Capítulo 19: Estamos perto do fim?

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   –Você descobriu alguma coisa sobre o tal Kaio?

   Rafaela estava aflita. Qualquer informação poderia ser valiosíssima.

   –Sim, eu... – ele olhou para o corredor – São velas na cozinha? – ele olhou para Alex emburrado e encostado na parede, ele estava de terno e bem perfumado. – Eu atrapalhei alguma coisa?

   –Não.

   –Sim.

   –Sim ou não?

   –Não – afirmou Rafaela. – Alex preparou um ótimo jantar para nós.

   –Nós? Pensei em outro "nós".

   –Quando o gato sai, o rato faz a festa – Eduardo provocou. – Ou pelo menos tenta.

   –Quando gato sai, o rato torce para que o cachorro o devore.

   –Alex! Eduardo! Parem vocês dois. Que coisa!

°°°

   –O que ele tentou fazer na minha ausência?

   Eduardo se aproximou de Rafaela. Já era madrugada e os dois já estavam prontos para dormir. Ele sabia que ela não estava dormindo, sabia que o esperava.

   Eles mal haviam tido tempo de conversar por causa de Alessandro. Achava que, com ele roncando em outro cômodo, agora pudessem fazê-lo.

   –Nada de importante. Não se preocupe – sorriu amigavelmente.

   –Hum. Não confio nele, Rafa. Sei que você sim, mas... Algo não me desce...

   –Ora, Edu, vocês não se bicam há muito tempo. Isso é só implicância, de ambas as partes. Alessandro já me deu inúmeras razões para que eu confie nele. Fique tranquilo.

   –Assim espero. Não quero que você corra riscos.

   –Não correrei enquanto você estiver aqui.

   –Então eu sempre estarei.

   Ela baixou o olhar pensativa por um tempo.

   Ele estranhou.

   –Assim espero – disse ela por fim.

   Um minuto de silêncio se deu entre os dois. De repente, não sabiam o que dizer um para o outro. Eduardo sentiu um aperto no peito. Desejou abraçá-la. Tocá-la de alguma maneira.

   Tudo iria dar certo?, ele se perguntava.

   No final, Rafaela o escolheria?

   Há dois anos ele tinha certeza que sim, mas agora... Ela não era a mesma Rafaela. Agora, ela cozinhava, limpava, corria por uma trilha cheia de mata virgem em busca de um rio e não se incomodava com os mosquitos.

   Ele também havia mudado. Casara-se. Entregara seu amor e suas juras para outra mulher, pelo menos em teoria. Isso era importante para ele. Arrependera-se, claro, mesmo assim não achava que Penelope deveria pagar por sua estupidez. Prometera que tentaria se apaixonar por ela, em algum momento será que ele realmente o fez?

   Eduardo temeu a resposta: no final, mesmo ele querendo muito, será que ele escolheria Rafaela?

   Como viveriam sob os olhares julgadores das pessoas? O amor é tudo, mas ainda não o suficiente. Havia muito mais que contava e importava. Ele tinha se sacrificado uma vez por amor, talvez Rafaela fosse mais feliz se ele fizesse de novo. Libertasse-a para outro.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora