Capítulo 5: Pode me ajudar?

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    Alessandro estava há mais de meia hora batendo a caneta na grande mesa de carvalho da sua sala. Seu olhar estava vago, passara o dia todo assim. Decidiu, no mesmo dia mais cedo, que iria se enterrar no trabalho, criaria até mais serviço, se preciso fosse. Ele tiraria Lena, Rafaela – quem quer que fosse – da sua cabeça.

    No entanto, tudo que ele conseguiu foi reunir uma grande pilha de assuntos a serem resolvidos e... nada mais. Durante toda manhã ele só pôde pensar nela. Tudo naquela sala parecia lembrar dela, tinha sua marca, seu cheiro...

    Não conseguia se concentrar em nada por mais de cinco minutos até que Madalena invadia sua mente. De novo.

    Droga!

    Mesmo assim, ele não conseguiu sair dali.

    Sua pele era tão suave... Seus lábios sob os dele... O cheiro dela inundou-o mais uma vez, como naquela noite, e ela nem se quer estava na sala! Era frustrante! Inebriante... Ele odiava, e morria para sentir aquela sensação novamente.

°°°

   –Querida – chamou Eduardo, depois de um tempo –, eu preciso ir agora.

    –Mas Eduardo...

    –É urgente! Preciso enviar esse documento ainda hoje, nossos clientes não se importam se alguém de nossa estima morreu ou não.

    Penelope engoliu o orgulho e a decepção.

    –Ok.

°°°

   Assim que desceu do ônibus, Rafaela sentiu o vento frio daquela noite. Pelo menos coloquei uma blusa de manga longa, pensou ela. As ruas ainda estavam lotadas de pessoas voltando para casa. No centro, algumas lojas ainda estavam abertas à espera de algum comprador de última hora.

    De longe, Rafaela conseguiu ver as luzes da empresa. Todos os anos era a mesma decoração de natal – Marcela tinha escolhido, muitos anos antes. Grandes fios de luzes piscantes caíam das laterais do prédio e na janela do último andar, um grande painel eletrônico alternava entre "Feliz Natal" e "Boas Festas". Rafaela sorriu ao lembrar de como a irmã brigara com o tio para que ele colocasse aquelas luzes brancas e azuis se alternando. Pare de me chatear com essa história, Marcela!, brigara ele. Mas a irmã era insistente e dois dias depois a decoração já estava comprada.

    Eram bons dias aqueles...

    Assim que atravessou a avenida, ela viu um Amarok estacionado em frente ao prédio. Sua respiração falhou. O carro era grande e até os vidros eram dotados de um fumê forte, idêntico ao carro de seu sonho.

    Rafaela sabia que era exagero da sua cabeça. Paranoia. E o que poderia fazer? Sua cabeça entendia, mas suas pernas tremiam mesmo assim, seu coração pulsava forte.

    Kaio logo surgiu, saído do banco do motorista. Ele era um homem forte, 1,79 de altura. Através de camisa branca fina de algodão, podia-se ver a presença de uma tatuagem que se estendia até a base na nuca. Era de descendência asiática e seus cabelos eram negros e lisos, como tal. Deu a volta no carro sozinho e seguiu para a recepção.

    Rafaela analisou aquele homem gigante cheia de tensão pelo corpo. Continuou oculta pela sombra da noite e por uma árvore mal iluminada, a dez metros de distância do prédio. Com paranoia ou não, ela decidiu ir pela entrada da garagem. Ninguém precisava saber mesmo que estaria ali.

    Kaio tentava se decidir se a esperaria na recepção mesmo ou se a encontraria no escritório de Alessandro. Seria um belo encontro. Um sorriso travesso pulou de sua boca. Com certeza ele a esperaria no escritório.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora