Capítulo 14: Dormindo junto

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   O caminho até o aeroporto foi de um silêncio confortável. Mais que isso, considerando a briga que teve quando chegaram ao Estado final. Quem dirigiria até Pastos Verdes?

   Ser o motorista. Parecia uma luta pela liderança da matilha. Rafaela não se sentia como uma cadela, mas estava prestes a morder os dois, caso não parassem de brigar pelo chaveiro da caminhonete.

   Alessandro dizia que era o mais capacitado por seus mais anos de prática ao volante. Eduardo, no entanto, já tinha participado de algumas corridas amadoras com amigos e sempre as vencia. Por fim, Rafaela tomou a chave dos dois e resolveu ela mesma dirigir.

   Homens. Por vezes – a maioria delas – são grandessíssimos idiotas. Tinha dois ao seu lado. A dor de cabeça seria maior.

   Claro, agora a briga era por quem iria no banco da frente do carona.

   Rafaela revirou os olhos. Será que eles disputariam para quem seria o primeiro a lavar a louça? Ah, ela esperava que sim.

°°°

   –Senhora – um dos homens chamou –, Rafaela está viajando nesse momento com Alessandro e Eduardo.

   Ela pensou um pouco sobre a situação. Os dois viajando juntos... Com certeza, não era uma boa ideia. Mas se fora preciso tudo isso era porque ela tinha feito um bom serviço quando sequestrou Rafaela. Todos estavam desesperados.

   Não havia nada mais delicioso que isso.

   –E vocês não sabem para onde ela foi – os homens não sabiam se era uma pergunta ou afirmação.

   –Não, senhora.

   –Tudo bem. Uma hora ela terá que voltar. Se depender de mim, não demorará muito. – ela se virou para s três homens a sua frente. Três bons assassinos. – E quando ela voltar, eu a quero, de verdade. Sem brincadeirinha. Está na hora de matá-la.

   Agora, ela tinha algo mais importante para fazer. Falar com o chefe. Convencê-lo. Ela tinha peitos, o que era meio caminho andado, mesmo assim... Temia que ele não concordasse com seu plano.

   Talvez ela tivesse que usar a criança para dissuadi-lo.

°°°

    –Delegado. – o policial chamou.

   Juliano estava concentrado, estudando todos os convidados da festa de Ano-novo na qual Igor Cantanhede estivera, e que todos os convidados de alguma forma tinham alguma ligação com Thana C. Na verdade, tirando os seus pais, todos os conhecidos de Thana estavam naquela festa. Por isso Juliano concluiu que algum deles poderia estar envolvido no assassinato. Quem sabe tivesse sumido da festa em algum momento para fazer o serviço com as próprias mãos...

   –Sim? – ele levantou o rosto.

   –O resultado da autópsia de Thana Cantanhede chegou.

   –Já?

   –Sim, senhor.

   Juliano esticou a mão, esperando os papeis tão esperados.

PROTOCOLO DE AUTÓPSIA

   Juliano passou os olhos por alto nas frases, seguindo até onde queria:

CONCLUSÃO: (CAUSA DA MORTE)

CARDIOMIOPATIA DILATADA E HIPERTRÓFICA

   Juliano subiu o olhar.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora