Capítulo 25

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"Doce criatura, tivemos outra conversa sobre onde estamos errando. Porém ainda somos jovens, não sabemos para onde estamos indo, mas sabemos aonde pertencemos."  Sweet Creature, Harry Styles.

— Sim.

Daisy saltou da cadeira e deu um grito histérico, do tipo que me fez ficar com vergonha a ponto de virar o rosto e fingir que não a conhecia. Porém, a estratégia se mostrou falha quando ela me abraçou desajeitadamente em meu banco.

— Eu sabia! Eu sabia! Saboaria Blackwell & Bardot. Vai ser um fenômeno! — gritou ela em animação.

— Hm, na verdade... — repliquei — Eu não acho que seja bom colocar esse nome na Saboaria, Daisy.

— O quê? Por quê? — perguntou ela deixando a euforia de lado e voltando a sua cadeira.

Acomodei-me antes de contar algo que eu estava pensando nos últimos dois dias depois do Natal.

— O nosso alvo é as Alas mais altas do que a nossa, não é? — ela assentiu — Então, temos que levar em consideração que o produto deve parecer elitizado para eles. Blackwell & Bardot parece nome de corporativa de advogados e não é esse nosso objetivo. Acho que produtos Bardot é o suficiente. O nome tem um ar sofisticado e consigo imaginar facilmente qualquer uma dessas modelos famosas falando em um comercial "amo os sabonetes Bardot".

Vi os olhos de Daisy brilhar mais uma vez de animação.

— Sabia que não ia me decepcionar em escolher você, Ly. — Daisy abriu a bolsa e entregou mais dois pacotes embrulhados em papel papelão, dando um ar bem artesanal, como o produto propunha. — Estou testando o cheiro da maçã e tentei um junto com lavanda. Mark detestou a junção, mas talvez esse lhe agrade. Meu marido já tá começando a perder o olfato de tanto que eu o uso de cobaia. — ela riu daquele jeito que apenas apaixonados fazem.

— Você tem outras amostras? Não precisa ser grandes como esse, apenas uns pequenininhos. Conheço um pessoal que talvez ficasse interessado no sabonete e seria bom preparar o terreno. — pensei nas pessoas que havia conhecido na festa de Natal dos Hoyers e pensei em lhes dar amostras grátis do produto, apenas pela divulgação.

Antes de decidir se iria ou não ser sócia da Daisy, estava cogitando tentar entrar na faculdade, porém a verdade é que eu não sentia nenhuma vontade de entrar na vida universitária. O que lembrava me das promessas que eu fiz para minha mãe, todas as duas fracassaram. Contudo não permitir me sentir culpada por causa disso, afinal, eu era uma adolescente quando prometi aquilo e estava desesperada em acabar com a feição de sofrimento da mamãe.

Depois do almoço, fui em direção ao hospital onde Jack permanecia internado. Ele iria viajar para ficar juntos dos seus tios e Bonnie. Conversando com o detetive consegui descobrir que as pessoas que estavam atrás dele conheciam a casa dos tios e chegaram a ameaçá-los se não informassem o paradeiro do sobrinho. Jack estaria em segurança fora da cidade.

Abracei-o assim que cheguei em seu quarto. Não cheguei a chorar, mas sentia a garganta pesada e a língua dormente. Fiz Jack prometer a mim que iria tentar uma nova vida e que me visitaria assim que as coisas estivessem mais calmas.

— Volte para escola — ordenei.

— Sim, senhora.

— E não se envolva com delinquentes.

— Sim, senhora.

— Diga a Bonnie que mandei um beijo.

— Sim, senhora.

— Não fique fora até tarde.

Ele riu antes de dizer:

— Sim, senhora.

Our Worlds Collide [Primeiro Rascunho]Onde histórias criam vida. Descubra agora