Capítulo 29: Traidor

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   Alex já estava inebriado de sono e com o cheiro do hospital, algo com álcool e cheiros misturados de remédios. As paredes brancas, pessoas entrando por vez ou outra chorando por alguém. Ele já sentia um incômodo em sua garganta, descendo até o pé da barriga. A angústia parecia se aproximar cada vez mais.

   O dia tinha acabado de raiar e o médico já passara para informá-lo que Vitória estava em observação e que o próximo médico no plantão pegaria os resultados dos exames.

   Suas mãos suavam frio e, mesmo sentindo o corpo exausto, sabia que não conseguiria pregar um olho enquanto não visse a sobrinha.

   –Alex.

   Era a voz de Rafaela.

   A única que o faria ficar mais calmo naquela situação. Ele não pensou duas vezes, se lançou em seus braços, abraçando-a como se fosse o ar que há muito não entrava em seus pulmões.

   –Como ela está?

   –Agora, descansando.

   –Mas o que ela tem?

   –O médico não disse, tenho que esperar os resultados. Estou com tanto medo, Rafa.

   –Não – ela o tomou nos braços mais uma vez. –Tudo vai dar certo.

   Ela também tinha medo, mas, ali, ela era a forte. Ele podia chorar e tremer o quanto quisesse, ela era o seu suporte. Sempre seria.

°°°

   Penelope acordou com uma sensação de preenchimento maravilhoso. Sentia o peito do marido subindo e levantando em um ritmo agradável sob sua mão esquerda. Seu tórax era grande e firme, ela poderia acariciá-lo todos os dias.

   No fundo de seu íntimo, ela tinha medo de demonstrar sua consciência. Como diria o gênio do teatro, ela temia que, por ter sido à noite, tudo não passara de um sonho. Eduardo a amara como nunca antes, com uma paixão incontrolável. Mas tudo poderia ter sido apenas o sonho e uma noite. Agora, com o sol raiando pelas cortinas, ele poderia ter acordado e decidido que o que passaram fora apenas um grande pesadelo.

   Devagar, para que ele não percebesse, ela tentou se levantar.

   –Bom dia – ele disse.

   Não dormira a noite toda. Mil pensamentos em conflito dentro de si.

   –Bom dia – falou, ainda um pouco sem graça pela reconciliação repentina.

   –Vamos embora.

   Ela piscou.

   –Como?

   –Vou voltar para o meu apartamento. Está na hora de começarmos nossa vida longe da Família De Campos, agora você é a senhora Eduardo Almeida.

   Seus olhos se encheram de lágrimas.

   –Você quer que eu vá com você?

   –Claro, você é a minha esposa afinal.

   Ela não teve espírito para fazer um comentário sobre isso. Pulou no pescoço dele, escondendo as lágrimas em seus olhos, e beijando sua nuca sem parar.

   –Você me faz a mulher mais feliz do mundo – soluçou.

   –Esse é o plano.

   Ele lembrou-se da conversa que tivera com Amanda e, finalmente, sentia que fazia algo certo.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora