Alex já estava inebriado de sono e com o cheiro do hospital, algo com álcool e cheiros misturados de remédios. As paredes brancas, pessoas entrando por vez ou outra chorando por alguém. Ele já sentia um incômodo em sua garganta, descendo até o pé da barriga. A angústia parecia se aproximar cada vez mais.
O dia tinha acabado de raiar e o médico já passara para informá-lo que Vitória estava em observação e que o próximo médico no plantão pegaria os resultados dos exames.
Suas mãos suavam frio e, mesmo sentindo o corpo exausto, sabia que não conseguiria pregar um olho enquanto não visse a sobrinha.
–Alex.
Era a voz de Rafaela.
A única que o faria ficar mais calmo naquela situação. Ele não pensou duas vezes, se lançou em seus braços, abraçando-a como se fosse o ar que há muito não entrava em seus pulmões.
–Como ela está?
–Agora, descansando.
–Mas o que ela tem?
–O médico não disse, tenho que esperar os resultados. Estou com tanto medo, Rafa.
–Não – ela o tomou nos braços mais uma vez. –Tudo vai dar certo.
Ela também tinha medo, mas, ali, ela era a forte. Ele podia chorar e tremer o quanto quisesse, ela era o seu suporte. Sempre seria.
°°°
Penelope acordou com uma sensação de preenchimento maravilhoso. Sentia o peito do marido subindo e levantando em um ritmo agradável sob sua mão esquerda. Seu tórax era grande e firme, ela poderia acariciá-lo todos os dias.
No fundo de seu íntimo, ela tinha medo de demonstrar sua consciência. Como diria o gênio do teatro, ela temia que, por ter sido à noite, tudo não passara de um sonho. Eduardo a amara como nunca antes, com uma paixão incontrolável. Mas tudo poderia ter sido apenas o sonho e uma noite. Agora, com o sol raiando pelas cortinas, ele poderia ter acordado e decidido que o que passaram fora apenas um grande pesadelo.
Devagar, para que ele não percebesse, ela tentou se levantar.
–Bom dia – ele disse.
Não dormira a noite toda. Mil pensamentos em conflito dentro de si.
–Bom dia – falou, ainda um pouco sem graça pela reconciliação repentina.
–Vamos embora.
Ela piscou.
–Como?
–Vou voltar para o meu apartamento. Está na hora de começarmos nossa vida longe da Família De Campos, agora você é a senhora Eduardo Almeida.
Seus olhos se encheram de lágrimas.
–Você quer que eu vá com você?
–Claro, você é a minha esposa afinal.
Ela não teve espírito para fazer um comentário sobre isso. Pulou no pescoço dele, escondendo as lágrimas em seus olhos, e beijando sua nuca sem parar.
–Você me faz a mulher mais feliz do mundo – soluçou.
–Esse é o plano.
Ele lembrou-se da conversa que tivera com Amanda e, finalmente, sentia que fazia algo certo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Assassino (Livro 2)
Misteri / ThrillerQuase dois anos se passaram desde a morte da irmã de Rafaela, e ela ainda não tem nenhuma pista sobre os assassinos. Diferente deles, que agora não só sabem sua verdadeira identidade como também vão fazer de tudo para mantê-la calada. Para sempre. ...