-lo de calça jeans e moletom.

— Eu não vou sair do carro. — replicou ele,  confuso.

Respirei fundo antes de dizer:

— Quero te mostrar uma coisa, mas você precisa estar com uma roupa mais social. — tentei explicar sem expor totalmente meu planos.

Thomas sentou-se no sofá desconfiado.

— E confortável. — acrescentei — Uma roupa formal de dança, talvez. E sem seguranças, pelo amor de Deus.

— Uma roupa formal de dança? — repetiu, não entendendo o que acontecia — O que você está aprontando, Lydia?

Fiz a minha melhor cara de inocência.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora