Capítulo 16: O amor é fogo

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   –Seu Maurício? – Rafaela chamou.

   Esperou até depois do almoço para se esgueirar por entre alguns quintais, escondida, até chegar à casa de Cláudia e chamar pelo tio.

   Bateu na porta dos fundos.

   –Seu Maurício.

   Houve um barulho do lado de dentro, seguido pelo som de madeira cedendo. Passos.

   –Fia? – ele abriu os olhos surpreso. O rosto estava um pouco inchado e, pelos olhos meio avermelhados, ela percebeu que ele estava dormindo. –O que ta fazendo aqui?

   –Desculpa incomodar.

   –Incomoda nada. Entra, entra.

   Ele deu passagem para Rafaela enquanto ele mesmo observava atrás dela para ter certeza que ninguém os mirava.

   –Como conseguiu passar pela cerca de arame farpado?

   –Com certa dificuldade – ela levantou o braço cortado.

   –Minha nossa senhora! Vem cá, fia, deixa eu cuidar disso. – ele puxou uma pequena caixa de madeira, já fragilizada pelo tempo. Dentro havia algumas gazes, esparadrapos e um pequeno vidro de álcool.

   O ferimento não era tão grave, nem os outros arranhões no mesmo braço e em uma das pernas. Mesmo assim Rafaela deixou-se cuidar. O silêncio era frágil, mas confortável.

   –Eu vim passar uns dias na casa de Marcela – resolveu falar logo.

   Ele levantou os olhos.

   –Maria veio com você?

   –Não. Eu e dois amigos. Achei que fosse mais seguro com eles.

   –Aqui não é seguro pra ocê, fia.

   –Hum? Por quê?

°°°

   Então, chegara a sua vez.

   Penelope estava sentada. A perna inquieta. Resolveu cruzar uma na outra. Não adiantou muito.

   O que diria? Tinha que ficar calma para não falar demais ou o que não devia, qualquer passo em falso e todos saberiam.

   –Senhora Almeida? – ela olhou para ele. – O delegado a espera.

   Ela assentiu.

   Tinha que ficar calma.

°°°

   Quando Juliano a viu pela primeira vez, ele soube.

   Ela era diferente. Especial. Importante. Principalmente para aquela investigação. Tinha um olhar doce e ao mesmo tempo fatal. Como alguém poderia aparentar tamanha timidez e ferocidade? Penelope de Campos Almeida com certeza era esse tipo de mulher.

   Sedutora, e sabia-o bem. Juliano não se deixaria seduzir, claro, havia tido preparo para esse tipo de situação. No entanto, não poderia negar, aquela mulher era totalmente perigosa para sua sanidade.

°°°

   –De mês em mês vêm uns homi aí, fia. Eles são tudo, sabe?, bem vestido, todo empacotado e essas coisas. Tudo muito educado e até dá um dinheirinho pro povo. Tem gente que já ta esperando eles. E sempre tão perguntando se não tem ninguém novo por aqui. Eu penso que tão procurando ocê.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora