Capítulo 1: O dia seguinte (PARTE I)

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   Pegou seu celular, em êxtase, e discou um número bem conhecido. Em um instante houve resposta.

   –Alô.

   –Eu a encontrei. – foi apenas isso que ele disse. –Rafaela é nossa agora.

   Houve um sorriso triunfante do outro lado.

   A guerra estava vencida.

°°°

   Cláudia passara toda a manhã fugindo de Igor. Não queria falar sobre a noite passada. Em como um havia dormido nos braços do outro naquela poltrona. Ou como ela tinha acordado de madrugada e, depois de muito tempo observando-o dormir, ido embora. Era uma despedida, e ele nem sabia. Ela suspirou, próxima a uma grande janela, admirando muitas famílias se divertindo naquele natal no jardim ou na piscina do hotel. Uma grande dor inundou seu peito. Em um dia tão importante ela não poderia ligar para o tio nem para ninguém. Desde a tempestade, nenhum sinal chegava aos celulares. Estava incomunicável. Sozinha. Já nem tinha esperanças que Lena chegasse.

   –Cláudia. – alguém a chamou.

   Era Vinícius.

   –Você sumiu ontem, o que houve? – ele se aproximou de braços abertos, correndo para se aproximar mais depressa.

   Cláudia abriu a boca para responder, mas a verdade era que não sabia o quê.

   –Eu me senti mal. Muito mal. – levou a mão à cabeça, em ênfase. – Não quis te atrapalhar na festa, por isso saí sem que você me visse para descansar um pouco.

   –Cláudia, você nunca atrapalha. Deveria ter me dito o que estava sentindo e eu teria acompanhado você até o quarto, teria ficado ao seu lado até dormir.

   Cada palavra de carinho e preocupação abria uma ferida no peito dela. Era culpa. Mais ainda por não ser acompanhada de arrependimento.

   –Vinícius, a verdade é que eu ainda não me sinto bem. – ela se afastou para ir embora, mas ele alcançou seu braço direito.

   –Quer que eu acompanhe? – ele pressionava seus dedos sobre ela, mas não ao ponto de machucá-la.

   –Não. – ela respondeu, dolorosamente.

   –Cláudia, hoje é natal... – sua voz era como a de cachorro sem dono.

   –Então, feliz natal, Vinícius. – soltou-se de sua mão e quase saiu correndo escada à cima.

   Seguiu pelo corredor do hotel em direção ao seu quarto, realmente tonta. Quando ela levantou o olhar, Igor estava a sua espera.

   Era só o que faltava!

   –Não te achei o dia todo. – ele declarou.

   –Eu não me sinto muito bem. – confessou.

   –Eu pego para você um remédio.

   –Eu já tomei.

   –Te faço um chá.

   –Eu já bebi.

   –Cláudia, você está fugindo de mim?

   Ela engoliu em seco.

   Que bobagem! Pensou dizer. Mas é claro que...

   –Sim. – Não podia resistir, com ele a verdade brotava em sua boca quando ela menos esperava e queria. – Acontece que ontem...

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora